segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

SINDICALISMO AMARELO

A UGT foi fundada em 1978 por um grupo de sindicatos que se separaram da CGTP, no seguimento do movimento que ficou conhecido por “Carta Aberta” e que contestava o propósito da Intersindical representar todos os trabalhadores portugueses.
Logo na altura ficou claro que a criação da UGT nasceu a partir das cúpulas do PS e PSD e tinha como principal propósito combater a hegemonia do PCP no movimento sindical. Ainda agora, quando é referido o nome de Carvalho da Silva, dirigente máximo da CGTP, se acrescenta que é militante do PCP enquanto se esconde, na maior parte das vezes, que João Proença é “socialista”. Tal como hoje vimos escrito num blog, “a UGT é um acessório governamental, qualquer que seja o Governo e foi para isso que foi criada, como sabemos, tendo por base um acordo partidário PS/PSD.”
O texto seguinte é um excerto de um artigo de opinião – UGTola! – de um militante do PS, Sérgio Ferreira Borges e estava inserido no “Diário de Coimbra” de ontem. Nele se prova que há “socialistas” que contestam de forma veemente a acção da UGT.

"É com absoluto desassombro e sem qualquer tipo de reserva mental que escrevo sobre a UGT. Fui professor na escola de formação profissional da organização e convidado para fazer os seus tempos de antena televisivos, o que recusei porque isso implicaria m compromisso de outra ordem.
Quando a cidadã brasileira Dulce Pereira me retirou todas as funções na CPLP – a mim e aos restantes assessores portugueses – recebi um telefonema de João Proença, manifestando-me solidariedade e disponibilizando os serviços jurídicos da UGT, para qualquer acção que decidisse intentar. Dito isto, não me faltariam razões para ser amigo da UGT. Também não sou inimigo, mas sou crítico e até adversário.
Desde a sua fundação, uma sórdida consequência do movimento “Carta Aberta”, a UGT tem cumprido a pouca honrosa missão de marcar golos na própria baliza, sempre que isso dá jeito ao adversário. Isto é, assina acordos de concertação, sempre que o governo precisa deles, hipotecando assim os interesses da sua própria equipa, os trabalhadores portugueses. A regra voltou a cumprir-se. Sem o favor da UGT, não teria havido acordo de concertação e o titubeante ministro da Economia não teria serviço para apresentar. Este triste papel da UGT foi antecipado em 1982, por Alan Sapper, então deputado trabalhista, dirigente do TUC e líder dos sindicatos da BBC. “Isto é sindicalismo à alemã” – dizia-me, numa conversa testemunhada por Artur Ramos. Quis que me explicasse o conceito. “É um sindicalismo que está sempre onde não é preciso, para fazer aquilo de que os outros precisam”, respondeu-me Alan Sapper. A UGT é isso, está na Concertação Social, onde a sua presença é perfeitamente dispensável, para fazer aquilo que o Governo precisa. Onde há luta social, assobia para o lado, porque tem vocação obreirista e por isso não sabe fazer o necessário.
A UGT não é uma central sindical, não representa nada, nem ninguém. É apenas um facilitador de interesses espúrios. Não se infira daqui que defendo o seu desaparecimento. Pelo contrário, prefiro a sua reconversão e o abandono definitivo do sindicalismo amarelo." (…)

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