Ainda faz eco o indecoroso espectáculo protagonizado no interior do PS por Seguro e Costa, que levaram a cabo uma triste encenação de um vazio político impossível de aceitar num dos dois maiores partidos políticos portugueses. Tudo o que restou deste espectáculo foi a certeza de que mais um sem-número de portugueses se desinteressaram do acompanhamento da actividade política o que é péssimo para os destinos do país. Nem uma ideia útil de lá saiu, o que leva os cidadãos a acreditar que pouca diferença existe entre as propostas de governação dos partidos do arco do poder e dos seus fracos actores políticos.
Ao contrário do que Pacheco Pereira afirma no texto seguinte que transcrevemos da Sábado de ontem, Portugal não “tem uma maldição qualquer em cima”. O que acontece é que PSD e PS são duas faces da mesma moeda, sem nada de novo a apresentar aos portugueses e funcionando como uma espécie de clubes de políticos que oferecem aos seus filiados – ora uns ora outros – apetitosos lugares na administração pública e/ou trampolins para voos ainda mais rendosos…
O redondismo nacional
O PS mostrou, num processo atrapalhado e pastoso, como pode fazer bastante mal a um país que infelizmente já tem candidatos bastantes a exercerem essa maldade. Não digo que o PS fez tanto mal ao País como a governação, porque diferencio com clareza o que é do domínio do poder do que são as malfeitorias da oposição, sempre mais inócuas do que o que pode fazer quem detém o poder executivo.
Mas o PS bem nos podia ter poupado a esta exibição completamente assente numa lógica mediática por fora, embora a realidade da divisão entre os socialistas e a lógica aparelhística seja a realidade por dentro. É que com esta exibição, a que o nome medíocre é elogioso, mostra uma das razões pelas quais este Governo sobrevive com uma frágil, insegura, débil, comprometida, hesitante, oposição e deixa para os extremos e para a rua a resposta da raiva.
António Costa quis e a meio deixou de querer, e isso é mortífero para quem quer e não deixou de querer. E o seu maior pecado é deixar-nos sozinhos com Seguro, um dos melhores exemplos do redondismo nacional, num País com muitos candidatos à função e em que para se estar no pódio é preciso mesmo muito redondismo. Como todos os “jotas”, Seguro actua em função de meia dúzia de ideias sobre a política, em particular aquilo que passa por ser “liderança”, e pelo que os jornais dizem dele. Se dizem que “negoceia”, ele estremece na afronta à sua “liderança”, e vem dar um “murro na mesa”; se dizem que ele é “fraco”, ele vem falar de alto e num discurso cheio de “eus”, “eu avisei”, “como há muito disse”, “eu propus, o Governo não quis ouvir e agora faz”, por aí adiante, manifesta uma vanglória vazia que ninguém reconhece, nem sequer ouve.
Ao fim de uma semana de encenação, Seguro e Costa produziram uma nova variante da “redacção da vaca” do género “a vaca é muito boa porque dá leite”, etc., que pela sua vacuidade política, insisto política, não merece muitos comentários. Mas voltarei a ele, ao Documento de Coimbra”, com aquele masoquismo essencial que o comentário às vezes tem. Fico-me agora com o revelador incidente do título redondista, Portugal Primeiro, o mesmo que Passos Coelho usou e que deve existir em múltiplas variantes em centenas de moções das “jotas” de ambos os partidos e depois, quando eles crescem em idade e funções, é transplantado para moções de distritais e federações. Como é que podia ser diferente se eles, Passos, Relvas e Seguro, são iguais, a sua literacia política é idêntica, a sua carreira semelhante que nem a papel químico?
António Costa quis e a meio deixou de querer, e isso é mortífero para quem quer e não deixou de querer. E o seu maior pecado é deixar-nos sozinhos com Seguro, um dos melhores exemplos do redondismo nacional, num País com muitos candidatos à função e em que para se estar no pódio é preciso mesmo muito redondismo. Como todos os “jotas”, Seguro actua em função de meia dúzia de ideias sobre a política, em particular aquilo que passa por ser “liderança”, e pelo que os jornais dizem dele. Se dizem que “negoceia”, ele estremece na afronta à sua “liderança”, e vem dar um “murro na mesa”; se dizem que ele é “fraco”, ele vem falar de alto e num discurso cheio de “eus”, “eu avisei”, “como há muito disse”, “eu propus, o Governo não quis ouvir e agora faz”, por aí adiante, manifesta uma vanglória vazia que ninguém reconhece, nem sequer ouve.
Ao fim de uma semana de encenação, Seguro e Costa produziram uma nova variante da “redacção da vaca” do género “a vaca é muito boa porque dá leite”, etc., que pela sua vacuidade política, insisto política, não merece muitos comentários. Mas voltarei a ele, ao Documento de Coimbra”, com aquele masoquismo essencial que o comentário às vezes tem. Fico-me agora com o revelador incidente do título redondista, Portugal Primeiro, o mesmo que Passos Coelho usou e que deve existir em múltiplas variantes em centenas de moções das “jotas” de ambos os partidos e depois, quando eles crescem em idade e funções, é transplantado para moções de distritais e federações. Como é que podia ser diferente se eles, Passos, Relvas e Seguro, são iguais, a sua literacia política é idêntica, a sua carreira semelhante que nem a papel químico?
Portugal tem uma maldição qualquer em cima.
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