Catarina
Martins concedeu ao Público uma longa entrevista que veio á estampa na edição
de hoje daquele jornal diário. Lamenta-se que a citação apresentada como título
da entrevista não representa, de modo algum o conteúdo da mesma, como poderá
ser comprovado pela sua leitura integral. Essa é uma das razões pelas quais
deixamos aqui o essencial das ideias expostas pela Coordenadora do Bloco de
Esquerda. Por outro lado entendemos que os dados da vida pessoal de Catarina
Martins têm um interesse secundário para os visitantes deste blog.
É certo que a maneira como olho para o mundo
faz com que ache que as ideias de justiça, solidariedade, fraternidade, casam
com ser de esquerda, com não nos conformarmos com a desigualdade, com a
injustiça.
A direita parte de uma certa conformação, como
se fosse um estado natural a desigualdade.
A política do ódio é o factor que une estes
vários acontecimentos, é o mais preocupante neste momento na política
internacional.
Não temos de fazer as coisas que nos são
confortáveis, mas as que têm sentido.
Todos os dias são uma luta para ver o que é que
é possível conseguir com a relação de forças que temos. Agora, sendo isso
altamente complicado, há dias em que é mesmo ingrato, estou segura de que é
muito melhor do que estar confortavelmente na oposição sem ser capaz de
alterar.
Naturalmente, enquanto os objectivos que
estiverem a ser traçados forem cumpridos, cá estamos. Com as dificuldades de
todos os dias.
Todos os dias sou confrontada com os limites da
geringonça. Isso custa.
Todos os dias tenho medo de não conseguir [ir
mais além]. Todos os dias tenho de lutar para que seja possível. Não é mau.
[No BE] estamos muito preocupados com a pressão
europeia [relativamente ao Orçamento de 2017 e a cortes nos fundos europeus].
O que querem dizer é que só pode haver uma
política única na União Europeia, a da austeridade.
É preciso ser intransigentemente contra o corte
em fundos estruturais.
O Governo tem de preparar o orçamento e o BE
está disponível para negociar, para que não seja um orçamento que recua, porque
há chantagem, mas queira recuperação da economia em Portugal, de rendimentos,
que promova esse caminho diverso da austeridade.
Toda a chantagem está a ser feita para
condicionar o orçamento. A política da União Europeia mantém-se, quer manter
processos de privatizações, baixar custos de trabalho.
O país tem enormes problemas e foram feitas
escolhas desastrosas, que levaram à desindustrialização em determinados
sectores, abandono de capacidade produtiva.
O maior risco é perdermos todo o controlo sobre
o sistema financeiro, porque aí a democracia passa a ser uma fantochada,
deixamos de ter capacidade de decidir sobre o que quer que seja.
Não há ninguém que não assuma que é preciso
reestruturar a dívida.
O sistema financeiro está a ficar com os
recursos do país. Isso é intolerável.
Enquanto for possível negociar orçamentos de
Estado, enquanto o PS mantiver a sua parte de continuarmos a recuperação de
rendimentos do trabalho em Portugal, o BE também está aqui para dar esse apoio
parlamentar que foi acordado.
Idealmente, o Tratado Orçamental devia ir para
o caixote do lixo das más ideias, em vez de se tentar transformar em tratado
europeu.
Hoje temos de saber que não podemos confiar nas
regras europeias.
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