sexta-feira, 19 de agosto de 2016

BAIXA DO DESEMPREGO E NÃO SÓ…


O antigo presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (*) analisa em artigo de opinião no Público de hoje “os dados do Inquérito ao Emprego do INE, relativos ao segundo trimestre deste ano”, onde ressalta a baixa significativa do desemprego relativamente ao anterior trimestre assim como “mais contratados a tempo completo, menos a trabalhar a tempo parcial e menos subemprego a tempo parcial”.
Saíram os dados do Inquérito ao Emprego do INE, relativos ao segundo trimestre deste ano. A taxa de desemprego baixou, face ao trimestre anterior, de 12,4 para 10,8%, há mais 89,2 mil pessoas empregadas, menos 80,1 desempregados e a população ativa aumentou.
A simetria emprego-desemprego é bastante próxima, uma novidade dos últimos anos, o que indicia que a emigração e os desencorajados não explicam a redução do desemprego, ao contrário do que vinha a acontecer anteriormente, quando o desemprego baixava muito mais do que a criação de emprego.
Não será a sazonalidade apenas a explicação para esta redução no segundo trimestre? Para isso importa comparar iguais períodos do ano, ou seja comparar com o trimestre homólogo do ano passado.
Entre os mesmos trimestres de 2016 e 2015 há hoje menos 61 mil pessoas desempregadas e mais 21 mil empregadas. Visto há um ano, concluem-se duas coisas: a emigração ainda explica a redução do desemprego e não simetria referida atrás; comparado com há um ano, o mercado de trabalho, sem sazonalidade, está 0,5% melhor. Se a isto juntarmos os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), com menos 57.326 ocupados em medidas de emprego, uma redução de 36,8% devido à situação orçamental em que foi deixado o IEFP, o emprego nacional teria crescido quase o quadruplo.
A tradução desta realidade manifesta-se na redução do emprego no conjunto dos setores das administrações públicas, da saúde e das atividades sociais.
Os setores que têm vindo a puxar pelo crescimento do emprego têm sido o turismo, sobretudo, não ignorando a indústria e a construção, embora estas lentas na recuperação. Novidade, a agricultura está a contribuir pouco para a sazonalidade e a perder sucessivamente emprego (em termos homólogos menos 35,6 mil empregos).
Outras manifestações do mercado de trabalho são animadoras, como mais contratados a tempo completo, menos a trabalhar a tempo parcial e menos subemprego a tempo parcial.
Neste modelo de recuperação do trabalho há, contudo, manifestações preocupantes, pois o turismo faz crescer o emprego em atividades, da restauração ao alojamento, que remuneram com salários muito baixos e criam muito emprego desqualificado.
(*) Francisco Madelino

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