sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A ÁGUA É DE TODOS

Qualquer pessoa sabe que todo o negócio em que uma das componentes é a água vale a pena pelo lucro que proporciona. Desde os refrigerantes até à água engarrafada com sabores existe uma infindável panóplia de líquidos para consumo pessoal cuja principal componente é a água. Até aqui, quase nada a opor para além da falta de qualidade de muitos e das grandes quantidades de açúcar que nos convidam a ingerir.
Em geral, para suprir as nossas necessidades diárias, não precisamos comprar água engarrafada ou refrigerantes.
Perto de cem por cento da população portuguesa tem água canalizada em casa, proveniente da rede pública. Até agora, a captação e distribuição de água tem estado sob a tutela dos órgãos municipais e não se nota que as coisas funcionem mal. Então porque se pretende privatizá-las? A resposta é simples: constitui um excelente negócio e a papinha já está toda cozinhada.
Pela experiência de muitos países, sabe-se que a privatização da água é altamente nefasta para as populações pela perda de qualidade e pelo aumento dos preços que acarreta. Como muito bem afirma o Prof. Boaventura Sousa Santos no artigo de opinião que esta semana assina na “Visão”, “a privatização da água é a mais escandalosa de todas porque ela põe em causa o próprio direito à vida.” E acrescenta, logo a seguir:
“A água é um bem comum da humanidade e o direito à água potável, um direito fundamental. Um direito de que está privada cerca de um quarto da população mundial (1,5 biliões de pessoas). Todos os dias morrem 30.000 pessoas por doenças provocadas pela falta de água potável. As alterações climáticas fazem prever que este problema se agravará nas próximas décadas. Considerando que quase metade da população mundial vive com menos de 2 dólares por dia, e, por isso, sem condições para aceder ao mercado da água, tudo recomendaria que as medidas para garantir o acesso à agua fossem orientadas pela ideia do direito fundamental e não pela ideia da necessidade básica.”
Em muitos países onde a água foi privatizada, está a assistir-se a uma remunicipalização da sua gestão, por pressão das populações que se sentem altamente prejudicadas. Em Portugal devemos prevenir para não termos de remediar depois. O precioso líquido que compõe cerca de 70% do nosso corpo não pode ser objecto de negócio. A ÁGUA TEM DE CONTINUAR A PERTENCER A TODOS!

Luís Moleiro

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