sexta-feira, 7 de setembro de 2012

PS POLUÍDO

Bem vistas as coisas, o actual PS (leia-se Partido de Seguro) mantém a matriz inicial do velho PS (leia-se Partido de Soares). Aponta para a esquerda mas no momento da decisão vira à direita. Como ainda há poucos dias afirmava João Semedo, o Partido de Seguro está “poluído por concepções neoliberais que o tornam distante da esquerda.” Digam os actuais dirigentes o que disserem, a verdade é que o que Seguro nos propõe, agora, é uma austeridade fofinha como alternativa à austeridade máscula e dinâmica de Passos/Portas. Desde há algum tempo que se vem verificando que o PS quer tirar o rabinho da assinatura que colocou no contrato subscrito com a troika, ao lado do PSD e CDS e com a bênção do Presidente da República. Declarações e textos vão nesse sentido como aquele que transcrevemos do “Diário de Coimbra” de hoje, da autoria de um economista “socialista” e que apresentamos a seguir:



O governo falhou! (*)

Os portugueses estão hoje confrontados com uma realidade incontornável. O governo falhou na sua estratégia de ir para além da troika, apesar de ter sujeito os portugueses a uma austeridade que provocou o empobrecimento generalizado do país.

O governo falhou nas previsões, objectivos e metas que se propôs alcançar.

A previsão do desemprego para este ano era, de acordo com o primeiro-ministro, de 13,4%. Todavia, o desemprego atingiu um valor record, 15,7% no mês de Julho, devendo situar-se no final do ano acima dos 15,5%. O governo falhou!

A recessão para este ano seria, na previsão do governo, inferior a 2,8%. Segundo a maioria das análises a contração do PIB será bem superior, podendo, segundo algumas opiniões, atingir 3,7%. O governo, mais uma vez, falhou!

A meta do défice para este ano era de 4,5% do PIB. O primeiro-ministro afirmou, por diversas vezes, que todos os sacrifícios se justificavam porque era necessário atingir esse objetivo. Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental o défice no primeiro semestre, foi de 6,9% sendo um dado adquirido que no final do ano será muito superior a 5%. O défice prometido não vai ser cumprido em consequência da redução drástica das receitas fiscais apesar do aumento generalizado dos impostos. O governo voltou a falhar, com a agravante de, neste caso, ter sido no objetivo que, ele próprio, considerava central: a meta do défice.

Curiosamente, Cavaco Silva suspendeu o seu silêncio estival e prontamente deu a mão presidencial ao governo, afirmando que o problema não era umas décimas a mais na meta do défice. Esqueceu-se, apenas, que a credibilidade da política orçamental do governo e a justificação para a política de austeridade imposta aos portugueses assentavam, precisamente, nestas insignificantes décimas.

Aumento do desemprego, recessão, diminuição da receita fiscal, eram previsíveis. A receita imposta pelo governo falhou como era expectável!

Os portugueses, que têm cumprido ordeira e estoicamente o que lhes tem sido imposto e sentido de forma bem sofrida as consequências de tanta austeridade, interrogam-se e exigem respostas que alimentam a sua inquietude.

Para que serviram tantos sacrifícios? Quem são os responsáveis por este fiasco? A troika ou a versão nacional trioka+um (Passos, Gaspar, Relvas+Borges)? Como vai ser compensado o falhanço no plano orçamental? Vamos ter mais austeridade? O desemprego vai continuar a crescer? A dívida pública vai continuar a aumentar? Quando acaba a recessão?

A paciência dos portugueses está a esgotar-se. O direito à indignação está ao virar da esquina!

(*) André Oliveira

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