Na minha opinião, o Governo está a
subestimar a natureza e o alcance da crise que estamos a viver.
(…)
Vai haver conflito de interesses nas
decisões que Mário Centeno tomou como ministro das Finanças e que agora vai
tutelar como regulador, enquanto governador do Banco de Portugal.
(…)
De qualquer modo, a subestimação do
efeito desta crise leva o Governo a pensar que lhe pode responder com medidas
ligeiras.
(…)
São melhores soluções a quatro anos, do
que a um ano, mas qualquer solução é melhor do que uma fantasia.
(…)
O primeiro-ministro não quis fazer um
acordo por quatro anos a seguir às eleições. Agora diz que quer. É preciso
medir essa vontade.
(…)
Mas não se pode esperar por 2022 ou 2023
para evitar a vaga de despedimentos do próximo outono.
(…)
Quem não cumpre acordos não negoceia
novos acordos.
(…)
O que mudou torna mais necessário que se
cumpram os compromissos anteriores, que são [a contratação de] 8400 médicos e
enfermeiros para o SNS.
(…)
É muito importante que haja capacidade
de pressão, porque sem isso não há aumento do salário mínimo nacional, não há
redução da precariedade, não há reforço da saúde, nem do investimento, nem há
políticas climáticas.
(…)
Eu acho que o ordenado mínimo deveria
aumentar mais do que o ano passado. Ou seja, mais do que €35. Se for menos será
uma facada na recuperação económica.
(…)
Reforçar o salário mínimo nacional é
criar uma âncora contra a pobreza e dar um sinal à economia.
(…)
Se o sinal é de que o congelamos então
vai haver uma contenção do consumo. Lamento muito.
(…)
O que a boa economia diz é que se as
exportações vão reduzir, devido à recessão internacional, é a procura interna
que vai salvar a economia portuguesa.
(…)
Ou seja, são os salários que vão salvar
a economia portuguesa.
(…)
[Durante esta pandemia] revelou-se um
enorme défice nos serviços de saúde que foram quem salvou Portugal.
(…)
Percebemos que a vida social portuguesa
está dominada por uma economia da precariedade. Estamos com cerca de 800 a 900
mil pessoas que não têm emprego em Portugal.
(…)
Defendo Marisa Matias [para candidata à
Presidência da República] porque é quem pode unir pessoas independentes, juntar
energias novas e representar uma mudança na política portuguesa.
(…)
[Na candidatura à PR] é importante que
haja uma afirmação de uma esquerda que tem voz própria e sabe o que quer.
(…)
Marisa Matias porque tem uma capacidade de representação, mobilização e de entusiasmar a população que deixa uma raiz.
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