domingo, 17 de fevereiro de 2013

INSENSIBILIDADE SOCIAL GENÉTICA




Uma das características genéticas da direita é a sua falta de sensibilidade social, seja qual for o sector que quisermos abordar. A pobreza é tida como natural e as pessoas que caem nesta situação são muitas vezes consideradas “preguiçosas” e culpadas do estado em que se encontram. Afirmações como “pobreza sempre houve e sempre há-de haver” são suficientes para definirem ideologicamente quem as profere. A recente expressão do banqueiro Ulrich, “Ai aguenta! aguenta!” dentro do contexto em que foi pronunciada nunca teria como autor alguém de esquerda.

É claro que os governos que defendem em primeiro lugar os interesses dos ricos e poderosos fazem eloquentes exercícios de hipócrita retórica em defesa dos mais necessitados mas a prática é que conta e essa vai no sentido da insensibilidade social em todo o seu deplorável esplendor. O desemprego é um exemplo característico dos tempos que correm e, como afirma Fernando Madrinha no Expresso de ontem, “o que mais impressiona [no discurso oficial] é a fria naturalidade com que se assume que não há nada a fazer pelas “gerações perdidas””. Para a maioria de direita, um desempregado é apenas um número para as estatísticas e nada mais do que isso.

A propósito, o texto seguinte de Nicolau Santos (Expresso Economia) é um bom complemento para o que acabámos de afirmar.


DESEMPREGO PARA 10 ANOS

Um em cada cinco portugueses em idade ativa está desempregado (923,2 mil). Destes, 40% (164,9 mil) são jovens. Por outras palavras, quatro em cada dez jovens não têm emprego. Do total de desempregados, apenas 42% (305 mil) recebem subsídio de desemprego. E desse total, mais de metade (519,9 mil) são desempregados de longa duração, estando há mais de doze meses fora do mercado de trabalho. Se se alargar o conceito de desempregado à população inativa (os que já desistiram de procurar emprego ou que não aceitam o emprego que lhes aparece), então a taxa de desemprego está nuns estratosféricos 21%. Quanto ao emprego, é cada vez mais precário para os trabalhadores mais qualificados. E o desemprego castiga mais os trabalhadores não qualificados. Conclusão: sem crescimento não se criam empregos. Mas quando se criarem, não absorverão os trabalhadores com menos de nove anos de escolaridade, i.e., o país vai conviver com taxas de desemprego acima dos 10% durante uma década. E tudo o que se diga ao contrário é pura fantasia.

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