E se tenho orgulho no país
que mostramos ser, a nossa elite económica mostra como não merece o país que
tem.
(…)
Quase um milhão de trabalhadores em lay-off, mais 40 mil desempregados do que no início de fevereiro.
São estas as contas, por agora, das consequências da pandemia na economia do
país.
(…)
A CMVM apelou para a não
distribuição de dividendos para evitar que as empresas fiquem descapitalizadas.
Perante este alerta, a maioria das empresas do PSI-20 decidiram fazer ouvidos
de mercador.
(…)
A Navigator vai entregar
99 milhões aos acionistas, a Semapa irá distribuir na casa dos dez milhões à
família Queiroz Pereira, a Altri é mais ambiciosa e prepara-se para ultrapassar
60 milhões em dividendos
(…)
[A EDP] anunciou ontem que
vai distribuir 695 milhões
de euros em dividendos, muito acima dos lucros da
empresa, avaliados em 519 milhões de euros em 2019.
(…)
António Mexia, o gestor
mais bem pago do país, recebeu 2,2 milhões de euros no ano passado, 52 vezes
mais do que a média dos trabalhadores da EDP.
(…)
A Tax Justice Network
(TJN) calcula que Portugal perca 236 milhões de euros por ano em impostos só
com o dinheiro que foge para a Holanda.
Pedro Filipe
Soares, “Público” (sem link)
A título de educação cívica,
nenhum de nós devia deixar de passar uma noite por ano num serviço de
urgências.
(…)
É quase uma estranha
dependência da catástrofe, esta, a de termos de esperar por uma pandemia que
nos reconcilie com o comprometimento individual e colectivo da vida em
sociedade.
As desigualdades entre as
pessoas, os povos e os estados tornaram-se [agora] mais evidentes e
inquietantes.
(…)
É urgente evitar caminhos
que propiciam estabilidade a uma minoria e anormalidade permanente para a
maioria da população.
(…)
A saúde pública e a
produção económica são bens que não podem ser postos nos pratos de uma balança
no pressuposto de que um sobe quando o outro desce e vice-versa.
(…)
Serão enormes as
consequências sanitárias e económicas de uma pressão demasiada no lado da
economia. Evite-se uma escolha trágica entre dois males.
(…)
Precisamos de uma economia
ao serviço das necessidades das pessoas e da efetividade dos seus direitos
fundamentais.
(…)
A normalidade tem de ser
feita com mais justiça, menos desigualdades, valorização do trabalho e
afirmação do Estado social de direito democrático.
De facto, não existe grande valor na
liberdade quando ocorre uma vigilância rigorosa por parte das instituições que
representam o coletivo sobre aquilo que pensamos, fazemos, escolhemos ou
dizemos, ou ainda sobre as companhias que escolhemos e os lugares por onde
circulamos.
(…)
É agora irrefutável a necessidade, como
fator de sobrevivência coletiva, de algum controlo social destinado a evitar
formas de disseminação do vírus.
Quando a classe dominante
juntou a sua voraz capacidade de acumular riqueza a uma incompetência galopante
que levou a uma crise orçamental, as massas que morriam à fome saíram do seu
torpor e perceberam que tinham um trunfo que não estava ao alcance do seu
inimigo de classe, eram mais, muitos mais. E com isso aconteceu a Revolução
Francesa.
(…)
A gigantesca fortuna de
Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, cresceu 24 mil milhões de dólares nos
últimos quatro meses.
(…)
Os sinos que dobram hoje
pelos mortos, dobrarão amanhã pela humanidade se esta não for suficientemente
sábia para se salvar a si própria.
António
Rodrigues, “Público” (sem
link)
A permanência no espaço
doméstico, associada ao aumento de tensão, poderá ser o gatilho para novos
casos de violência [doméstica].
(…)
O sentimento de menor
vigilância e a percepção de menor risco de punição poderão conferir ao agressor
uma sensação de maior espaço de manobra para a prática de violência sem
consequências.
(…)
Os mesmos sentimentos
mencionados tenderão a facilitar a ocorrência de episódios de violências
mais severas e frequentes.
(…)
Mesmo em tempos de
pandemia, continuam a ser as vítimas a abandonar as suas casas.
Joana
Torres, “Público” (sem
link)
Mas, estaremos realmente
todos no mesmo barco? (…) [Nesta tempestade que constitui a pandemia] há quem
siga no seu navio cruzeiro e quem atravesse em navios de guerra prontos para a
batalha, mas há também quem tenha apenas uma simples canoa ou até siga sozinho,
a nado.
Joana Ribeiro, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário