sábado, 1 de abril de 2023

MAIS CITAÇÕES (226)

 
Quando se concorda com a revolta do povo, ela é democrática. Quando se discorda, o povo polarizou-se.

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Quase 70% dos franceses estão contra a reforma da Segurança Social imposta por Macron ao Parlamento, no meio de uma crise.

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Os franceses podem reformar-se aos 62 anos, mas só têm a reforma completa, sem penalizações de 5% por ano em falta, aos 67.

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A tese é que se tem de trabalhar mais porque se vive mais.

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De facto, em 2005, dois trabalhadores financiavam a pensão de um reformado. Hoje, são 1,7.

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É possível graças ao crescimento da produtividade. E seria ainda melhor se o crescimento dos salários lhe fosse proporcional.

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Os dois problemas europeus são, além do demográfico, a desaceleração da produtividade e a perda relativa do peso do salário na economia.

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Os sucessivos aumentos da idade da reforma são, eles sim, insustentáveis.

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O aumento não será eterno e a idade de vida saudável não acompanha o aumento da esperança de vida.

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Certo é que o sistema está condenado se os salários continuarem a perder peso no conjunto da economia.

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[Aí pode dar-se o caso de termos] de trabalhar até morrer.

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Entre 2010 e 2015, o peso dos salários no PIB caiu de 47% para 44%. Entre 2015 e 2019, recuperou-se um ponto.

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Com a pandemia as atividades pararam, o PIB caiu a pique e muitos continuaram a receber salário, também graças ao Estado.

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Com a inflação, os salários não estão a acompanhar os preços e regressamos ao ciclo de desvalorização suspenso durante a ‘geringonça’.

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Uma redução persistente que se baseia na aposta em setores intensivos em trabalho mal remunerado, como o turismo.

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Salários baixos levam à emigração dos mais qualificados, desperdiçando-se o investimento em formação e agravando-se a crise demográfica, com perda de recursos que paguem as nossas reformas. 

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O modelo de desenvolvimento que despreza os salários ou insiste no constante aumento da idade da reforma, (…), não resultam de inevitabilidades contabilísticas, mas de escolhas políticas. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

As mais poderosas forças do mundo, boas, semiboas, más e muito más, vão todas no mesmo sentido e sem controlo. O controlo é do domínio da pura ficção.

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Há pouca coisa realmente mais apocalíptica nos dias de hoje do que isto. O que é “isto”?

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O “pide” moderno é jovem, como os últimos recrutamentos da PIDE em vésperas do 25 de Abril, e nem sequer precisa de ser um nerd nem um hacker, mas apenas de saber usar os seus instrumentos, que tem diante dos olhos.

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A maior parte do que recolhe é legal, qualquer um o pode fazer, mas alguma parte está na fronteira do abuso e outra é mesmo ilegal.

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A questão é simples: se houver uma deriva autoritária (e em muitos aspectos estas tecnologias “empurram” para essas derivas), o “pide” moderno não precisa de qualquer lei especial, só acesso.

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Como nos defendemos? Deixando de lado, ir para uma zona sem rede, não usar multibanco nem telefone, não ter conta bancária, etc., etc., e mesmo assim tudo imperfeito, não há defesa possível.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Gerações de jovens vêm sendo arrastados para a condição de trabalhadores precários e de seres humanos despidos de muitos direitos.

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O aumento da esperança de vida é apresentado como um fardo que bloqueia os horizontes aos jovens.

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Prega-se a pretensa supremacia do individualismo sobre o valor do coletivo e do bem comum.

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É-lhes impingida [aos jovens] a ideia de que trabalhar com direitos e deveres devidamente estabelecidos é uma velharia, pois bastar-lhes-á serem "bons colaboradores".

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O caminhar da vida prova, dolorosamente, que as fases iniciais de grandes sacrifícios, apresentadas como mera passagem para futuros risonhos, se eternizam. 

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Quando, umas décadas atrás, se iniciou o arrastamento para o atual processo de precarização, ainda não eram necessários aqueles floreados linguísticos. 

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O processo foi-se alargando e, num ápice, profissões qualificadas e muito qualificadas, que no início se imaginavam a salvo deste mecanismo de exploração, foram sendo proletarizadas e colocadas em condições de serem precarizadas.

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Muitos têm de trabalhar em vários "empregos" no mesmo dia para formarem um rendimento minimamente digno.

Carvalho da Silva, JN

 

A História não é uma ciência exacta, nem pode ter uma versão demarcada nas tábuas do tempo.

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[Olhar para trás é antes] uma visão caleidoscópica que está sempre a alimentar-se de novos pensamentos e de novas leituras.

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Durante muitos séculos, a história era contada pelos vencedores que anuíam a incluir os vencidos apenas como objectos da sua façanha.

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Ainda hoje, por exemplo, as histórias de África são maioritariamente visões brancas do colonialismo.

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Para lutar contra visões taxativas do presente e do passado é preciso que todos tenhamos acesso às diferentes perspectivas, às maioritárias, às minoritárias, às ortodoxas e às heterodoxas.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A ideia do IVA zero é tão má que nem sei por onde começar.

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O primeiro problema é que o IVA zero não se reflete necessariamente nos preços.

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Embora o IVA seja formalmente um imposto pago pelos consumidores, as empresas têm formas de capturar parte da descida.

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O impacto das descidas de IVA nos preços finais é de apenas metade de uma subida equivalente.

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Colocar a Autoridade da Concorrência verificar um acordo de concertação de preços entre as empresas de distribuição só pode ser uma piada, pelo que espero que não se venha a verificar.

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Mas à medida que os meses passarem e que a estrutura de custos de cada produto se for alterando, o que vai acontecer?

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E se os preços ficarem congelados? Nesse caso, ainda é pior, porque uma eventual descida de custos não se vai refletir no bolso das pessoas.

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Acresce o provável aumento nos preços não cobertos pela medida.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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