sábado, 25 de fevereiro de 2012

PROTECTORADO GREGO

Pacheco Pereira não pode ser de forma alguma conotado como “esquerdista”. O texto seguinte é da sua autoria e foi transcrito da “Sábado” (23/2). Ele não afirma nada que muita gente não tenha já dito. Só que, se este texto fosse assinado por alguém do BE, haveria logo quem o apelidasse de extremista. De qualquer maneira todos sabemos que a realidade é a que está aqui expressa. A Grécia vai ser transformada num protectorado enquanto isso for conveniente para as potências mais fortes da UE. Depois será atirada pela borda fora.

Dançar com os gregos
“Dancem, dancem… que isto um dia acorda muito torto. Muito torto mesmo.
Os gregos vão ter mais um plano irrealista de “ajustamento”. Se fosse apenas um plano de “ajustamento”, vá que não vá. Mas é um plano irrealista, por isso é uma receita para o desastre, ou melhor, para a continuação do desastre. Obriga os gregos a destruir parte da sua economia, que, mal ou bem, ainda funciona, para baixar a dívida de 160% para 120,5% até 2020, é uma impossibilidade que pode atrair os partidários do “economês”, mas põe os cabelos no ar do cidadão “senso-comunês”. Diga-se de passagem que nós não podemos falar muito porque vamos assinar um “pacto orçamental” com idênticas medidas irrealistas.
Vão ter uma variante do gauleiter, ou seja, no eufemismo tecnocrático, vão ter uma “presença permanente” para os vigiar. São eles que vão governar a Grécia em nome dos credores, o povo grego passa a sujeito e súbdito. Há quem diga “é bem feito” porque andaram a viver à custa do que não tinham. Diga-se, mais uma vez, de passagem que o mesmo se diz de nós, lá fora e cá dentro. Mas quem diz que é “bem feito” deveria ser declarado inimputável, porque não sabe o que diz e em que caldeirão de feitiços está a meter a colher.
Vão ter de mudar a Constituição à força, o que é o supremo vexame para quem acha que as Constituições são mais do que um textozinho precário e que mexer nelas é intrinsecamente um elemento de soberania nacional. Nós também não podemos falar muito porque aceitamos o mesmo diktat. O objectivo é incluir na Constituição uma “regra de prioridade absoluta ao pagamento da dívida”, um absurdo constitucional, uma maneira de afixar na porta da Grécia que esta já teve a visita do cobrador de fraque e este a obrigou por escárnio a anunciar isso numa tabuleta.”

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