Com a proibição de concentração de
pessoas e o encerramento das salas de espetáculo, rapidamente o que estava
programado foi cancelado e o setor paralisou.
(…)
Além disso, quem trabalha nas artes e no
audiovisual também tem de pagar a comida, a água, a luz e a renda de casa.
(…)
Para responder a quem dedica a sua vida
às artes e se vê agora sem rendimento é preciso intervir no imediato
(…)
Poucos são os trabalhadores deste setor
que vão conseguir aceder a medidas como a “suspensão do contrato” (que implica
que ele exista) ou o subsídio de desemprego
(…)
Um reforço orçamental para a Cultura é
tão importante como o que está a haver noutras áreas. 10% do Orçamento do
Ministério já seriam 50 milhões a mais – faz diferença.
(…)
Em contexto de emergência, não julguemos
menos relevante a resposta à cultura do que a que damos a outras dimensões da
nossa vida coletiva.
Trump quis convencer o
mundo de que a questão era de temperatura e que, com o calor, a ameaça
esfumar-se-ia como que por milagre.
(…)
Que os negacionistas do
clima sejam também os da pandemia do coronavírus não é surpreendente.
(…)
A base comum (de Trump e Bolsonaro) é a
recusa do conhecimento científico,
(…)
Em tempos de incerteza como os que
vivemos, em que o que antes era um ambiente seguro se transforma numa ameaça, é
mesmo fundamental basear as decisões políticas no conhecimento disponível.
(…)
Com mais de um milhão de registos de
pessoas infetadas e dezenas de milhares de mortos, vão-se tornando evidentes os
custos das lideranças impreparadas e irresponsáveis.
(…)
Só nos Estados Unidos, mais de 29
milhões de pessoas não possuem seguro de saúde, estima-se que os custos de
tratamento de uma pessoa doente possam ascender a 75 mil dólares, o que está
claramente fora das possibilidades da maioria dos cidadãos.
(…)
. É por isso cada vez mais evidente a
importância de serviços de saúde públicos e universais para que o direito à
saúde possa ser consagrado numa base de igualdade.
As afirmações de
Bolsonaro, enquanto cidadão, seriam irresponsáveis e um enorme disparate. Mas,
enquanto Presidente do Brasil, são afirmações criminosas, de quem desvaloriza a
vida das pessoas.
(…)
A pobreza, num país com
enormes desigualdades e sem cuidados de saúde universais, marca quem está na
linha da frente para pagar a fatura da pandemia, quer na saúde, quer na
economia.
(…)
Os mais frágeis, aqueles
que perderão a vida para a vírus ou que ficarão com complicações para o resto
da vida, as suas famílias que os irão perder, são os danos colaterais das
escolhas de Bolsonaro.
(…)
A angústia de quem
acompanha deste lado do atlântico a dura realidade dos nossos irmãos vem
acompanhada de uma certeza que também é uma esperança: o povo brasileiro é
muito mais forte do que o seu Presidente.
Pedro Filipe
Soares, “Público” (sem link)
Num contexto de
normalidade, também será possível, com políticas e motivações adequadas, produzir
nacional muito do que se dava como inevitável ter de ser feito no exterior.
(…)
Este tempo de emergências,
de condicionalismos e sacrifícios que afetam todos (não de forma igual) esbate
divergências e faz-nos convergir no que é fundamental.
(…)
Contudo, é preciso começar
a pôr a nu que a resposta aos problemas que estamos a enfrentar e, acima de
tudo, àqueles com que nos vamos deparar, exige o reavivar das ideologias e não
a supressão das diferenças, ou o absolutismo do pragmatismo.
(…)
As consequências desta
crise estão a revelar em toda a extensão a insanidade da fragmentação das
cadeias produtivas por múltiplas geografias, a que se deu o nome de
globalização das cadeias de valor.
(…)
Agora, não só em Portugal,
mas até em países mais avançados, faltam bens tão simples como máscaras e
equipamentos de proteção contra o contágio.
(…)
Tudo isso nos continuará a
faltar se não travarmos um forte confronto ideológico, que coloque em realce os
fracassos do capitalismo que temos vivido.
Agora que o estado de emergência
foi renovado por mais 15 dias, todos percebem que esta excepção prevista
constitucionalmente num Estado democrático não significa músculo e usurpação de
liberdades, mas antes razão e bom senso.
(…)
Uma aldeia povoada por
irredutíveis liberais ainda resiste à emergência.
(…)
O voto contra o estado de
emergência não se limita a isolar a Iniciativa Liberal na demagogia.
(…)
É uma espécie de mix entre
procissão de fé e um auto de sequestro individual. Exigem ao Estado que
responda mas abominam que o Estado assuma.
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