Pelo
que vai acontecendo por todo o mundo, chega-se facilmente à conclusão de que
uma das consequências (não a menor) do domínio absoluto do neoliberalismo mais
radical sobre a economia e sobre a vida das pessoas, é “o esmagamento da classe
média e o aumento das desigualdades” a nível de todo o planeta. Infelizmente trata-se
de mais uma confirmação de que a riqueza se está a concentrar cada vez mais
numa pequena minoria em detrimento do grosso da população que vê os seus
rendimentos cada vez mais reduzidos.
O
pequeno texto seguinte assinado por Nicolau Santos (NS) no Expresso Economia de
ontem, diz respeito ao que acontece nos Estados Unidos da América mas facilmente
poderia se extrapolado para Portugal, eventualmente com diferenças mínimas. Trata-se
de uma notícia indesejável, sobretudo, para a democracia.
Um estudo divulgado pelo “Financial
Times” mostra que, pela primeira vez desde há 45 anos, a classe média
norte-americana (entre 46 mil e 126 mil dólares) é agora menor do que a soma
dos que têm os mais baixos salários e os mais altos rendimentos. Em 1971 a
classe média representava 61% do rendimento, em 2015 só 50%. A classe de
rendimentos mais baixos (menos de 31 mil dólares) passou de 16% para 20%. A de
rendimentos baixos (entre 31 mil e 42 mil dólares) manteve o mesmo peso: 9%. Em
contrapartida, a classe de rendimentos mais altos (entre 126 mil e 188 mil dólares)
aumentou ligeiramente (de 10% para 12%). Quem cresceu mais foram os mais ricos
(mais de 188 mil dólares), que mais do que duplicaram: de 4% para 9%. Explicação:
as forças da mudança tecnológica e da globalização estão a conduzir ao
esmagamento da classe média e ao aumento das desigualdades. É a tendência que
está a acontecer por todo o mundo. Para a economia não é uma boa notícia. Mas para
a democracia também não.
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