O tristemente famoso relatório do FMI ainda dá que falar, e, se já foi há muito desmascarado nas suas linhas gerais, vão surgindo alguns casos em sectores específicos que vale a pena denunciar por constituírem exemplos de manipulação de dados ou de puras falsidades. Há dias referimos aqui, a partir de um texto do prof. Santana Castilho o caso da educação. Hoje vamos tratar, também recorrendo a um especialista, da área da saúde que aponta “algumas incoerências e dados errados”, com dois exemplos que retirámos de um artigo de opinião (*):
“1.Despesa total em saúde: o FMI diz que o serviço Nacional de Saúde (SNS) tem ainda de encolher mais 2% sob pena de tornar-se “insustentável”. O documento não revela como chega a esta conclusão e prevê apenas uma poupança de 1% até 2017. Seria bom recordar que nos últimos quatro anos, o Ministério da Saúde já reduziu a despesa no sector de 7% para 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
2.Salários dos médicos portugueses: diz o FMI que são superiores aos dos alemães, italianos e noruegueses. Em 2012 a remuneração ilíquida base média dos médicos foi de 2939€ por mês, e o ganho médio, que inclui todas as outras remunerações acessórias, incluindo horas extraordinárias, subsídio de refeição, etc. foi de 3803€, o seja, apenas mais 22,7% que a remuneração base e não os 33% que o FMI refere. Porém, o salário médio dos médicos alemães varia entre os 3700 e 7000 euros.
Até prova em contrário, estes números do FMI são totalmente disparatados.”
Percebemos bem onde os nossos governantes querem chegar, contando com o apoio de uma entidade que nos é alheia. Mas, por favor, não nos tomem por parvos!...
(*) João Rodrigues, Diário de Coimbra
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