Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo deu, há dias, a entender que é injusto os ricos pagarem tão poucos impostos. De facto, nos EUA – o seu país – essa situação é escandalosa. Os que ganham menos são os que pagam mais impostos e não se vê que essa situação se possa alterar a curto ou médio prazo. Na pátria da democracia e da defesa dos direitos humanos o poder trata os ricos com “mimos” e os pobres a pontapé. As declarações de Warren Buffett são, nesta altura, politicamente correctas mas talvez não passem de uma enorme hipocrisia. Se houvesse um mínimo de hipóteses de os ricos virem a pagar impostos justos, de certeza que este sujeito estaria a protestar por isso ou, no mínimo, calado. A única alternativa que se coloca aos pobres é lutarem com os meios que têm ao seu dispor se quiserem que haja alguma justiça social.
E, em Portugal haveria alguma hipótese de um dos nossos multimilionários admitir que os ricos deviam pagar mais impostos? Nem com “rebates de consciência” tardios nem com a mais podre hipocrisia tal seria possível.
O texto seguinte é o excerto de um artigo de opinião publicado no “Diário As beiras” (18/08), intitulado “Miminhos”, onde o autor, partindo das afirmações de Buffet, aborda a situação portuguesa com muito a propósito.
“Um dos homens mais ricos do mundo, Warren Buffett, escreveu no “New York Times” que era altura de aumentar os impostos aos “mega-ricos” como ele. Buffett esclarece que em 2010 pagou 7 milhões de dólares de impostos, pouco mais de 17 por cento dos seus rendimentos, enquanto, diz, isso é uma percentagem menor do que o que paga qualquer dos colaboradores que trabalham no seu escritório, entre 33 e 41 por cento. Coisas de norte-americanos! E rebate de consciência de um confesso “mega-rico”.
Mas Buffett bem podia viver em Portugal. O que afirma para o seu país é no essencial, mais ou menos uns trocos, o que se passa em Portugal. Não me parece que Amorim ou Belmiro concordem, nem tão pouco acredito que os principais banqueiros pensem semelhante coisa. Sei é que a Banca paga impostos mais baixos do que a mercearia ou a tabacaria da minha rua, do que qualquer pequeno comerciante da baixa. Sei é que todos vamos pagar, de igual modo, mais cara a electricidade e o gás, e que nem todos recebemos de igual modo. Sei é que se alguém aufere salários de cento e cinquenta e tal mil euros por ano paga, e justamente, 46,5 por cento de IRS, mas paga o mesmo que alguém que receba um milhão. E também sei que se esse rendimento provir de investimentos só paga 21,5 por cento e que se não paga nada de milhões provenientes de mais-valias bolsistas através de SGPS e investimentos em offshores. E sei também que o imposto extraordinário que roubará grande parte do subsídio de Natal aos portugueses excluirá os rendimentos de capital. Sei, sabemos, e não está certo!
Em tempo de crise, dêmos graças! Afinal “eles” sabem que ainda assim é possível ir dando alguns miminhos…”
Luís Moleiro
E, em Portugal haveria alguma hipótese de um dos nossos multimilionários admitir que os ricos deviam pagar mais impostos? Nem com “rebates de consciência” tardios nem com a mais podre hipocrisia tal seria possível.
O texto seguinte é o excerto de um artigo de opinião publicado no “Diário As beiras” (18/08), intitulado “Miminhos”, onde o autor, partindo das afirmações de Buffet, aborda a situação portuguesa com muito a propósito.
“Um dos homens mais ricos do mundo, Warren Buffett, escreveu no “New York Times” que era altura de aumentar os impostos aos “mega-ricos” como ele. Buffett esclarece que em 2010 pagou 7 milhões de dólares de impostos, pouco mais de 17 por cento dos seus rendimentos, enquanto, diz, isso é uma percentagem menor do que o que paga qualquer dos colaboradores que trabalham no seu escritório, entre 33 e 41 por cento. Coisas de norte-americanos! E rebate de consciência de um confesso “mega-rico”.
Mas Buffett bem podia viver em Portugal. O que afirma para o seu país é no essencial, mais ou menos uns trocos, o que se passa em Portugal. Não me parece que Amorim ou Belmiro concordem, nem tão pouco acredito que os principais banqueiros pensem semelhante coisa. Sei é que a Banca paga impostos mais baixos do que a mercearia ou a tabacaria da minha rua, do que qualquer pequeno comerciante da baixa. Sei é que todos vamos pagar, de igual modo, mais cara a electricidade e o gás, e que nem todos recebemos de igual modo. Sei é que se alguém aufere salários de cento e cinquenta e tal mil euros por ano paga, e justamente, 46,5 por cento de IRS, mas paga o mesmo que alguém que receba um milhão. E também sei que se esse rendimento provir de investimentos só paga 21,5 por cento e que se não paga nada de milhões provenientes de mais-valias bolsistas através de SGPS e investimentos em offshores. E sei também que o imposto extraordinário que roubará grande parte do subsídio de Natal aos portugueses excluirá os rendimentos de capital. Sei, sabemos, e não está certo!
Em tempo de crise, dêmos graças! Afinal “eles” sabem que ainda assim é possível ir dando alguns miminhos…”
Luís Moleiro
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