sábado, 24 de novembro de 2012

HUMOR NEGRO


Com a catástrofe social que está a ter lugar neste país, os elogios do chefe da missão do FMI em Portugal, o senhor Abebe Salassié, ao ministro Vitor Gaspar assim como a classificação deste como o 10º melhor ministro das Finanças europeu num ranking elaborado pelo Financial Times, só podem constituir humor negro se nos colocarmos na perspectiva dos cidadãos portugueses. Ou então, dá vontade de dizer que aquela gente não faz a mínima ideia do que por cá se passa. Mas não é bem assim. Todos eles estão de acordo porque a estratégia das medidas foi definida segundo uma lógica comum que coloca as pessoas em último lugar frente aos interesses do capital financeiro cada vez mais dominante. “Custe o que custar” foi uma expressão usada pelo primeiro-ministro que assenta como uma luva no caminho traçado.

Provavelmente inspirado no humor negro que acima referimos, Nicolau Santos elaborou o seguinte texto que transcrevemos do Expresso Economia de hoje. Só pode ser assim...


O PAÍS ONDE HÁ CADA VEZ MAIS DE TUDO

Há cada vez mais velhos abandonados nos hospitais. Há cada vez mais crianças abandonadas nos hospitais. Há cada vez mais animais abandonados. Há cada vez mais meninos que vão para a escola sem terem tomado o pequeno-almoço. Há cada vez mais pessoas a ter de entregar a casa ao banco por não conseguirem pagar a prestação. Há cada vez mais gente desempregada. Há cada vez mais gente a alimentar-se de papas. Há cada vez mais gente a levar um tupperwere com comida para o emprego. Há cada vez mais restaurantes a fechar as portas. Há cada vez mais pessoas a fumar tabaco de enrolar. Há cada vez mais pessoas a pedir esmola nas ruas. Há cada vez mais pessoas a recorrer às Misericórdias e ao Banco Alimentar contra a Fome. Há cada vez mais pessoas a não tratar dos dentes. Há cada vez mais pessoas a não ir ao médico. Há cada vez mais casos de tuberculose. Há cada vez mais casos de tosse convulsa. Há cada vez mais casos de dengue na Madeira. Há cada vez mais pessoas a deixar de comprar jornais e revistas. Há cada vez mais pessoas a andar de transportes públicos. Há cada vez mais pessoas a emigrar.

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