terça-feira, 18 de agosto de 2020

PARA QUE NUNCA MAIS (033)

 

ZECA AFONSO NO FORTE DE CAXIAS

“Os documentos dos Arquivos da PIDE/DGS guardados na Torre do Tombo, em Lisboa, revelam que o poeta músico, sem ligações a “organizações ilegais de caráter político”, assume a sua posição ideológica de homem ”adverso das instituições vigentes”. No interrogatório de 15 de maio de 1973, e nos restantes, reconhece que colabora “na chamada oposição ao regime vigente”.

Duas semanas antes, a 30 de abril, por ordem do inspetor Mortágua, da Direção-Geral de Segurança (DGS), a sucessora da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), é detido em casa, em Setúbal, às 19:30h , para ser conduzido a Caxias, onde entre às 23:50h “por lhe ser imputada a prática de factos suscetíveis de integrar o crime contra a segurança do Estado”.

É a primeira vez que passa uma noite na temível cadeia, sobre a qual já falara na canção “Por trás daquela janela”, de 72, depois de a 4 de Outubro de 1971 ter estado lá, para, após averiguações relacionadas com a sua participação na angariação de fundos de auxílio às famílias dos presos políticos, que assume, sair horas depois.

Um relatório da PIDE/DGS explica o motivo da libertação. “Os autos não contêm matéria bastante para que possa pronunciar-se quanto à legalidade da detenção do arguido (…) e, muito menos, quanto à necessidade ou não da manutenção damesma”. O processo fica a aguardar “produção de melhor prova”.


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