segunda-feira, 25 de junho de 2012

"ENTIDADES" SUPÉRFLUAS

Todos já percebemos que “entidades” como a ERC, pagas com o dinheiro de todos nós, têm como principais funções dar emprego aos amigos dos partidos que ocupam o poder e, ao mesmo tempo, encobrir, sempre que necessário, todas as malfeitorias perpetradas pelos governos em funções. Ou seja, estamos a pagar para deixarmos que nos façam o ninho atrás das orelhas. Infelizmente isto vai continuar a acontecer. Porquê? Apenas porque a nossa passividade o vai permitindo. Em qualquer país em que os governantes tivessem o mínimo de decência, o ministro Relvas já tinha saído aquando do caso das “secretas” ou, se não o tivesse feito nessa altura, seria agora corrido a toque de caixa. Como poderemos nós voltar a acreditar num governante cuja actuação poucas duvidas deixou acerca da sua (limitada) honestidade? Mas continua firma no seu posto, como se nada tivesse acontecido!

E o que faz o Presidente da República? Aos olhos do cidadão comum, assobia para o lado…

O texto seguinte foi transcrito do “Diário de Coimbra” de ontem e constitui um dos pontos de um artigo de opinião com o título “O suicídio de férias!”. Estabelece um bom complemento para o que acabámos de registar.


Não é surpreendente, pela singela razão de que já nada surpreende. A Entidade Reguladora da Comunicação “absolveu” o ministro Relvas das malfeitorias com que se envolveu, no caso das “secretas” e na sequente e intolerável pressão, sobre jornalistas do “Público”. Deu por confirmados todos os factos que lhe eram imputados, mas considerou que nada daquilo é ilícito.

O presidente tentou depois remediar, dizendo que não compete à ERC fazer juízos de valor, sobre o comportamento ético de um governante. Entendamo-nos, Carlos Magno: na comunicação social tudo é essencialmente ético. E se os jornalistas têm mais obrigações nesse campo, aqueles que os contactam também têm obrigações inalienáveis. Aliás, tudo na vida é ético, sem precisar de códigos de conduta.

Mas há mais: ao dizer que a ERC não tem de avaliar condutas éticas, Carlos Magno está implicitamente a reconhecer que o comportamento de Miguel Relvas foi reprovável, que estamos perante um delinquente ético que beneficiou da falta de coragem de alguns membros da ERC, todos indicados pelo PSD, que não foram capazes de actuar de acordo com o que é exigível a uma consciência livre.

Outra questão importante: a ERC não condenou o ministro Relvas, mas também não o ilibou. Por isso, continuamos na presença de um crime sem castigo. E, no aspecto político, Relvas é um homem fragilizado que o Primeiro-Ministro teimosamente insiste em manter no Governo. (Sérgio Borges)

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