domingo, 12 de abril de 2020

ENTREVISTA DE CATARINA MARTINS AO “EXPRESSO”



Da entrevista de Catarina Martins que veio à estampa na edição do “Expresso” deste sábado, respigámos algumas ideias fortes que deixamos a seguir:
- A solução de regate de resgate através do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) é muito parecida com as da troika.
- Se aceitarmos um fundo de regate que tem como contrapartida medidas de austeridade, o que estamos a dizer é que vamos juntar crise à crise.
- Os países precisam de capacidade para apoiar salários e fazer muito investimento público.
- [Portugal tem o problema de ter] um ministro das Finanças que é presidente do Eurogrupo, aliado com o Governo alemão, a querer condicionalidades. Isso fragiliza o país e não é uma posição sustentável.
- Não há condicionalidade que seja aceitável, porque é contraproducente.
- Recuso que se volte à lógica da troika.
- O que defendemos é a compra direta de dívida do BCE.
- O Governo alemão quer repetir a receita de 2008, que foi desastrosa, ainda que agora use palavras diferentes.
- A única forma de ultrapassarmos a recessão é não termos políticas de austeridade e o Estado aparecer com políticas contracíclicas para garantir emprego, salário, investimento.
- A resposta a uma crise nunca é o Estado juntar crise à crise.
- Pela parte do BE, não faltará maioria para que o Estado seja um agente para sairmos da crise, e não para nos empurrar mais.
- A próxima fase [retoma] vai exigir muito investimento público e uma estratégia que não passe por o turismo ter este peso no PIB.
- As medidas de contenção só podem ser aliviadas quando o número de casos deixar de crescer e for relativamente pequeno.
- Temos feito muitas reuniões [com o Governo], que juntam grupos de trabalho em várias áreas. O Governo já corrigiu apoios a trabalhadores independentes; aceitou que sócios-gerentes tivessem apoio; a suspensão dos despejos é muito importante; nos despedimentos, a solução está muito longe do que o BE defende, mas a forma como a Autoridade para as Condições de Trabalho passa a agir é uma reivindicação de sempre, e houve correções ao layoff.
- Quando um partido [PSD] diz que não apresenta propostas e que vota contra todas, está a demitir-se da sua função.
- A banca, neste momento, não tem risco nenhum. Portanto, não tem de cobrar comissões, spreads altos e distribuir dividendos.
- Mau negócio para o Estado, é ficar constantemente com as perdas da banca sem impor regras.
- O Estado deve ter poder sobre as empresas estratégicas.
- Tenho muita dificuldade em compreender como é que alguém pode defender [o congelamento dos aumentos dos funcionários públicos].
- O BE não aceitou austeridade em 2011 e não vai aceitar em 2021.
- Devo dizer que o facto de Centeno apoiar o Governo alemão é lamentável e não me descansa.

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