As ameaças de que foram vítimas três deputadas e vários ativistas antirracistas são um crime.
(…)
Complacência foi o que houve, contudo, com a banalização do
discurso de ódio e com a tentativa de normalizar a extrema-direita em Portugal.
(…)
A indulgência política e mediática ajuda a criar o ambiente
de à-vontade e o sentimento de impunidade com que atuam os racistas, mesmo que
disfarçados, e o terrorismo da extrema-direita em geral.
(…)
É tudo parte do ambiente de ódio que os criminosos, sejam os
de gravata ou os de cabeça rapada, querem criar.
(…)
Para combater o ódio e os crimes racistas da
extrema-direita já temos boas leis escritas.
(…)
A solidariedade para com todas as vítimas das ameaças e dos
crimes da extrema-direita é um dever de todos.
José Soeiro, “Expresso” Diário
De forma simples mas muito informada, o livro
[de William K. Black ] que se tornou um
best seller explicava que a melhor forma de assaltar um banco é a
partir da sua administração.
(…)
Ainda que o BES seja grande exemplo nacional do saque aos bancos está
longe de ser caso único.
(…)
Depois de tamanho desastre, ninguém pode
alegar desconhecimento. Mas, acontece tantas vezes, a memória é efémera e a
história, já avisava Marx, se repete, primeiro como tragédia, depois como
farsa. É o caso do Novo
Banco.
(…)
A promessa nessa altura [2014] era de que o
Novo Banco seria vendido a privados no período de um ano e, se não houvesse
compradores, o banco seria liquidado - nada disso aconteceu.
(…)
As promessas de boa venda e as juras de amor
ao dinheiro público repetiram-se, em 2017, na entrega ao fundo abutre Lone Star.
(…)
A história [de não haver encargos para os
contribuintes] repetia-se, com PS, PSD e CDS a rejeitar a nacionalização do
banco proposta pelo Bloco de Esquerda.
(…)
Entregar um banco a privados com garantias
públicas e deixar que o administrem como queiram é um convite ao saque.
(…)
A indignação geral que alguns dos
protagonistas desta história agora apresentam faz parte da farsa em curso.
(…)
Por muito mau que seja o negócio, a Lone Star
nunca sai com prejuízo porque o Estado paga o estrago.
(…)
O escândalo mais recente, a venda da
seguradora GNB Vida com um desconto de 70% garantido pelo Estado, é
só mais um exemplo desta gestão questionável.
(…)
O Novo Banco está em liquidação total,
campanha promocional patrocinada com garantias públicas lesando-nos a todos.
Pedro Filipe Soares, “Público”
(sem link)
Enquanto o PSD de Rui Rio brinca aos
extremismos com Ventura, o líder da JSD, Alexandre Poço, admite que há um
problema de descriminação racial em Portugal mas, à semelhança de Rio, não
descarta alianças com o CH [Chega]
Os tempos do
pós-pandemia apresentam-se indecifráveis e pressente-se um clima de aumento de
perigos.
(…)
Não sabemos até quando uma ínfima minoria de
seres humanos será capaz, como acontece hoje, de se apropriar da riqueza e do
poder.
(…)
O combate articulado pelos Direitos Humanos e
por compromissos que procuram salvaguardar a relação metabólica
Homem/Sociedade/Natureza tornou-se uma premência e um dever muito desafiador
(…)
Esta pandemia "ataca todos sem
distinção", mas nem todos estão expostos aos mesmos perigos e muito menos
sofrem de forma igual as suas consequências.
(…)
Temos o dever de não permitir que o Estado
português substitua a obrigação do cumprimento dos direitos no trabalho, ou dos
direitos sociais, por lógicas de mercado.
(…)
É precisa a cidadania ativa para forçar um
processo de humanização e tornar a "coisa pública" o "habitat
social" de que não abdicamos, porque nos garante proteção.
Insistir na negação do racismo ou relativizar a sua
dimensão e consequências na vida de milhares dos nossos concidadãos é não
assumir a responsabilidade de defender a democracia.
(…)
Não há vida coletiva nem projeto de sociedade democrático
viável em que uma parte dos seus membros é sistematicamente violentada e
atirada para fora do tecido nacional.
(…)
A calma e contenção e/ou o silêncio perante a violência
racista é uma cumplicidade a que nenhum democrata se pode prestar.
(…)
Até quando continuarão a dizer que sou igual àqueles que me
violentam e me querem matar?
(…)
A única decência que espero dos que insistem em negar ou
relativizar o racismo é que tenham a inteligência e a coragem de matar o
racismo antes que ele nos mate.
(…)
Ou matamos o monstro ou ele matar-nos-á a todos.
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