sábado, 18 de abril de 2020

CITAÇÕES


E se tenho orgulho no país que mostramos ser, a nossa elite económica mostra como não merece o país que tem.
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Quase um milhão de trabalhadores em lay-off, mais 40 mil desempregados do que no início de fevereiro. São estas as contas, por agora, das consequências da pandemia na economia do país.
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A CMVM apelou para a não distribuição de dividendos para evitar que as empresas fiquem descapitalizadas. Perante este alerta, a maioria das empresas do PSI-20 decidiram fazer ouvidos de mercador.
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A Navigator vai entregar 99 milhões aos acionistas, a Semapa irá distribuir na casa dos dez milhões à família Queiroz Pereira, a Altri é mais ambiciosa e prepara-se para ultrapassar 60 milhões em dividendos
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[A EDP] anunciou ontem que vai distribuir 695 milhões de euros em dividendos, muito acima dos lucros da empresa, avaliados em 519 milhões de euros em 2019.
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António Mexia, o gestor mais bem pago do país, recebeu 2,2 milhões de euros no ano passado, 52 vezes mais do que a média dos trabalhadores da EDP.
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A Tax Justice Network (TJN) calcula que Portugal perca 236 milhões de euros por ano em impostos só com o dinheiro que foge para a Holanda.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

A título de educação cívica, nenhum de nós devia deixar de passar uma noite por ano num serviço de urgências.
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É quase uma estranha dependência da catástrofe, esta, a de termos de esperar por uma pandemia que nos reconcilie com o comprometimento individual e colectivo da vida em sociedade.

As desigualdades entre as pessoas, os povos e os estados tornaram-se [agora] mais evidentes e inquietantes.
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É urgente evitar caminhos que propiciam estabilidade a uma minoria e anormalidade permanente para a maioria da população.
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A saúde pública e a produção económica são bens que não podem ser postos nos pratos de uma balança no pressuposto de que um sobe quando o outro desce e vice-versa.
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Serão enormes as consequências sanitárias e económicas de uma pressão demasiada no lado da economia. Evite-se uma escolha trágica entre dois males.
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Precisamos de uma economia ao serviço das necessidades das pessoas e da efetividade dos seus direitos fundamentais.
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A normalidade tem de ser feita com mais justiça, menos desigualdades, valorização do trabalho e afirmação do Estado social de direito democrático.

De facto, não existe grande valor na liberdade quando ocorre uma vigilância rigorosa por parte das instituições que representam o coletivo sobre aquilo que pensamos, fazemos, escolhemos ou dizemos, ou ainda sobre as companhias que escolhemos e os lugares por onde circulamos.
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É agora irrefutável a necessidade, como fator de sobrevivência coletiva, de algum controlo social destinado a evitar formas de disseminação do vírus.

Quando a classe dominante juntou a sua voraz capacidade de acumular riqueza a uma incompetência galopante que levou a uma crise orçamental, as massas que morriam à fome saíram do seu torpor e perceberam que tinham um trunfo que não estava ao alcance do seu inimigo de classe, eram mais, muitos mais. E com isso aconteceu a Revolução Francesa.
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A gigantesca fortuna de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, cresceu 24 mil milhões de dólares nos últimos quatro meses.
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Os sinos que dobram hoje pelos mortos, dobrarão amanhã pela humanidade se esta não for suficientemente sábia para se salvar a si própria.
António Rodrigues, “Público” (sem link)

A permanência no espaço doméstico, associada ao aumento de tensão, poderá ser o gatilho para novos casos de violência [doméstica].
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O sentimento de menor vigilância e a percepção de menor risco de punição poderão conferir ao agressor uma sensação de maior espaço de manobra para a prática de violência sem consequências.
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Os mesmos sentimentos mencionados tenderão a facilitar a ocorrência de episódios de violências mais severas e frequentes.
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Mesmo em tempos de pandemia, continuam a ser as vítimas a abandonar as suas casas.
Joana Torres, “Público” (sem link)

Mas, estaremos realmente todos no mesmo barco? (…) [Nesta tempestade que constitui a pandemia] há quem siga no seu navio cruzeiro e quem atravesse em navios de guerra prontos para a batalha, mas há também quem tenha apenas uma simples canoa ou até siga sozinho, a nado.
Joana Ribeiro, “Público” (sem link)

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