Todos os dias e a todas as horas nos entra pela casa adentro a mais ignóbil propaganda governamental sob a forma de notícias quase sem qualquer contraditório. O pouco que existe é colocado estrategicamente fora dos horários das maiores audiências e acaba por passar despercebido à maioria da população. Pelo contrário, os defensores das políticas governamentais são ouvidos em cima do acontecimento aproveitando para lhes tecer os maiores elogios sem que alguém os contradiga. Há uma mentira e uma dissimulação da verdade, organizadas de tal forma que os cidadãos mais preocupados certamente procuram diversificar as suas fontes de informação de modo a se sentirem confortavelmente informados. É precisamente o que aqui procuramos fazer, sem sectarismos de qualquer espécie.
O texto seguinte é do
economista Eugénio Rosa numa
primeira abordagem sobre as alternativas
ao corte da despesa pública, que encontrámos no Diário As Beiras de hoje.
Numa
altura em que o governo e a “troika” se preparam para fazer mais um corte brutal na despesa pública essencial, através do OE-2014, é
importante que os portugueses saibam
que existem outras soluções para equilibrar as contas públicas. E isto porque
uma das teclas mais repetidas no discurso propagandístico do governo, da
“troika” e dos seus defensores nos media é que a despesa pública em Portugal é
incomportável; que os portugueses têm um sistema de saúde, de educação, e de
segurança social que não podem pagar; enfim, que os portugueses vivem acima das
suas possibilidades. E que, portanto, não existe outra solução para equilibrar
as contas do Estado que não seja um corte brutal da despesa pública essencial,
ou seja, na despesa com os sistemas públicos de saúde, educação e segurança
social.
Os
seus defensores nos media não se cansam de repetir esta mentira papagueando-a
acriticamente e eliminando todo o contraditório que caracteriza uma informação
objetiva. Outros, aproveitando-se de um reduzido aumento do PIB em apenas 1,1%
no 2º Trimestre 2013, que é ainda provisório (o valor definitivo do INE é
normalmente mais baixo), sendo o valor do 2ºTrimestre 2013 ainda inferior ao do
2º Trimestre 2012 em -2%, e de uma quebra temporária no desemprego vêm já
dizer, como José Gomes Ferreira na SIC, que a “receita da troika é muito
dolorosa, mas está a resultar” ou, como Nicolau dos Santos embora mais comedido
que, no Expresso, escreveu “O horizonte está a alaranjar”, esquecendo que não
há milagres na economia (Vitor Gaspar também acreditou durante muito tempo que
uma política recessiva determinasse crescimento económico) ou, para empregar um
provérbio popular, esquecendo-se que “uma andorinha não faz a primavera”.
É
um outro discurso mas com o mesmo objetivo, que é a manutenção de uma política
de corte da despesa pública essencial, já que ela está a ter resultados que
consideram positivos. Este discurso, por um lado, engana a opinião pública e,
por outro lado, procura levá-la a aceitar novos cortes brutais na despesa
pública que o governo e “troika” pretendem impor ao país, como fossem
indispensáveis, quando só provocariam uma recessão ainda mais prolongada e
profunda, e a destruição de serviços públicos essenciais à população. É
importante desmontar estas mentiras que, de tão repetidas, acabam por serem aceites
por muitos como verdadeiras mostrando que existem alternativas ao corte de
despesa pública essencial. É o que procuraremos fazer neste estudo.
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