Há
dias, António Saraiva (AS), presidente da CIP, numa tirada pouco inocente ou,
na melhor das hipóteses, muito infeliz, afirmava em entrevista que “mais vale
ter trabalho precário do que desemprego”. Esta estranha e cínica preocupação com
a situação dos trabalhadores traz água no bico na medida em que a CIP,
naturalmente, nada disse sobre uma série de medidas tomadas pelo governo
Passos/Portas, altamente prejudiciais para quem trabalha por conta de outrem. É
claro que aquela confederação do grande patronato sente agora que deixou de ter
no poder o “seu” governo e não é de admirar que, aqui e acolá, vá dando umas
alfinetadas no executivo agora em funções e ancorado à esquerda, o qual, por pressão
de BE e PCP tem revelado algumas intenções de melhoria das condições dos
trabalhadores.
O
texto seguinte constitui um pequeno e oportuno comentário de Nicolau Santos,
sobre as afirmações de AS, que transcrevemos do Expresso Economia de ontem,
12/3/2016.
O
presidente da CIP deu uma entrevista à Antena1/”Económico”, onde critica o
Governo por tentar impor um salário mínimo de 530 euros e por repor os feriados
civis sem compensar as empresas, defendendo ainda o trabalho precário ao
desemprego. O trajeto profissional de António Saraiva faz supor que algumas
coisas que diz são mais para os associados da CIP do que aquilo que pensa. Mas dando
como adquirido que o que disse é mesmo o que pensa, então é de perguntar: o que
fez a CIP quando o salário mínimo esteve congelado mais de quatro anos? Protestou
publicamente? E o que fez a CIP quando o anterior Governo cortou quatro
feriados? Também defendeu compensações para os trabalhadores?
Terceiro: o que fez a CIP
para travar o trabalho precário? Opõe-se-lhe? É que o desemprego tem vindo a
descer mas o trabalho precário a aumentar. As perguntas são, talvez, originais.
As respostas é que são seguramente velhas e conhecidas.
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