O texto que a seguir reproduzimos é um excerto de um artigo de opinião que hoje vinha inserido no “Diário de Coimbra” e que constitui mais um exemplo da força do capital financeiro e de como ele domina mesmo as mais sólidas democracias. São aqui abordados três aspectos que caracterizam a situação actual: as somas colossais de ajuda dos estados à banca através de dinheiros públicos e a juros baixíssimos; os juros astronómicos que a mesma banca cobra aos estados que necessitam financiamento; o aumento brutal das remunerações dos dirigentes dos grandes bancos. É falso quando nos querem fazer convencer que não há dinheiro para sectores como a saúde, a educação ou a segurança social. O dinheiro existe e nunca circulou tanto como agora em todo o mundo só que está concentrado injustamente nas mãos erradas.
Querido dinheiro
Nos finais de Outubro, recebi a informação de uma universidade irlandesa, com quem trabalhei três anos, sobre a verdadeira dívida soberana americana mas, francamente e tal a enormidade do valor, tive algumas dúvidas, agora dissipadas pela agência Bloomberg, ao fim de dois anos de processos judiciais em nome do “Feerdom of Information Act”.
Havia o conhecimento oficial de 700 mil milhões de ajudas aos bancos (Plano Paulson, 2008) contudo, o que ninguém sabia, nem mesmo o congresso ou o senado, que o governo de Obama, entre aquisições de créditos mal parados, garantias bancárias e, sobretudo, empréstimos aos estabelecimentos financeiros, despendeu a soma astronómica de 7700 mil milhões ($7,77 trillion), ou seja, metade do PIB americano.
Neste verdadeiro inquérito aos empréstimos secretos da Reserva Federal (FED) fica-se impressionado. Só no dia 5 de Dezembro de 2008, saíram 1200 mil milhões para cerca de trinta instituições bancárias, incluindo a Société Générale (França), Dexia (francobelga), UBS (Suíça) e Royal Bank of Scotland. Mais impressionado ficamos quando os documentos revelam que a taxa praticada foi de 0,01%
Posto isto e na expectativa de que mais um tsunami financeiro não assole o planeta, fica uma outra grande questão: como é possível uma entidade bancária ter aquela ou taxas próximas para as vir disponibilizar aos estados com valores centenas de vezes superiores, para que estes possam amortizar as suas dívidas soberanas? Como simples exemplo, as taxas de juro praticadas pelos mercados a dez anos (Novembro 2011, EFFAS/Bloomberg) são: Portugal (11,39), Grécia (28,45), Itália (6,99), Irlanda (8,21), Espanha (6,32) e Alemanha (1,77).
Se a formulação desta pergunta também foi feita pelo ex-primeiro ministro francês Michel Rocard e o economista Pierre Larrouturou, Le Monde (02/01/02), o ex-chanceler Helmut Schmit, ainda editor do semanário de referência Die Zeit, foi límpido na intervenção que produziu no congresso do partido social-democrata, a 4 de Dezembro em Berlim: “alguns milhares de brookers nos USA e na Europa, mais algumas agências de notação, tornaram reféns os governos politicamente responsáveis”.
Entretanto, enquanto as acções cotadas na bolsa estão em queda livre, as remunerações dos dirigentes dos grandes bancos progridem 12,5%, em 2010. Num estudo elaborado pelo gabinete Alpha Value, publicado no financeiro La Tribune, Portugal com 850 mil, surge à frente de países “mais pobres”, como a Dinamarca, Bélgica, Noruega e Holanda. (…) (João Marques, Diplomado em Ciências da Comunicação, Universidade Bordeux III)
Querido dinheiro
Nos finais de Outubro, recebi a informação de uma universidade irlandesa, com quem trabalhei três anos, sobre a verdadeira dívida soberana americana mas, francamente e tal a enormidade do valor, tive algumas dúvidas, agora dissipadas pela agência Bloomberg, ao fim de dois anos de processos judiciais em nome do “Feerdom of Information Act”.
Havia o conhecimento oficial de 700 mil milhões de ajudas aos bancos (Plano Paulson, 2008) contudo, o que ninguém sabia, nem mesmo o congresso ou o senado, que o governo de Obama, entre aquisições de créditos mal parados, garantias bancárias e, sobretudo, empréstimos aos estabelecimentos financeiros, despendeu a soma astronómica de 7700 mil milhões ($7,77 trillion), ou seja, metade do PIB americano.
Neste verdadeiro inquérito aos empréstimos secretos da Reserva Federal (FED) fica-se impressionado. Só no dia 5 de Dezembro de 2008, saíram 1200 mil milhões para cerca de trinta instituições bancárias, incluindo a Société Générale (França), Dexia (francobelga), UBS (Suíça) e Royal Bank of Scotland. Mais impressionado ficamos quando os documentos revelam que a taxa praticada foi de 0,01%
Posto isto e na expectativa de que mais um tsunami financeiro não assole o planeta, fica uma outra grande questão: como é possível uma entidade bancária ter aquela ou taxas próximas para as vir disponibilizar aos estados com valores centenas de vezes superiores, para que estes possam amortizar as suas dívidas soberanas? Como simples exemplo, as taxas de juro praticadas pelos mercados a dez anos (Novembro 2011, EFFAS/Bloomberg) são: Portugal (11,39), Grécia (28,45), Itália (6,99), Irlanda (8,21), Espanha (6,32) e Alemanha (1,77).
Se a formulação desta pergunta também foi feita pelo ex-primeiro ministro francês Michel Rocard e o economista Pierre Larrouturou, Le Monde (02/01/02), o ex-chanceler Helmut Schmit, ainda editor do semanário de referência Die Zeit, foi límpido na intervenção que produziu no congresso do partido social-democrata, a 4 de Dezembro em Berlim: “alguns milhares de brookers nos USA e na Europa, mais algumas agências de notação, tornaram reféns os governos politicamente responsáveis”.
Entretanto, enquanto as acções cotadas na bolsa estão em queda livre, as remunerações dos dirigentes dos grandes bancos progridem 12,5%, em 2010. Num estudo elaborado pelo gabinete Alpha Value, publicado no financeiro La Tribune, Portugal com 850 mil, surge à frente de países “mais pobres”, como a Dinamarca, Bélgica, Noruega e Holanda. (…) (João Marques, Diplomado em Ciências da Comunicação, Universidade Bordeux III)
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