terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

E ESTAMOS NÓS ENTREGUES A ESTA GENTE...




Os vendedores de banha da cobra que se têm alcandorado ao poder desde há anos vão alienando o melhor que o país tem, a preços de saldo, ao mesmo tempo que arranjam a sua vidinha. Esta gente, por muito mal preparada que esteja, em todos os sentidos, sem estofo moral de qualquer espécie, sabe o que está a fazer já que está a trabalhar para uma pequena “coutada dos donos do dinheiro”, como lhes chama Domingos Lopes no texto que apresentamos a seguir. É dessa “coutada” que vêm as ordens do que deve e não deve ser feito, com a garantia de que, um dia, quando deixarem o poder, “hão-de viver como verdadeiros paxás” em lugares de destaque proporcionados por aqueles que agora estão a ser lautamente beneficiados enquanto o país empobrece. Os exemplos recentes são suficientemente conhecidos para não ser necessário estar a mencioná-los mas é muito importante não esquecer que os actores em palco são sempre provenientes dos partidos do chamado arco do poder, PS, PSD e CDS.

Entretanto, leia-se com atenção o texto seguinte onde muitos portugueses se revêem por sentirem que reflete a realidade que nos rodeia.


Que tento mal fazem! (*)

Coelho, Gaspar, Portas, Relvas, representantes do protetorado português junto da troika, vão dando mostras do que estão dispostos a fazer para conseguirem empobrecer os portugueses e Portugal.

Parece que nada os faz deter: nem os doentes e idosos sem medicamentos; nem as crianças com fome nas escolas; nem a quebra brutal da natalidade; nem o desemprego galopante; nem o aumento colossal de propinas por pagar; nem a lei fundamental do país; nem a significativa redução dos dadores de sangue; nem o aumento assustador da taxa de suicídios; nem o encerramento das empresas, nem a pesca à linha na SLN, nem a recessão sem fim...

Este Governo existe para tornar os portugueses pobres e Portugal uma coutada dos donos do dinheiro. Vangloriando-se.

Apoiados na troika, e nos corifeus de serviço, na sua sanha malsã, tentam (e até conseguem, em certos sentidos) passar a ideia que o fazem para castigar a irresponsabilidade dos portugueses que viveram muito e acima das possibilidades e têm agora de ser castigados severamente por esta elite que abomina quaisquer valores que possam assentar na defesa do interesse público ou da comunidade.

Se pudessem, a economia, enquanto ciência, apenas admitia que o ser humano existia para justificar o lucro de uns tantos, mas poucos...

Conseguiram convencer, em boa medida, uma parte considerável da população que os interesses privados prevalecem em relação ao interesse público e ainda que o único modo de viver é aceitar esta premissa.

Quando se levantam, os primeiros pensamentos destes governantes vão direitinhos para novas medidas que empobreçam os portugueses e o país como por exemplo sacar ao Estado milhares de milhões para os entregar àquela ínfima minoria que lhes há-de agradecer de modo a que nunca se arrependam do que fizeram.

Os seus ídolos da troika sabem que podem contar com eles. E, estes, por sua vez, sabem que um dia próximo, quando se forem do poder, hão-de viver como verdadeiros paxás.

E, no meio desta desgraça, cabe fazer uma pergunta simples: de onde vieram eles? Que fizeram para chegar tão alto?

No que se descobre nas suas ascensões é o apego às carreiras nas juventudes partidárias e à burocracia de Bruxelas.

É provável que Gaspar tenha aprendido a colocar a sua voz naquele registo único no silêncio dos corredores sem vida de Bruxelas ou do BdP.

Paulo Portas chegou lá de feira em feira a prometer defender os agricultores e os contribuintes numa luta implacável contra os impostos...

O núcleo duro do PSD que dirige o Governo, Passos e Relvas, são siameses no seu percurso até ao topo do mundo da política portuguesa.

Percorreram os vários degraus da vida partidária e chegaram onde chegaram para fazer o que têm de fazer e agradar a quem os abençoou nos seus desígnios.

É a esta gente a quem está entregue a República. E a quem a República está entregue para a abocanhar naquilo que mais rico possa ter.

Quem não é capaz de fazer mais do que uma cadeira na Faculdade de Direito durante anos merece decidir o futuro de setores tão importantes para o país como a ANA, a TAP, a RTP, as autarquias... certamente.

Amigos siameses e inseparáveis, Coelho e Relvas encaram a República como Marco Ferreri, no filme La Grande Bouffe: o grande banquete onde se saciam com a vontade de quem sabe que o fim está próximo.

Incapazes de se terem afirmado de outro modo, a não ser pelo carreirismo partidário desde as jotas até ao Governo, repimpam-se agora à custa do erário público e esfarrapam-se para empobrecer os portugueses e Portugal.

(*) Público, 11/2/2013

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