O
antigo presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (*) analisa
em artigo de opinião no Público de hoje “os dados do Inquérito ao Emprego do
INE, relativos ao segundo trimestre deste ano”, onde ressalta a baixa
significativa do desemprego relativamente ao anterior trimestre assim como “mais
contratados a tempo completo, menos a trabalhar a tempo parcial e menos
subemprego a tempo parcial”.
Saíram
os dados do Inquérito ao Emprego do INE, relativos ao segundo trimestre deste
ano. A taxa de desemprego baixou, face ao trimestre anterior, de 12,4 para
10,8%, há mais 89,2 mil pessoas empregadas, menos 80,1 desempregados e a
população ativa aumentou.
A
simetria emprego-desemprego é bastante próxima, uma novidade dos últimos anos,
o que indicia que a emigração e os desencorajados não explicam a redução do
desemprego, ao contrário do que vinha a acontecer anteriormente, quando o
desemprego baixava muito mais do que a criação de emprego.
Não
será a sazonalidade apenas a explicação para esta redução no segundo trimestre?
Para isso importa comparar iguais períodos do ano, ou seja comparar com o
trimestre homólogo do ano passado.
Entre
os mesmos trimestres de 2016 e 2015 há hoje menos 61 mil pessoas desempregadas
e mais 21 mil empregadas. Visto há um ano, concluem-se duas coisas: a emigração
ainda explica a redução do desemprego e não simetria referida atrás; comparado
com há um ano, o mercado de trabalho, sem sazonalidade, está 0,5% melhor. Se a
isto juntarmos os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP),
com menos 57.326 ocupados em medidas de emprego, uma redução de 36,8% devido à
situação orçamental em que foi deixado o IEFP, o emprego nacional teria
crescido quase o quadruplo.
A
tradução desta realidade manifesta-se na redução do emprego no conjunto dos
setores das administrações públicas, da saúde e das atividades sociais.
Os
setores que têm vindo a puxar pelo crescimento do emprego têm sido o turismo,
sobretudo, não ignorando a indústria e a construção, embora estas lentas na
recuperação. Novidade, a agricultura está a contribuir pouco para a
sazonalidade e a perder sucessivamente emprego (em termos homólogos menos 35,6
mil empregos).
Outras
manifestações do mercado de trabalho são animadoras, como mais contratados a
tempo completo, menos a trabalhar a tempo parcial e menos subemprego a tempo
parcial.
Neste
modelo de recuperação do trabalho há, contudo, manifestações preocupantes, pois
o turismo faz crescer o emprego em atividades, da restauração ao alojamento,
que remuneram com salários muito baixos e criam muito emprego desqualificado.
(*) Francisco Madelino
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