Hoje é indiscutível a importância da
saúde pública no combate a epidemias.
(…)
Sabemos que um Serviço Nacional de Saúde
e sem medidas de apoio social o mapa da tragédia seria o das fronteiras sociais
como no tempo da peste bubónica.
(…)
Ricardo Jorge ajudou-nos a perceber uma
epidemia e como o serviço público de saúde é uma condição da democracia.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Para as pessoas voltarem ao trabalho quando
for necessário temos de reduzir a ansiedade.
(…)
Mesmo com uma acentuada quebra dos
infetados, os pais não permitirão que os seus filhos voltem à escola.
(…)
Por falta de apoio médico, por doses
cavalares de ansiedade, por falta de exercício, pelo isolamento insano, pela
rapidíssima degradação das condições socioeconómicas de centenas de milhares de
famílias, a saúde dos portugueses degradou-se brutalmente neste mês.
(…)
Só uma total inconsciência em relação à
crise que nos espera pode achar que, no inverno, estaremos em condições sociais
para repetir o que fizemos este mês.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Se há, para já, quem escape aos efeitos
materiais da pandemia, não há quem não dê conta de angústias profundas face a
um tempo que se anuncia incerto.
(…)
A sociedade portuguesa, mesmo que em
trajetória de recuperação económica e do emprego, continua a ter nas
desigualdades uma marca estrutural.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
A pandemia reforça inicialmente a
popularidade de líderes políticos, mas só permanece se existir confiança nas instituições.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
No atual quadro de mobilidade massiva de
pessoas, a par da presença consolidada de comunidades imigrantes em território
nacional, o SEF tornou-se um instrumento de criminalização que não defende os
direitos, liberdades e garantias.
Mamadou Ba, “Expresso”
(sem link)
A escassez de recursos com
que serviços de saúde se debateram no combate ao vírus escancarou os efeitos do
desinvestimento nos sistemas de saúde ditado pelas políticas de austeridade e
pelas boas práticas neoliberais.
(…)
Face ao ataque do novo
coronavírus, é para o Estado que se voltam todas as angústias e todas as
esperanças.
(…)
E é ainda para o Estado
que se viram todas as expectativas na procura de respostas à devastação da
economia.
(…)
Hoje, apela-se ao regresso
da intervenção do Estado na economia, volta-se a falar de nacionalizações em
sectores estratégicos, reclama-se uma nova regulamentação da finança.
(…)
Estas semanas de estado de
emergência suscitam já alguns alarmes. O caso de Orbán, que conseguiu, à sombra
da crise pandémica, reunir poderes virtualmente ilimitados tem sido muito
apontado como um alerta.
(…)
As medidas de apoio
reclamadas pelas empresas escapam a qualquer controlo efectivo e em muitos
casos beneficiam sobretudo os grandes grupos. A especulação prospera.
(…)
As medidas de emergência
não beliscaram para já os interesses dos grandes grupos económicos, os
dividendos dos accionistas, os prémios e os salários faraónicos dos gestores.
(…)
Enquanto isso, os mais
vulneráveis ficam sem qualquer protecção e à mercê de todos os abusos.
(…)
A situação coloca uma
série de interrogações quanto ao futuro das condições de trabalho, dos
processos de negociação colectiva, do exercício do direito à greve.
(…)
Passado o tempo do medo,
da disciplina e da solidariedade virá provavelmente a hora das recriminações e
dos ajustes de contas, e não será de excluir o surgimento de novos fenómenos
políticos.
(…)
A Europa reagiu à crise em
ordem dispersa, dividida, num cada um por si que desmentiu cruelmente todos os
protestos de unidade e de solidariedade emitidos em Bruxelas.
(…)
Mas o novo coronavírus
abriu mais um rombo no projecto europeu.
(…)
Quanto ao equilíbrio de
forças a nível planetário, muitos analistas apresentam a epidemia como uma
oportunidade única de a China desafiar a liderança global dos EUA.
(…)
O covid-19 veio alertar o
mundo ocidental para a sua dependência da China, e em particular no que toca à
produção de medicamentos.
(…)
Manipulada pelos Estados
Unidos como instrumento da grande “ordem liberal” e de um projecto hegemónico,
a globalização acabou por escapar ao controlo do feiticeiro.
(…)
A produtividade, o
crescimento económico destinam-se em última análise a melhorar as condições de
vida do ser humano ou têm como objectivo derradeiro e único a produção de
lucros a qualquer preço?
Carlos
Santos Pereira, “Público” (sem
link)
Esta pandemia é tudo menos
democrática! Não só porque afeta sobretudo, já sabemos, os mais frágeis, porque
idosos ou portadores de doenças crónicas, mas também porque a doença nunca é
socialmente igualitária.
(…)
Quem repete diariamente
que a prioridade absoluta é vencer a covid-19, e só depois enfrentarmos as
novas batalhas, não invisibilize a pandemia da pobreza que se expande ao mesmo
tempo que a do coronavírus.
Manuel Loff, “Público” (sem link)
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