Só quem está completamente fora da realidade do país pode pensar que os portugueses trabalham pouco. Os números só vêm confirmar as evidências. Sabe-se, por exemplo que os nossos trabalhadores são muito apreciados nos países para onde emigram. Seria um paradoxo que fossem mais aplicados no estrangeiro do que em Portugal. É óbvio que não é isso que acontece. Para além de outros factores, também parece claro que a qualidade dos nossos empresários é inferior à que os nossos compatriotas encontram em muitos países. Ou seja, em termos comparativos, os trabalhadores portugueses têm uma qualidade superior à dos empresários.
Não nos parece que o Governo desconheça esta realidade. O que sucede é que, com base em ideias falsas, se está a aproveitar a situação gerada pela crise para baixar ainda mais o custo do factor trabalho através do aumento do número de horas de trabalho não pago e da anulação de direitos há muito conquistados. É a agenda ideológica a funcionar.
O texto seguinte é da autoria do jornalista Nicolau Santos e vem inserido no caderno Economia do “Expresso” de hoje. Nele se analisa um estudo realizado pelo Eurostat sobre a duração do trabalho na União Europeia. Vale a pena lê-lo.
TRABALHAR POUCO E MAL
“O Governo quer pôr-nos a trabalhar mais, já que essa será uma das causas da falta de competitividade da nossa economia. Mas será mesmo assim? Um estudo realizado pelo Eurostat sobre a duração do trabalho anual nos países da União Europeia a 27 demonstra que na categoria “trabalhadores assalariados” a tempo completo, Portugal surge em 14º lugar no número de horas de trabalho efectivo realizado (6º lugar na zona euro, atrás de Malta, Grécia, Eslováquia, Chipre e Alemanha). E os países com menos horas de trabalho são a Finlândia e a França. Quanto aos trabalhadores assalariados a tempo parcial estamos em 17º lugar entre os 27. Ou seja, Portugal surge nestes indicadores a meio da tabela. E o estudo conclui que não é possível estabelecer qualquer relação entre crescimento económico e número de horas trabalhadas (países com maiores níveis de crescimento tiveram reduções significativas do número de horas trabalhadas – caso da Irlanda -, e vice-versa – caso da Grécia). Conclusão: antes do governo tomar decisões com base em ideias feitas, convinha ter a certeza se elas são correctas. Pelos vistos, o nosso problema não é trabalharmos pouco. É trabalharmos mal. E essa é uma questão que só se resolve com melhor gestão e um enquadramento institucional mais favorável.”
Não nos parece que o Governo desconheça esta realidade. O que sucede é que, com base em ideias falsas, se está a aproveitar a situação gerada pela crise para baixar ainda mais o custo do factor trabalho através do aumento do número de horas de trabalho não pago e da anulação de direitos há muito conquistados. É a agenda ideológica a funcionar.
O texto seguinte é da autoria do jornalista Nicolau Santos e vem inserido no caderno Economia do “Expresso” de hoje. Nele se analisa um estudo realizado pelo Eurostat sobre a duração do trabalho na União Europeia. Vale a pena lê-lo.
TRABALHAR POUCO E MAL
“O Governo quer pôr-nos a trabalhar mais, já que essa será uma das causas da falta de competitividade da nossa economia. Mas será mesmo assim? Um estudo realizado pelo Eurostat sobre a duração do trabalho anual nos países da União Europeia a 27 demonstra que na categoria “trabalhadores assalariados” a tempo completo, Portugal surge em 14º lugar no número de horas de trabalho efectivo realizado (6º lugar na zona euro, atrás de Malta, Grécia, Eslováquia, Chipre e Alemanha). E os países com menos horas de trabalho são a Finlândia e a França. Quanto aos trabalhadores assalariados a tempo parcial estamos em 17º lugar entre os 27. Ou seja, Portugal surge nestes indicadores a meio da tabela. E o estudo conclui que não é possível estabelecer qualquer relação entre crescimento económico e número de horas trabalhadas (países com maiores níveis de crescimento tiveram reduções significativas do número de horas trabalhadas – caso da Irlanda -, e vice-versa – caso da Grécia). Conclusão: antes do governo tomar decisões com base em ideias feitas, convinha ter a certeza se elas são correctas. Pelos vistos, o nosso problema não é trabalharmos pouco. É trabalharmos mal. E essa é uma questão que só se resolve com melhor gestão e um enquadramento institucional mais favorável.”
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