É importante que se venha a saber que
forças se movimentaram nos bastidores a ponto de levarem a uma tão completa
submissão aos interesses privados e ao abandono da proposta do Governo para o
Serviço Nacional de Saúde.
(…)
O que esta proposta do Partido
Socialista faz, em contramão com o que havia sido negociado entre o Governo e o
Bloco e com o caminho que o próprio Governo previra para ultrapassar o provável
veto presidencial, é um ataque ao SNS.
Os donos disto tudo têm no negócio da
energia e no negócio da saúde os seus campos de ação privilegiados.
(…)
A disputa pelo poder mais fundo na
sociedade portuguesa passa hoje pelas decisões que forem tomadas nestes dois
domínios.
(…)
O que se joga hoje na saúde e na energia
é essa escolha essencial entre um Estado ao serviço dos grupos económicos e um
Estado ao serviço dos cidadãos.
Na Assembleia já assisti a
discursos ridículos em que, à direita, houve quem citasse Rosa Luxemburgo,
depois de uma consulta apressada à Wikipedia,
como tendo feito declarações em 1921, ou seja, dois anos depois de estar morta.
(…)
Hoje, em Portugal, há
muitos que se autodenominam liberais quando na realidade têm as mesmas causas
de Steve Bannon, ainda que com palavras mais mansas.
(…)
[Os ditos “liberais”] não
estiveram na manifestação do 25 de Abril, estiveram em suas casas a espumar
contra o “marxismo cultural”, coisa que obviamente não sabem o que é.
(…)
[Por falar em Catalunha],
na verdade, a causa dos presos políticos é a que no 25 de Abril deveria estar
no âmago da manifestação, desde a frente até à retaguarda.
(…)
As coisas podem mudar no
futuro, porque o futuro é imprevisível, mas 45 anos já estão no papo.
Pacheco
Pereira, “Público” (sem
link)
A fragilidade da
democracia é proporcional à sua força atractiva enquanto promessa de regime
político que melhor garante a governação racional em nome do interesse público,
do respeito pelo interesse de todos, de forma inclusiva das diversidades.
São
José Almeida, “Público” (sem
link)
Mudar implica dor. (…) também
e principalmente, dor para nós próprios, porque todos vivemos de excessos de
que custa abdicar, deixar de usufruir.
(…)
É inaceitável a postura de arrogância
que o Governo demonstra quando, afirmando que aguarda com serenidade o
resultado do novo estudo de impacto ambiental para o aeroporto do Montijo,
também reafirma que a obra é para avançar.
(…)
O drama dos fogos
florestais não está resolvido porque o problema reside na composição da
floresta que não temos e que importa recuperar.
(…)
A esperança de mudança
reside na sociedade civil, na sua capacidade de reagir consistentemente e num
movimento ambientalista forte, unido.
Miguel
Dantas da Gama, “Público” (sem
link)
Um fascista não se diz
fascista, ainda por cima se souber que, ao menos formalmente, não o pode
escarrapachar nos estatutos de um partido. Não sejamos ingénuos!
(…)
Não nos “ponhamos a jeito”
e saibamos construir, dentro do Estado de Direito, as muralhas necessárias de
auto-conservação de um sistema que, não sendo perfeito, é o menos mau de todos.
André
Lamas Leite, “Público” (sem
link)
A revolução mudou
profundamente o país. Alguns dos seus resultados continuam presentes na
educação, na saúde, na segurança social, no lazer e nos espaços colectivos de
quem cresceu no Portugal depois de Abril.
(…)
A revolução acabou não por
um golpe fascista, mas numa contenção que obedeceu a pactos estratégicos da
guerra fria.
(…)
O projecto que venceu – e
que perdura – coloca outra vez o país na rota dos baixos salários, da migração
massiva, da desqualificação e do atraso.
(…)
Há outra alternativa para
o país que não seja acreditar no mundo do trabalho organizado como saída
estratégica para a decadência histórica?
Raquel Varela, “Público” (sem link)
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