Como é do conhecimento geral, Portugal caiu este ano para o 51º lugar do ranking mundial da competitividade entre 148 países.
À primeira vista pode não
parecer uma posição má de todo, mas o caso muda de figura se tivermos em conta
que, em 2005 nos encontrávamos na 32ª posição. Descemos 19 lugares em oito anos
o que é obra, depois de aplicada, até à exaustão, a crença de que para a nossa
economia se tornar mais competitiva os salários tinham de baixar. Pois bem,
tem-se vindo a assistir a uma sistemática quebra nos salários e o efeito, em
termos de competitividade é excatamente o contrário. O pior é que, embora esta
realidade seja evidente, e, pelos vistos irreversível, ainda não deu para
convencer os principais decisores a mudarem o seu rumo.
Um pequeno texto de Nicolau
Santos, que podemos ler no Expresso Economia desta semana, é muito crítico em
relação a esta situação, com fortes argumentos.
A
ideia de descer salários para tornar a economia mais competitiva e atrair o
investimento estrangeiro tecnologicamente avançado tem adeptos conhecidos cá
por casa. A crença dos que professam tais teorias esbarra, contudo, na
realidade. Com efeito, os nossos talentos e os mais bem preparados não estão disponíveis
para trabalhar por 700 euros. E, por isso, seguindo o conselho do primeiro-ministro,
emigram a bom ritmo para onde lhes paguem mais. Atualmente, o mercado de
trabalho também é global, não se esqueçam. Quanto aos investidores estrangeiros
que haveriam de cair por cá em catadupa, até agora nem rasto deles. Seguramente
por isso, o relatório económico do Fórum Económico Mundial volta a fazer cair Portugal
no ranking mundial de competitividade para 51º lugar entre 148 economias,
quando em 2005 estávamos na 32ª posição. Mas isso era quando tínhamos salários
altos, gastávamos de mais, investíamos em obras públicas e tosa a gente vivia
alegre e irresponsavelmente acima das suas possibilidades.
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