[Dos] residentes em lares que morreram
da infeção são cerca de 40% do total de óbitos no país, segundo a
diretora-geral da Saúde.
(…)
Foram os velhos, sobretudo esses 150 mil
cujo confinamento em instituições tem décadas e antecede a pandemia, quem terá
sofrido mais brutalmente o impacto da crise sanitária.
(…)
Os mais velhos, diz o Observatório da
Solidão, sentem-se agora, mais do que nunca, a perder tempo de vida – e a
alegria.
(…)
O apelo contra a estigmatização e a
menorização dos mais velhos, como se estivessem sob tutela e não fossem dotados
de autonomia, tem de ser ouvido por todos.
Gente, tanta gente, que estragou a vida
a lutar pela respiração e pela palavra, sua e dos outros, contra ordens e
quietudes que, ao longo da História, quiseram esvaziar os povos da vitalidade
da crítica e da transformação.
(…)
Criámos o Serviço Nacional de Saúde em
nome da igualdade e ele foi o mais forte defensor da liberdade que inventámos.
(…)
Em abril de 1974 desobedecemos aos
especialistas e escrevemos na pedra que é o povo que manda.
Pela primeira vez no
século XXI, há mais autocracias do que democracias no mundo.
(…)
Se há dez anos as
democracias atingiam o seu pico em termos globais, agora podemos falar de
democracia em apenas 48% dos países, o que corresponde a 46% da população.
(…)
O facto de países como os
Estados Unidos ou o Brasil estarem a resvalar nos seus valores democráticos é um
dos sinais mais evidentes deste declínio global.
(…)
Enfim, um pouco por todo o
mundo, a situação de exceção que vivemos está a ser usada para impor medidas
que não são excecionais e que correspondem tão-somente a um claro
aproveitamento político dessa mesma situação de exceção.
Quando os governantes
executam cortes orçamentais sabem muito bem que diminuem as condições de saúde,
a proteção social, as pensões de reforma, a educação e formação, a efetividade
da justiça, a capacidade de investimento.
(…)
Trazer à memória dos
portugueses os valores e o programa do 25 de Abril, a intervenção criadora e
democrática dos trabalhadores e do povo e o percurso feito constitui um
exercício político muito útil a todos os que se batem pelas liberdades e pela
democracia, pela soberania, pelo desenvolvimento da sociedade.
(…)
Vão acontecer mudanças,
provavelmente profundas, que serão positivas ou negativas, conforme as
políticas que formos capazes de executar à escala mundial e, em particular, em
cada país.
(…)
Democratizar é preciso
porque o poder financeiro e económico se sobrepõe ao poder político
representativo e a justiça também se lhe submete em muitos casos.
Mas há uma falta de pudor
ilimitado na argumentação de quem pretende encerrar o Parlamento, apelando ao
sabor das circunstâncias trágicas individuais para ganhar território político e
disso retirar dividendos.
O verdadeiro debate,
fundamental para o futuro dos povos, é sobre o Fundo de Recuperação Económica.
(…)
O mandato para a Comissão
Europeia materializar o Fundo de Recuperação Económica continua a colocar as
questões óbvias: como, quando e quanto?
Pedro
Filipe Soares, Público (sem
link)
Havia um tempo em que o medo chegava a todo o lado, chegava aos ossos e
à própria alma.
(…)
O medo entranhou-se quase
cinco décadas nos poros para sufocar a alma de cada um.
(…)
O medo, porém, tinha um
mal de nascença – a coragem de quem desfraldava a esperança quotidiana.
(…)
O medo perseguia, prendia,
torturava e assassinava, tal era o desvario. Não impediu, contudo, que no
regaço do tempo nascesse fecundado pela coragem outo tempo.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
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