Com algum atraso, do qual
nos penalizamos, aqui fica o essencial da intervenção da Deputada Municipal
Elvira Meco, pelo Bloco de Esquerda, na Sessão Solene
realizada frente à Câmara Municipal de Portimão
Senhor
Presidente da Assembleia Municipal
Senhora
Presidente da Câmara Municipal de Portimão
Senhoras
e Senhores Autarcas
Excelentíssimas
Autoridades aqui presentes
Senhoras
e Senhores Convidados
Minhas
Senhoras e meus Senhores
Comemoramos
hoje, dia 25 de Abril de 2016, 42 anos de democracia. Quase tantos anos como os
anos de ditadura que tivemos. A 25 de Abril de 1974 terminou no nosso país um
regime político autoritário, autocrata e corporativo que se instalou em 28 de
maio de 1926, e que proibiu durante 48 anos as mais elementares liberdades
democráticas.
Estamos
num estado de mocrático porque sempre tivemos quem lutasse por ele. Vimos,
assim, reforçar as nossas memórias, agradecer e prestar a nossa sincera homenagem
aos que nunca deverão ser esquecidos na nossa história, que lutaram contra a
ditadura, pela liberdade e pela democracia. Agradecer deste modo a todos os
“Humbertos Delgados” e “Catarinas Eufémias”, que foram golpeando a ditadura até
1974. Homenagear todos os que deram origem ao processo democrático português, os
Capitães de Abril e o Povo de 1974 - pela coragem e determinação, pela postura
elevada e entusiasta, pela cidadania e pela vitória contra o “Estado Novo”. Fizeram
uma Revolução, restituíram aos portugueses os direitos e liberdades
fundamentais e deram ao mundo cravos e a maior lição de pacifismo.
Renasceu
a esperança e projetou-se um futuro de cidadania, de direitos, a liberdade de
expressão,o voto livre, a soberania popular, a valorização do trabalho e da
ação social, a construção do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública e do
Poder Local Democrático.
Aprovou-se
a lei fundamental do país, a CONSTITUIÇÃO de 1976 que, não raras vezes e, muito
em particular, durante o governo PSD/CDS foi banalizada, desconsiderada e posta
em causa. Governo de triste memória que, ao serviço da troika estrangeira e
anti-democrática quase arrasou o país com as suas políticas de desemprego,
precariedade, cortes nos salários, pensões e subsídios, degradação e
privatização de serviços públicos essenciais.
De
acordo com o artigo 1º da Constituição da República Portuguesa, “Portugal é uma
República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular
e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”. Não nos
podemos distrair, temos que estar permanentemente atentos e defendermos a nossa
AMEAÇADA soberania, o nosso conceito de democracia e os princípios fundamentais
que a regem.
Durante
largos anos assistimos, quer na política, quer no mercado de trabalho e na
sociedade em geral, a um retrocesso dos valores e conquistas de abril. Sentimos
a agonia dos valores democráticos, humanos e sociais. Às novas gerações foram
retirados poderes reivindicativos, grande parte da esperança e da
solidariedade. A precariedade, o desemprego e a desvalorização da condição
humana ainda hoje se encontram potencialmente presentes. A exploração humana
global floresce assim como o poder global da banca, da corrupção e da
austeridade liberal do capitalismo.
As
últimas eleições legislativas inauguraram um novo ciclo político e a esperança
voltou a aparecer no horizonte. Foram tomadas medidas importantes para diminuir
a austeridade e parar o empobrecimento do país. Mas não chega e é preciso ir
muito mais longe. Quem detém o poder a nível nacional tem de ter sempre
presente que não governa com maioria absoluta, devendo procurar consensos com
outras forças e não procurando impor a sua vontade como num passado muito
recente. Procurando sempre atender as reivindicações e necessidades dos
cidadãos, daqueles que mais precisam.
A
nível autárquico, em Portimão, foram dados alguns passos positivos neste
mandato. O Bloco de Esquerda destaca a diminuição da dívida municipal, o apoio
social a algumas famílias carenciadas e a imigrantes, e a dissolução, com
êxito, da Portimão Urbis. Como se sabe, esta empresa municipal foi a principal
responsável pelo grave endividamento em que se encontra ainda hoje o nosso
concelho.
Mas
persistem ainda muitos aspetos negativos. As consequências de uma gestão
desastrosa e despesista do Partido Socialista ao longo de décadas continuam a fazer-se
sentir fortemente no seio dos Portimonenses. E o atual poder autárquico, fruto
de uma aliança entre o PS e o PSD, ainda não conseguiu resolver muitos dos
problemas que afetam este concelho. Temos todas as taxas municipais no máximo,
os parques, jardins e rotundas continuam ao abandono, torna-se necessário
reforçar os apoios sociais a quem mais precisa, e dos 137 milhões que virão
para Portimão para pagar dívidas, mais de 120 milhões irão direitinhos para os
bancos. E sempre os Portimonenses a pagar.
No
que respeita aos últimos acontecimentos ocorridos neste concelho, importa que a
Câmara Municipal atue com ponderação e bom senso, procurando responder com
celeridade a situações sociais urgentes, atender os pedidos e necessidades, em
particular da parte dos mais débeis e desprotegidos, e salvaguardar a todo o
momento o interesse público. Características fundamentais, de um efetivo poder
local democrático que este ano comemora 40 anos de existência.
Viva
o Poder Local Democrático!
Viva
a Constituição da República Portuguesa!
Viva o 25 de abril!
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