Um texto do economista
Eugénio Rosa que hoje vem publicado no Diário As Beiras – “Agravamento da recessão” – mostra vários aspectos de um estudo que
abrange o período entre 2007 e 2013, em especial do da troika e do governo
PSD/CDS. A análise tem a ver, em particular, com emprego/desemprego e redução da
despesa com o funcionalismo público e os pensionistas e suas consequências. Para
facilidade de leitura transcrevemos aqui as partes essenciais.
Em
seis anos (2007/2013) foram destruídos 702,4 mil empregos, mas com a troika e o
governo PSD/CDS tal tendência acelerou-se tendo sido destruídos 403,6 mil
empregos nos dois últimos anos (65,6% do total).
E
nos últimos 2 trimestres – 4.º de 2012 e 1.º de 2013) foram destruídos 232 mil
empregos o que revela que o ritmo de destruição está a aumentar. Por essa
razão, o número de portugueses com emprego tem diminuído significativamente.
Entre o 1.º trimestre de 2011 e o 1.º trimestre de 2013, portanto em dois anos
de troika e de governo PSD/CDS, passou de 4.865 mil para 4.435 mil, ou seja,
diminuiu em 432,6 mil, o que determinou que dezenas de milhares de famílias
tenham ficado sem qualquer rendimento.
Outro
aspeto que o estudo mostra é uma forte correlação positiva entre a variação do
PIB e do emprego (o emprego cresce apenas com aumentos significativos do PIB),
e uma forte correlação negativa entre o PIB e a taxa de desemprego (quando o
PIB cai a taxa de desemprego dispara não se verificando qualquer alteração
significativa nesta tendência com aumentos reduzidos do PIB). Isto é esquecido
por incompetência ou para enganar os portugueses por Vítor Gaspar e troika nas
suas previsões.
(…)
Segundo
o “Documento de Estratégia Orçamental 2013-2017”, o governo pretende reduzir a
despesa pública entre 2013 e 2015, para além do que está no OE 2013, em 1.786
milhões € na despesa com Pessoal da Função Pública; em 979 milhões € com os
pensionistas; e em 329 milhões € com a educação e a saúde.
E
de acordo com a “carta” de Passos Coelho [enviada à troika], o governo tenciona
fazer isso da seguinte forma: Em relação aos trabalhadores da Função Pública,
para reduzir a despesa com pessoal pretende: (a) Empurrar mais trabalhadores
prematuramente para a aposentação; (b) Colocar trabalhadores na mobilidade seguido
da desvinculação, ou seja, despedindo (“poupança” 945 milhões €); (c) Aumentar
o horário de trabalho para 40 horas sem pagar nada (trabalho gratuito “escravo”
o que determinaria uma “poupança” de 612 milhões €); (d) Reduzir o pagamento
por trabalho extraordinário; (e) Impor uma nova tabela remuneratória única
(cortes de 756 milhões €); (f) Reduzir suplementos (cortes de 134 milhões €).
Em
relação aos pensionistas, para reduzir a despesa com pensões o governo
tenciona: (a) Reduzir em 10% as pensões de todos os aposentados da CGA
incluindo os que se aposentaram há muitos anos, o que determinaria um corte nos
seus rendimentos, em dois anos, de 1.480 milhões €; (b) Aumentar a idade de
reforma; (c) Criar uma chamada Contribuição de sustentabilidade das pensões, a
deduzir nas pensões dos reformados da Segurança Social e dos aposentados da
CGA, que provocaria uma redução do rendimento de todos os pensionistas estimada
em 436 milhões € por ano. Finalmente, cortes adicionais na educação e na saúde
que, em 2 anos ( 2014/2015 ), atingem 453 milhões €.
Estes
cortes adicionais na despesa pública, a concretizarem-se, para além de terem
consequências graves em termos sociais, teriam também efeitos a nível
económico, pois agravariam ainda mais a recessão económica, já que
determinariam uma quebra na procura agregada interna, aumentando o desemprego e
reduzindo o PIB, ou seja, o oposto do previsto por Vítor Gaspar no “Documento
de Estratégia Orçamental 2013-2017”.
(…)
Sem comentários:
Enviar um comentário