sexta-feira, 1 de abril de 2022

CITAÇÕES

 
Sobre a guerra que está a destruir a Ucrânia, há dois discursos dominantes. Ambos pretendem ser explicativos e ambos são, na verdade, justificativos da guerra e das lógicas que a animam.

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O primeiro é o discurso liberal.

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Tudo o que fica para trás da invasão no tempo não é relevante e tudo se resume, portanto, a uma agressão gratuita a um povo, vitimando-o por ter escolhido a Europa e a sua cultura de direitos.

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O discurso liberal é o discurso dos vencedores da Guerra Fria.

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Nega-se a explicitar qualquer elemento de relação de poder, interno e internacional, nas mudanças políticas que ocorram no centro e leste da Europa desde os anos 90.

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O segundo discurso é o discurso realista.

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Este discurso vê na invasão russa uma reação contra a expansão da NATO a Leste, valorizando o que nessa expansão tenha havido de constrangimento crescente da Rússia e de humilhação dessa grande potência.

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Para o discurso realista, há uma espécie de destino de países como a Ucrânia, a Geórgia ou a Moldávia e esse é o de não saírem nunca da dependência económica, política e militar da Rússia.

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Apresentando-se como explicativos, ambos os discursos são, na verdade, discursos de justificação da guerra.

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O debate entre estes dois discursos é marcado por dois sonoros silêncios.

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O primeiro é o silêncio sobre a guerra como sublimação da deterioração das condições de vida e da projeção de horizontes coletivos, tanto na Rússia como na Ucrânia.

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Em ambos os países, o outro lado destas espirais de empobrecimento resultantes das políticas de austeridade e liberalização foi a formação de burguesias nacionais assentes na predação dos anteriores bens públicos e em intensíssimos processos de acumulação de riqueza com traços mafiosos.

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Prevenir a guerra teria passado por atuar neste terreno das condições e horizontes de vida de russos e ucranianos. 

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O segundo silêncio dos discursos dominantes sobre a guerra é o que diz respeito à abertura de um processo de construção da paz.

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Valerá a pena parafrasear Marx: os comentadores têm apenas interpretado a guerra de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-la.

José Manuel Pureza, “Público” (sem link)

 

Desta chuva de dinheiro [€14 biliões], só 6% são atribuíveis a programas para reduzir emissões. A emergência do clima não faz parte das prioridades [da UE].

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Malgrado o ativismo dos jovens pela justiça climática, não é sentida pelos Governos como um risco eleitoral.

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A União desconsidera o desastre climático, que não dá votos, pelo que lhe basta um biombo de declarações piedosas. 

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No entanto, tem sido mesmo a guerra que tem sublinhado a importância de uma transição energética, um dos pilares da solução climática.

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No caso de Portugal, havendo maioria absoluta, o Governo limitar-se-á a medidas paliativas.

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A questão é que a energia importada vai ser mais cara e a dependência europeia da Rússia é irreparável nesta década.

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Anunciou Biden que o seu país, que aumentará a produção de petróleo e relançará a de carvão, vai fornecer à Europa gás liquefeito.

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A Rússia, que fornece 10% a 25% do gás, petróleo e carvão do mundo, continuará a ser a maior exportadora para a Europa.

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A Saudi Aramco (…), tem o projeto de produzir mais 8% até 2027.

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E a Arábia Saudita coordena com a Rússia a OPEP, que planeia passar de 45% para 57% da produção mundial até 2040.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A França quer construir seis novas centrais nucleares para se tornar autossuficiente. 

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Pelo seu lado, a UE definiu o objetivo de duplicar as renováveis até 2030, o que não resolve o seu problema energético e implica abdicar da meta climática.

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O carvão multiplica as emissões, o nuclear produz resíduos eternos, a União não sabe o que fazer.

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O objetivo de reduzir as emissões até 50% numa década não será alcançado.

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A segunda alternativa é sugerida pela AIE: reduzir o consumo.

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A AIE acrescenta outras sugestões, como baixar a velocidade permitida nas estradas, para gerar poupanças de combustível. 

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Agora, nenhum Governo se atreverá a isso [medidas deste tipo], a não ser que a opinião pública o imponha.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O fim [deste ciclo legislativo] tem, agora, dois limites: o término da legislatura em 2026 e uma eventual saída antecipada de António Costa do Governo.

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O regresso do PSD à política poderá ser a grande novidade da política nacional após anos de semiausência. 

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 Mesmo num contexto de maioria absoluta, o PSD não se pode dar ao luxo de desligar ainda mais do país, adiando-se em adiamentos.

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Os sinais de que Costa está mesmo a equacionar a sua saída antecipada do Governo são verdadeiros. 

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Marcelo nunca se deixará arrastar para o campo da irrelevância, como aliás decorre do exercício das suas funções e da sageza habitual das suas palavras.

Miguel Guedes, JN

 

A Rússia será um país que, por mais que venha a quebrar a resistência ucraniana, emergirá do conflito cheio de problemas.

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Putin terá conseguido o oposto do pretendido, em vez de uma afirmação do país como potência, a sua invasão da Ucrânia ficará como confirmação da sua fraqueza.

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Em vez da evolução dos direitos humanos, das liberdades individuais, o Kremlin preferiu voltar para trás em busca de um passado imperial glorioso.

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É previsível que este conflito [coma Ucrânia] venha a acentuar entre os russos mais jovens a vontade de partir.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Se fosse de acender velinhas, a extrema-direita ucraniana deveria estar agora a arder umas quantas num gigantesco altar a Putin, santo padroeiro da incivilidade.

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 Como pode um país que não poupa sequer o edifício da Cruz Vermelha em Mariupol, claramente assinalado e visível em fotografias de satélite, emergir vitorioso desta tragédia?

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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