De todas as previsões ou tentativas de
previsão sobre o processo [do Brexit], o lado dos problemas práticos de quem
vive a incerteza tem sido muito pouco falado.
(…)
No essencial, os exemplos mostram como
tem havido uma total ausência de preocupação de lidar com os problemas
concretos das pessoas reais.
(…)
Por responder ficam sempre as questões
do quotidiano para as quais não há resposta e que normalmente não cabem nos
discursos oficiais.
Têm de acabar os vistos Gold que
escondem o crime e os privilégios dos fundos imobiliários que fazem de Portugal
uma república das bananas.
(…)
Quanto maiores as promessas de lucro,
menos ele [mercado] recua diante de qualquer crime.
A solidão que o PSD ontem [quinta-feira]
enfrentou no debate parlamentar diz bem sobre o seu desejo compulsivo sobre os
casos das redes familiares no Governo.
(…)
Mais do que sobre os laços de família, o
que deveria animar um bom debate entre PS e PSD são os laços insustentáveis
entre política e negócios, portas giratórias onde tudo cabe e se reveza, onde
advogados com assento parlamentar são legisladores e, simultaneamente, partes a
jogar todos os seus interesses.
As mulheres são as vítimas de
incontáveis actos de abuso, uns mais graves do que outros, mas praticados
sempre no âmbito de uma cultura dominantemente machista.
(…)
Se há seta do progresso, ela compreende
a desmachização das sociedades contemporâneas.
Pacheco Pereira,
Público (sem link)
A Comissão para o Reforço da
Transparência prometia durar pouco e fazer muito, mas parece que o resultado
será exatamente o contrário.
(…)
Terminadas as votações na especialidade,
podemos concluir que o PS não dispensou o PSD nas escolhas determinantes e as
geometrias políticas variáveis foram construindo soluções à medida dos
interesses do centrão.
(…)
Na vigésima quinta hora, o PSD faz uma
proposta de alteração oral para criar um alçapão na lei e o PS prontamente
aceitou.
(…)
O que fica pelo caminho é a separação do
interesse público do interesse privado, bem como o fim das portas giratórias
para os interesses económicos que parasitam a política.
(…)
A regulamentação do lobbying não responde a
nenhum apelo de mais transparência, apenas cria uma nova área de negócio: a venda
de serviços para influenciar decisores políticos.
Pedro Filipe
Soares, Público (sem link)
[Com a vaga revolucionária de 1917-19]
as classes dominantes leram a democratização do sufrágio como uma confirmação
dos temores elitistas de cem anos antes e abraçaram as teses autoritárias das
novas direitas fascizadas.
(…)
Com a derrota militar do nazifascismo em
1945, entrou-se na mais longa fase de reconhecimento de direitos e de bem estar
que se conhece, marcada pelos níveis mais elevados de participação política.
(…)
A última coisa que nos deveria
surpreender é que décadas de imposição de políticas neoliberais (a começar pela
UE), descritas como inevitáveis, afastem da participação política aqueles que
já se sentem socialmente excluídos.
Manuel
Loff, Público (sem link)
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