sábado, 18 de fevereiro de 2012

DESEMPREGO E CRIMINALIDADE

A subida galopante do número de pessoas sem trabalho em Portugal – mais de 1 milhão – tem, entre outras consequências o aumento da insegurança, da violência e da criminalidade em geral.
Todos os dias os jornais trazem descrições mais ou menos pormenorizadas de roubos e assaltos de toda a espécie mas, ultimamente, aparecem muitos exemplos de situações dessas que se destinam à satisfação de necessidades básicas, a primeira das quais é matar a fome. A aflição de não ter que comer nem para dar aos filhos só pode conduzir à criação de condições em que o desespero fale mais alto. Daí à criminalidade violenta, à adesão a gangs organizados e ao tráfico de droga vai um passo. É uma situação que não se resolve enviando para a rua polícia e mais polícia, mas com a criação de postos de trabalho que afastem as pessoas de actividades ilícitas.
O exemplo que hoje podemos encontrar no “Público” online, é ilucidativo. A Cuidad Juarez, no México é considerada a mais violenta do país – detém um record de 3 mil mortos em 2010 – sobretudo devido às guerras entre grupos rivais do tráfico de droga. Numa tentativa de inverter este estado de coisas, foi levado a cabo, há dois anos, um programa de investimentos de vários milhões de dólares destinado à criação de postos de trabalho na região. Os resultados não se fizeram esperar e já levaram a uma quebra de 45% na taxa de homicídios entre 2010 e 2011 com tendência para baixar ainda mais. Sem que se verificasse uma alteração de outros dados, a única explicação possível para s resultados obtidos tem a ver com a criação de postos de trabalho.
As medidas de austeridade impostas a Portugal, e aplicadas ainda com mais rigor do que o exigido pela troika, vêm destruindo sistematicamente postos de trabalho o que leva à degradação do tecido social com consequências imprevisíveis. Se não se colocar um travão no desvario que está a ter lugar, só podemos esperar o pior.

Luís Moleiro

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