quarta-feira, 24 de abril de 2019

PARA QUE NUNCA MAIS (09)



In Revista E, Expresso
Nos anos 40, o Forte de Peniche, prisão política do salazarismo, albergou duas mulheres: Teresa Marques e Maria de Jesus. Cadeia de homens, a prisão da PIDE guardou esse segredo até hoje. Ninguém acredita que tenha sido possível. O crime destas mulheres foi terem-se revoltado contra a requisição de cereais que o Estado levou a cabo na sua aldeia.
Foi naquele Verão quente de 1942, em que as intempéries se acalmavam, que Maria de Jesus e Teresa Marques se juntaram na organização de uma rebelião. Uma revolta popular que se estendeu a toda a população de Souto da Carpalhosa e arredores. A polícia calculava, então, que estariam 600 pessoas em protesto.
A fome grassava na região. Arranjar que comer era cada vez mais difícil. Os trabalhadores do campo sabiam que os cereais eram indispensáveis para a farinha que os alimentaria. Por isso, quando se aperceberam de que os cereais, fruto do seu trabalho, iam ser levados para fora do Souto, saíram para a rua e reclamaram. Estavam contra a saída dos cereais. (Revista E)

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