Praticamente
desde a formação dos EUA que a cultura bélica atravessa a sociedade norte-americana.
É dentro desta lógica que têm lugar com estranha frequência massacres de
pessoas inocentes e cuja notícia já é tomada como natural por todo o mundo.
A
esta situação não é certamente alheia a facilidade com que se adquire uma arma
neste país, qualquer pessoa o reconhece. De qualquer maneira, a realidade
vem-nos demonstrando que, de todas as vezes que tem lugar um massacre com um
número significativo de mortes, um grande clamor se levanta de imediato mas,
passado algum tempo tudo volta à situação anterior, com maior ou menor
retórica. Para esta situação muito
contribuirá a força do poderosíssimo lóbi das armas corporizado na NRA.
No
entanto, a verdade é que são os dados oficiais da administração pública norte-americana que mostram o elevado número de vítimas mortais “na sequência
de ferimentos causados” pelo uso de armas de fogo. A título de exemplo,
deixamos aqui alguns dados significativos que recolhemos de um artigo de
opinião assinado por Bárbara Reis no “Público” desta sexta-feira.
Os dados oficiais da administração
pública norte-americana publicados pelo Disease
Control and Prevention (CDC) mostram no entanto uma realidade diferente: em
média, todos os dias morrem 96 americanos na sequência de ferimentos causados
por uma arma de fogo, mais ou menos 33 mil mortes por ano. Em 2016, houve
38.658 mortes, repartidos por homicídio (14.925), suicídios (22.938), acidentes
(495) e causa indeterminada (300). Já em 1994, o CDC estimava um custo de 2,3
mil milhões de dólares só em tratamento médico para os feridos em incidentes
com armas de fogo. Em 2002, eram vendidos 4,5 milhões de novas armas nos EUA, e
entre novas, velhas e roubadas, dez milhões mudavam de mãos. Isto num país em
que, segundo as sondagens, entre 35% e 50% dos cidadãos têm pelo menos uma arma
de fogo em casa.
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