Neste
curto texto que apresentamos a seguir, transcrito do Diário se beiras do dia 3
deste mês de Dezembro, o investigador e aderente do Bloco de Esquerda, Rui
Curado da Silva, explica em palavras simples as consequências ambientais e
sociais que tem a importação de produtos que existem em Portugal e com igual
qualidade, no mínimo. Vale mesmo a pena ler este artigo de opinião para se
perceber os interesses que estão por trás de determinadas decisões políticas. Também
vem muito a propósito na altura em que decorre a Cimeira do Clima em Paris.
Nas
grandes superfícies que frequentamos raros são os produtos produzidos na região
ou no concelho. O contraste é enorme quando comparamos com os mercados
municipais onde ainda se encontra uma generosa oferta de produtos de origem
local. Por exemplo, os hipermercados oferecem-nos pescada congelada do Chile a
baixos preços, mas com altos custos de emissão de gases de efeito de estufa –
pesando mais para as alterações climáticas – no processo de transporte do outro
lado do planeta de um produto que encontramos na nossa costa.
Mas
os custos não são apenas ambientais, são também sociais. Na cadeia do mercado
municipal pagamos o salário do vendedor, do distribuidor e do produtor em
proporções aceitáveis e sustentáveis. Se um determinado produto é mais caro do
que no hipermercado, parte do preço do produto paga salários de toda uma cadeia
que é local. Estamos a encher bolsos locais, que irão devolver esse dinheiro na
economia local em compras e serviços da cidade, contribuindo para manter
sustentável o emprego e o poder de compra da comunidade.
No hipermercado, um produto
surge a baixo custo depois de esmagar o preço pago ao produtor e o salário do
trabalhador da grande superfície. Quem fica com grande parte do lucro é o grupo
económico a que pertence a empresa, que poderá escapar aos impostos através de
compras e vendas semifictícias a uma filial da Holanda.
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