quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

DESEMPREGO SEM PRECEDENTES

Há mais de nove meses que o Governo Sócrates anunciou aos portugueses o acordo que tinha celebrado com a troika. Pois bem, passado todo este tempo, as medidas de austeridade impostas a Portugal não só não têm resolvido nenhum dos problemas então existentes como ainda os têm agravado de uma forma sem precedentes.
Um dos indicadores mais expressivos de que a receita da austeridade não resulta tem a ver com a subida em espiral da taxa de desemprego. Degrau a degrau já atingiu um número “histórico”, para usarmos uma expressão muito em voga. Aliás, o valor de 14% era uma estimativa prevista para perto do final do corrente ano.
Sabendo-se que no terceiro trimestre de 2011 a taxa de desemprego era de 12,4%, isto significa que no quarto trimestre houve um disparo de 1,6%. No final do ano o número de desempregados ultrapassava os 710 mil, tendo em conta as indicações do INE. Contudo, é bem possível que a realidade seja ainda mais negra como tudo leva a crer, em especial, no que se refere ao crescente número de portugueses que já desistiu de procurar trabalho. Recorde-se que em 2008 havia perto de 410 mil pessoas sem trabalho o que correspondia a uma taxa de desemprego de 7,3%. Não tardará muito que tenha crescido para o dobro… é só fazer as contas.
Entretanto, devemos salientar, pelo seu significado, mais a seguinte informação relativa ao desemprego:
- 250 mil pessoas não têm emprego há mais de dois anos (32,3%).
- 108 mil é o número de desempregados licenciados, mais 23,5 mil do que no início do ano, o que constitui o valor mais elevado de sempre.
- A taxa de desemprego jovem (até aos 24 anos) é de 35,4%.
- O número de pessoas disponíveis para trabalhar mas sem emprego já ultrapassa 1 milhão.
- Segundo o Eurostat (Gabinete de Estatística da UE), a taxa de desemprego em Portugal é a quarta maior da União Europeia, depois da Espanha, da Irlanda e da Grécia.
- O aumento da taxa de desemprego em 2011 foi o maior nas últimas três décadas, isto é, desde que o INE disponibiliza dados estatísticos.
- A taxa de desemprego no Algarve é a mais elevada de todas as regiões com 17,5%, seguida dos Açores com um valor ligeiramente mais baixo.
Especialmente significativos são os números apontados para o Algarve o que significa que as políticas de criação de postos de trabalho na região mais ao sul do país são erradas como o Bloco de Esquerda não tem deixado de denunciar. Matar o comércio tradicional e encher a região de grandes superfícies deu este resultado.

Luís Moleiro

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