terça-feira, 17 de janeiro de 2012

TDT: TRABALHADORES DENUNCIAM "NEGOCIATA"

Justiça seja feita à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital pelos esforços que tem envidado no sentido de não permitir que mais de 6 mil pessoas do concelho sejam excluídas do acesso à Televisão Digital Terrestre (TDT). Com efeito, a autarquia tem advertido a PT no sentido de arranjar soluções técnicas que reduzam os custos para as populações uma vez que foi aquela empresa que ganhou o concurso para a transmissão do sinal digital.
Depois de ter contado com a solidariedade de Francisco Louçã que há pouco tempo visitou o concelho, realizou-se no passado domingo um debate na biblioteca daquela localidade, com a presença de trabalhadores da RTP. Esta notícia é relatada no “Diário de Coimbra” de hoje, nos seguintes termos:

Trabalhadores da RTP denunciaram, domingo, em Oliveira do Hospital, aquilo que consideram ser uma grande “negociata” em torno da mudança da televisão analógica para digital. Um jornalista, um técnico, um investigador e um elemento da Comissão de Trabalhadores da televisão pública fizeram questão de se deslocar ao concelho, um dos primeiros a denunciar o “apagão” da TV, para esclarecerem a população e, sobretudo, os autarcas, sobre este processo, que vai deixar mais de um milhão de portugueses “excluídos”.
A moderar o debate esteve o jornalista Luís Miguel Loureiro, que tem feito várias reportagens sobre o tema e conclui que “esta é uma história mal contada”. O jornalista não tem dúvidas que este processo “mais parece ter sido conduzido para obter determinados resultados, do que uma melhoria dos serviços às populações”, pelo que não vê “nenhuma razão” para a TDT ser paga. Eliseu Macedo, técnico da RTP, avançou alguns pormenores técnicos, questionando nomeadamente “porquê em Portugal a TDT só oferecer quatro canais” quando “havia espaço para sete a nove canais”. “Tem tudo a ver com o dinheiro”, concluiu, esclarecendo outra “mentira” que tem a ver com os prazos para a mudança do sinal analógico para digital. “Cada país decidiu entrar no sistema de forma facultativa, é falso dizerem que não podem adiar, porque as frequências são válidas até 2015”, afirmou, lembrando que na maioria dos países a cobertura do território é superior a 90%, contrariamente a Portugal onde a PT assume apenas a cobertura de 87%.
Investigador da Universidade do Minho, Sérgio Denicoli denunciou, por sua vez, o monopólio da PT, ao ser a única empresa que tem a distribuição do sinal digital, sendo que a mesma empresa tem um serviço de TV por cabo, o MEO. “Qual o interesse da PT ter uma TDT reforçada com mais serviços? Qual a vantagem, se tem o negócio da TV por cabo?” questionou, advogando tratar-se de um caso típico de “entrega da galinha à raposa”.
“Muitas famílias, já sacrificadas, neste momento são obrigadas a comprar um equipamento para receber um sinal que já recebiam, para ter os quatro canais que sempre tiveram”, lamentou o académico, lembrando que mais de 1 milhão de portugueses vai ter de gastar 200 a 300 euros para receber a televisão digital. “É um bom negócio para as televisões pagas, não é um bom negócio para a população, que não tem mais canais nem melhor serviço, concluiu, apelando à população para não ficar “calada”. “Onde está o Estado? Isto é um assalto às pessoas!”, considerou. (…)

Em conclusão, está visto que todo o processo ligado à TDT visa beneficiar a PT, em prejuízo das populações que vão ter de pagar aquilo que antes tinham de graça, além de que se trata de m serviço que não solicitaram.

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