As pausas proporcionadas pelos dias de festa constituem momentos de reflexão que não devemos desperdiçar já que a vida continua a fluir perante nós e os tempos que correm não nos podem apanhar distraídos. É convicção, nas mais diversas áreas da sociedade portuguesa, que o Orçamento do Estado de 2013 é inexequível e vai aprofundar ainda mais a já extremamente difícil situação social da esmagadora maioria dos portugueses. No entanto, como é possível constatar, o Governo é completamente insensível a todos os apelos para que altere o radicalismo que não se cansa de evidenciar e que vai atingir de forma dramática extensas áreas do nosso depauperado tecido social. O texto seguinte tem cerca de duas semanas de publicação e, ao ser lido deve-se ter esse facto em atenção. Transcrevemo-lo do Diário de Coimbra e constitui uma reflexão e um alerta para a desumanidade com que este Governo está a tratar os portugueses, entre eles os que votaram na maioria PSD/CDS.
Não há Natal com este governo (*)
O tempo leva em silêncio o que muitas vezes foi anunciado com estrondo. O tempo é, também, uma faca silenciosa onde nos descobrimos e inventamos. Damos sentido à vida se encontrarmos na nossa história pequenos gestos que revisitamos nas paisagens de uma viagem interior inesquecível. Nesta quadra cheia de significado e de simbolismo, o encontro com a memória incita-nos a uma reflexão intimista tendo como referências os valores fundamentais da condição humana.
Mas os pobres que crescem todos os dias, os que não têm o mínimo para viveram, não podem esperar pela queda do governo. É preciso ajudar, ser solidário, fazer o que se pode, para lhes dar algum conforto. E as crianças, Senhor! Essas precisam de ser poupadas à palavra “crise”. Envolvê-las na ansiedade das famílias não me parece ser uma boa estratégia. Tenho assistido cada vez mais a um número crescente de crianças que fala da crise como se o “Lobo Mau” tivesse mudado de nome. Podemos e devemos proteger as nossas crianças, tentando não lhes transmitir a ansiedade que as famílias vivem neste momento.
Esta quadra natalícia precisa um pouco de magia. E as crianças precisam que os seus familiares se deixem contagiar pelas suas fantasias. Em 2013 estaremos cá para um novo ciclo político e de esperança. Portugal é muito mais que “esta fraca gente” que nos governa.
(*) António Vilhena, escritor
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