[Alguns dos responsáveis das maiores
empresas da indústria farmacêutica] põem em cima da mesa uma chantagem: precisamos
de milhares de milhões de dólares nas nossas contas antes de começarmos a
produzir qualquer vacina.
(…)
Passado o susto a procura decresce. Se os
curamos, os doentes passam a ser um problema: não compram mais medicamentos.
(…)
Sem o aguilhão do lucro, os laboratórios
resumem-se ao mercado interno e não investem no que demora e mobiliza recursos
cuja rentabilidade futura é desconhecida.
(…)
Considerando estas estratégias de lucro,
percebe-se porque é que, apesar de a classe dos coronavírus ser conhecida há
décadas, estamos ainda desprotegidos perante os seus riscos.
(…)
Considerando o que a Casa Branca já
tentou fazer, apropriando-se de carregamentos em aeroportos internacionais e tentando
adquirir o exclusivo de remédios preparados em empresas estrangeiras, a disputa
pelo stock da futura vacine é um perigo.
(…)
A ordem mundial do caos é a maior ameaça
contra os povos do Norte do planeta e contra todo o seu sul.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
A maior [de todas as ameaças] é Donald
Trump, sobretudo se for reeleito no outono, o que parece possível, e o seu foco
é o Pacífico.
(…)
O isolacionismo de Trump assusta os seus
subordinados e o seu negacionismo, primeiro, e a irresponsabilidade perante o
covid, depois, demonstram que não é um líder.
(…)
[A China] não tem uma moeda dominante, mas
tem poder financeiro.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Apesar de tudo, o nosso “milagre”
assenta na forma como a democracia é vista como património de todos.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Durante todo o período de confinamento,
milhares de crianças e jovens pobres foram retirados do elevador social da
escola.
(…)
Corre por aí a ideia de que vamos fechar
os velhos em casa até isto estar seguro, isolando-os da sociedade e das
famílias. Seria, em alguns casos, uma condenação à morte.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Durante o período de
isolamento, há tempo para pensar e tomar consciência sobre a necessidade de
desenvolver novas estratégias para o futuro da sociedade.
(…)
Há muito que os cientistas
avisam que a desflorestação incessante, a perda e degradação de habitats, o uso
e abuso de monoculturas intensivas, o comércio ilegal de espécies selvagens, o
consumo de animais, e o aumento da densidade populacional urbana facilitam as
pandemias.
(…)
A sociedade teve de se
adaptar a um novo modo de viver mais contido, em afectos e consumo, menos
global, muito mais familiar e intimista.
(…)
A floresta tem de passar
de uma lógica de produção de madeira e papel para uma lógica de serviços de
ecossistema.
(…)
A barreira a epidemias, a
qualidade da água, do solo e do ar e o armazenamento de carbono são serviços de
inigualável valor que os ecossistemas providenciam.
(…)
A tríade biodiversidade,
alterações climáticas e saúde pública nunca mais deve ser esquecida e os três
vértices do triângulo deviam servir para delinear futuras estratégias
económicas.
Maria
Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)
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De facto, é com grande preocupação que
observamos, ao longo da última década, o primeiro-ministro Viktor Orbán
conduzir o seu país num percurso divergente do das normas e dos valores
europeus.
(…)
A oposição política, o
diálogo social e a liberdade de expressão têm vindo a ser gradualmente
silenciados, com várias universidades, centros culturais, grupos empresariais e
organizações da sociedade civil a suportar o pesado fardo do governo
autoritário de Orbán.
(…)
Permitir o governo por
decreto por um período praticamente ilimitado de tempo constitui uma violação
severa dos Tratados da UE, da Carta dos Direitos Fundamentais e da Convenção
Europeia dos Direitos Humanos.
(…)
Exortamos, finalmente,
todos os cidadãos europeus para que atentem no que está a acontecer na Hungria,
não como uma externalidade, mas como uma ameaça fundamental ao nosso interesse
comum.
Manifesto
dos membros da Cívico Europa, “Público”
(sem link)
Quem quiser justificar
toda esta excecionalidade com a pandemia não pode eximir-se à pergunta que o 25
de Abril nos coloca sempre, e a cada um de nós: o preço da nossa segurança é a
liberdade?
(…)
Nenhuma autoridade de
saúde, governo ou Presidente impôs o dever de abandonar o espaço público senão
a um pequeníssimo número de contagiados ou doentes.
Manuel
Loff, “Público” (sem link)