(…)
Enquanto continuava o confinamento e a
pandemia devastava os Estados Unidos, que superam agora os seis milhões de
casos e as 180 mil mortes, as suas bolsas recuperaram, primeiro devagar, depois
em ritmo alucinante.
(…)
A Apple tornou-se a primeira empresa de todos
os tempos a valorizar mais de dois biliões de dólares na bolsa, um décimo do
PIB norte-americano.
(…)
A euforia bolsista é, em alguma medida,
um processo autossustentado, é uma avalancha.
(…)
Como há pouco investimento, está
disponível um mar de poupanças mundiais que procuram a especulação financeira.
(…)
Está consolidada a certeza de que os
Estados e os seus bancos centrais não deixam cair os bancos e agentes
financeiros e, mais, que injetam liquidez sem limites.
(…)
Segundo a “Forbes”, nos últimos 20 anos
quadruplicou o número de pessoas com mais de mil milhões de dólares (são agora
2095).
(…)
Os 1% de cima detêm 44% da riqueza
mundial e é para eles que vai pelo menos metade do benefício desta valorização
bolsista.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Para ser racista é melhor ser racista e
meio.
(…)
Abolir o imposto sobre o património?
Tratar-se-ia de um rombo nas finanças públicas, em particular arruinando as
autarquias, mas sobretudo de uma alteração de fundo na política fiscal.
(…)
Trump foi mais direto, reduziu a taxa
sobre os grandes rendimentos, mas também não se esqueceu de aliviar o seu
imposto patrimonial (ele próprio beneficiou disso).
(…)
A extrema-direita candidata-se a ser o
braço armado do liberalismo. E isto nunca se viu.
(…)
Chegou por isso a vez da convocação dos
rufias para martelarem a liberalização ou até para varrerem os impostos sobre
os milionários.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
A ceifa de vidas nos lares não é só uma
falha do Estado, é uma falha do país.
(…)
Vírus maldito que assim pôs a nu um
sistema vulnerável de alojamento nacional de velhos.
(…)
Com tanto dinheiro de Bruxelas que aí
vem, por que razão não surge uma verdadeira estratégia de reabilitação nacional
de lares de terceira idade?
(…)
[A situação dos lares] é um espelho,
espelho de um país em que muitos velhos são vistos como bigornas que pesam no
Estado e nas famílias.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Poucas coisas simbolizam tanto a doença
de uma sociedade como o bairro de lata.
(…)
O problema é social e tem um nome
simples: pobreza.
(…)
O bairro de lata não é uma doença que se
cure; é o sinal de um problema maior que dá a volta à governação toda de um
país.
(…)
O bairro de lata não é uma doença que se
cure; é o sinal de um problema maior que dá a volta à governação toda de um
país.
(…)
[O Portugal dos condomínios de luxo e
dos vistos gold] é o mesmo país que vira hipocritamente a cara aos seus bairros
de lata.
(…)
[Há que] atacar o problema no ponto onde
ele nasce: na desigualdade, na pobreza e na exclusão.
(…)
Um bairro de lata é uma violência todos
os dias que se pode tornar violento de um dia para o outro.
(…)
O bairro de lata é a expressão alarmante
dos erros mais graves que persistentemente minaram as prioridades políticas
sucessivas do país.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
É má ideia dar poderes de fiscalização
sobre o Estado a uma ordem profissional.
(…)
[As ordens] transformam-se em sindicatos
únicos de inscrição obrigatória, reguladores dos profissionais e fiscalizadores
de entidades públicas e privadas.
(…)
Assistimos à lenta substituição do
Estado democrático, sujeito ao escrutínio de todos, pelo Estado corporativo, em
que elites profissionais capturam as funções públicas para seu benefício.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
A crise pandémica deveria levar-nos a questionar profundamente a legitimidade de
sistemas legais, ou de sistemas paralelos em que protagonistas privados têm
mais poder do que os estados-nação, que favorecem as entidades mais poderosas.
Helena Lopes, “Público” (sem link)
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