A pobreza está a aumentar em Portugal de forma vertiginosa.
Por mais que os governantes nos tentem atirar areia aos olhos não conseguem sequer disfarçar a realidade que pode ser constatada pelos números fornecidos pelas organizações que apoiam, de diversas formas, os mais carenciados.
Assim, por exemplo, os pedidos de ajuda solicitados aos serviços sociais da Fundação AMI cresceram 85% de 2008 para 2011. De realçar que:
- A maioria das pessoas que frequenta os serviços sociais da AMI está em idade activa;
- 20% têm rendimentos provenientes do trabalho embora insuficientes;
- O trabalho precário cresceu 43%;
- O aumento galopante dos novos casos de sem-abrigo, entre as mulheres, passou de 13% em 1999 para 31% em 2011.
O recente Acordo de Concertação Social, com o radicalismo das medidas imposta pelo Governo e aceites pela UGT vai provocar ainda mais casos de pobreza e fazer crescer as já grandes desigualdades sociais.
O texto seguinte que aborda este tema, de forma muito clara, é o excerto de um artigo de opinião (Os dois países) de Daniel Oliveira inserido no “Expresso” de ontem.
“Vamos aos factos. Para eles socorro-me quase exclusivamente de “Desigualdade em Portugal” (Edições 70), uma obra colectiva chegada há pouco às livrarias. Antes de mais, Portugal é desigual nos salários. Os 20% com maiores rendimentos recebem entre cinco a seis vezes mais do que os com pior rendimento. Os que mais recebem ficam com 44% do total da remuneração salarial (em 1985 ficavam apenas com 36%). Na divisão trabalho/capital a desigualdade é ainda maior. Desde 1998, os salários aumentaram sistematicamente abaixo do aumento do PIB. Em meados dos anos 70 o trabalho ficava com 59% da riqueza produzida. Hoje fica com 39%. Poderá haver menos dinheiro. Mas são os trabalhadores, sobretudo os mais pobres, que têm ficado sem ele. E têm sido os governos os árbitros desta injustiça.
Desigualdade económica é desigualdade de poder. Duas pessoas: uma ganha mais de 2500 euros mensais, outra menos de 800. A primeira tem seis vezes maior probabilidade de ser militante de um partido, sete vezes maior probabilidade de contactar pessoalmente com um político ou um alto funcionário público, oito vezes maior probabilidade de ter algum tipo de actividade voluntária. A esmagadora maioria dos trabalhadores nunca fez uma greve ou participou na vida sindical. Apenas 17% dos portugueses participaram alguma vez numa acção cívica colectiva. A média europeia é de 41%. Na Escandinávia é de 70%. E quem participa menos são os pobres. É este o círculo vicioso: a desigualdade económica alimenta a desigualdade de influência política e social que alimenta a desigualdade económica. E na hora de dividir os sacrifícios isso nota-se.”
Por mais que os governantes nos tentem atirar areia aos olhos não conseguem sequer disfarçar a realidade que pode ser constatada pelos números fornecidos pelas organizações que apoiam, de diversas formas, os mais carenciados.
Assim, por exemplo, os pedidos de ajuda solicitados aos serviços sociais da Fundação AMI cresceram 85% de 2008 para 2011. De realçar que:
- A maioria das pessoas que frequenta os serviços sociais da AMI está em idade activa;
- 20% têm rendimentos provenientes do trabalho embora insuficientes;
- O trabalho precário cresceu 43%;
- O aumento galopante dos novos casos de sem-abrigo, entre as mulheres, passou de 13% em 1999 para 31% em 2011.
O recente Acordo de Concertação Social, com o radicalismo das medidas imposta pelo Governo e aceites pela UGT vai provocar ainda mais casos de pobreza e fazer crescer as já grandes desigualdades sociais.
O texto seguinte que aborda este tema, de forma muito clara, é o excerto de um artigo de opinião (Os dois países) de Daniel Oliveira inserido no “Expresso” de ontem.
“Vamos aos factos. Para eles socorro-me quase exclusivamente de “Desigualdade em Portugal” (Edições 70), uma obra colectiva chegada há pouco às livrarias. Antes de mais, Portugal é desigual nos salários. Os 20% com maiores rendimentos recebem entre cinco a seis vezes mais do que os com pior rendimento. Os que mais recebem ficam com 44% do total da remuneração salarial (em 1985 ficavam apenas com 36%). Na divisão trabalho/capital a desigualdade é ainda maior. Desde 1998, os salários aumentaram sistematicamente abaixo do aumento do PIB. Em meados dos anos 70 o trabalho ficava com 59% da riqueza produzida. Hoje fica com 39%. Poderá haver menos dinheiro. Mas são os trabalhadores, sobretudo os mais pobres, que têm ficado sem ele. E têm sido os governos os árbitros desta injustiça.
Desigualdade económica é desigualdade de poder. Duas pessoas: uma ganha mais de 2500 euros mensais, outra menos de 800. A primeira tem seis vezes maior probabilidade de ser militante de um partido, sete vezes maior probabilidade de contactar pessoalmente com um político ou um alto funcionário público, oito vezes maior probabilidade de ter algum tipo de actividade voluntária. A esmagadora maioria dos trabalhadores nunca fez uma greve ou participou na vida sindical. Apenas 17% dos portugueses participaram alguma vez numa acção cívica colectiva. A média europeia é de 41%. Na Escandinávia é de 70%. E quem participa menos são os pobres. É este o círculo vicioso: a desigualdade económica alimenta a desigualdade de influência política e social que alimenta a desigualdade económica. E na hora de dividir os sacrifícios isso nota-se.”
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