sábado, 9 de dezembro de 2023

MAIS CITAÇÕES (261)

 
Os problemas que se punham com o melhor amigo de Costa põem-se, por maioria de razão, com o filho de Marcelo.

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Qualquer coisa que saia da Presidência com o nome do filho do Presidente associado ganha, onde chegue, o estatuto de cunha.

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Como o próprio Presidente sublinhou, quando exigiu a demissão de João Galamba, há sete meses, os políticos são responsáveis pelos atos daqueles que escolheram.

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Marcelo deixou a coisa arrastar-se por um mês, negou contactos do filho com ele que afinal existiam e até ameaçou pôr em tribunal quem o associasse ao caso.

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Parece evidente que há responsabilidades políticas abaixo do Presidente, ou a cunha expressa ou implícita, depois da recusa do hospital, não funcionaria.

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Mas a gravidade primeira será sempre o envolvimento do Chefe de Estado.

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Este caso não tem a relevância política das amea­ças irresponsáveis e inconsequentes de dissolução, quando o Palácio de Belém se transformou num dos principais focos de instabilidade política.

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Mesmo que as motivações tenham sido as melhores, a ideia de que a proximidade a um decisor político pode ser a fronteira entre a vida e a morte, no acesso ao SNS. 

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É por isso que me atrevo a dizer que este caso, se não é mortal para Marcelo, andará lá perto. 

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A autoridade política de Marcelo já tinha sido desgastada pela guerrilha que manteve com Costa. A ética sai irremediavelmente abalada.

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Estamos a atravessar uma tempestade perfeita. O Governo caiu por um processo judicial que parece ser um instável castelo de cartas. 

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O maior partido da oposição foi apanhado de surpresa, com um líder fraco de que se queria ver livre.

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E, depois de sucessivos espetáculos mediáticos, a Justiça está desacreditada. 

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Só faltava “o último fusível de segurança”, como o Presidente se referiu a si mesmo no discurso de maio.

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Como sabemos, só há um sector político que ganha com tudo isto. (…) Porque o estilo dá audiências, André Ventura tem, nos últimos meses, um lugar quase cativo na CNN Portugal.

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O país sabe que não se pode dar ao luxo de juntar o Presidente a todas as crises institucionais que está a atravessar.

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[Com] a autoridade ética desgastada por este episódio, o “último fusível” pode ter deixado de funcionar. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Em pleno Parque Natural da Ria Formosa, numa área de tal modo rica que nela se instalaram valiosas pradarias marinhas, prepara-se a intervenção de obras pesadas tendo em vista transformar aquela área da Ria num porto para embarcações de recreio.

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Por que motivo em vez de adaptar esse degradado e pouco utilizado porto comercial de Faro, se pretende destruir, mesmo ao lado, um valioso segmento da Ria Formosa para uma marina de recreio afetando um património ambiental de grande valor económico?

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É importante sublinhar que aquela zona da Ria Formosa, que inclui parte de um sapal, presta inúmeros serviços a vários níveis.

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Funciona como uma autêntica maternidade, berçário e infantário de espécies porque os peixes, crustáceos e moluscos põem ovos, nascem e crescem ali mais rapidamente conseguindo o dobro da taxa de sobrevivência.

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Acresce ainda que esta zona específica é essencial para ajudar a purificar a água da Ria, pela sua capacidade de filtrar os afluentes urbanos e os provenientes da agricultura.

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Trata-se, além do mais, de habitats classificados como prioritários, alguns em risco de extinção com diretivas explícitas para serem restaurados.

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De facto, uma obra brutal como esta que se pretende agora para construir o porto de recreio pode comprometer a própria integridade ecológica da Ria. 

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O Parque Natural da Ria Formosa não é um espaço devoluto à espera das fantasias turísticas. 

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É uma área ambientalmente preciosa no país e na UE, protegida por leis nacionais e comunitárias.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

A posição de classe da nossa família e o lugar onde nascemos determinam muito o nosso percurso de vida, no geral e no trabalho.

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O elevador [social proporcionado pela educação e qualificação] apresenta-se bloqueado.

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Estamos a desaproveitar o investimento que as famílias e o Estado fizeram na escolarização.

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Um jovem vai a uma entrevista para o seu primeiro emprego totalmente isolado. Entra no leilão do seu salário, sem o mínimo de capacidade de defesa. 

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As empresas, quando recrutam jovens a quem se exige alguma qualificação, adotam esta malandrice de lhes perguntar quanto pensam ter de salário. 

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Sabem muito bem que eles estão num estado de necessidade condicionador e, também sabem, que estas práticas cavam desigualdades.

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As políticas de emprego estão afuniladas na responsabilização individual, quando a “empregabilidade” está muito dependente das políticas públicas e de compromissos coletivos. 

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Um dos grandes problemas da sociedade é melhorar rapidamente as condições com que os jovens entram no mercado de trabalho.

Carvalho da Silva, JN

 

Numa altura em que o mundo é assolado por crises, o 75.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) deve suscitar mais do que reflexões superficiais.

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O colapso climático está aí. Há conflitos a proliferar.

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A pobreza e a fome estão a ganhar destaque, enquanto a tecnologia se posiciona para transformar as nossas sociedades.

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Existe uma percepção generalizada de que os direitos humanos são aplicados de forma selectiva – dentro de cada país e entre países.

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A nível nacional, as mulheres, as minorias e as pessoas com baixos rendimentos têm menos probabilidades de usufruir dos seus direitos, com especial destaque para o acesso à justiça e o acesso aos cuidados de saúde.

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A nível internacional, há uma gritante duplicidade de critérios.

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Ao mesmo tempo, é retirada a prioridade a determinados direitos colectivos em todo o mundo, como o direito a um meio ambiente salutar.

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O grito de alerta dos direitos humanos foi diluído por acusações de captura pelas elites e de apropriação pelos grupos marginais.

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Os antigos defensores dos direitos parecem diminuídos ou comprometidos. 

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O próprio sistema multilateral que ancora os direitos está em crise

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Diversos agentes, como os advogados de direitos humanos, ONG e organizações internacionais, continuam a dar esperança, apoio e reparação a quem procura justiça e protecção.

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É crucial que evitemos a estagnação e o desânimo, que apenas favorecem os abusadores e os autoritários.

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Temos de nos tornar mais criativas e criativos na forma como apoiamos as pessoas que defendem os direitos.

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Temos de investir nos líderes e nos instrumentos de amanhã, em vez de tentarmos recuperar o atraso com os autoritários.

Natalie Samarasinghe, “Público” (sem link)


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