Provavelmente
para a maioria dos portugueses, falar em Jogos Gay é uma novidade. A verdade é
que eles foram criados em 1982 e já vão na 10ª edição.
Se
outro mérito não tem o artigo de opinião reproduzido a seguir, assinado por João
André Costa no “Público” de hoje, pelo menos, dá a conhecer estes Jogos a um
grande número de todos nós, sabendo-se que em pleno século XXI há em todo o
mundo mais de uma dezena de países onde não ser heterossexual é punível com
pena de morte.
Chegou
ao fim este domingo, 12 de Agosto, a 10.ª edição dos Jogos Gay.
Sim, leram bem, a 10.ª edição. Passaram 36 anos desde que foram criados,
em 1982, em São Francisco, sempre com dois objectivos: a celebração da
diversidade e a promoção do desporto, independente mente da orientação sexual,
raça ou credo, em nome da inclusão, contra tudo e contra todos, em nome de cada
um, em nome de todos.
E
não, não confundir os Jogos Gay com os Jogos Olímpicos. Se os objectivos são
idênticos, só nos Jogos Gay podemos ser verdadeiramente livres e aceites.
Afinal, muitos são os atletas impossibilitados de serem quem verdadeiramente
são nos seus países de origem, vivendo em constante risco de espancamento,
perda de bolsas de estudo e expulsão da universidade, excluídos pela própria
família, sem tecto e sem casa, sem esquecer a pena de prisão ou morte.
Por
isso, muitos são os atletas que não revelam às suas famílias, às autoridades, o
seu verdadeiro intento ao viajar para estes Jogos. Não podem, sabem que não
podem e receiam as consequências, infelizmente reais.
O
mesmo acontece em Portugal. Apesar de aceite por lei, muitos são ainda
os
preconceitos contra quem
se afirma não-heterossexual, contra a norma, se é que tal coisa, a norma,
existe. Assim, os meus parabéns aos atletas portugueses, 40 no total, os quais
conquistaram seis medalhas, todas em natação. Não apenas pelas medalhas, mas
pela coragem de se autorizarem a vencer num mundo onde quem prima pela
diferença é tantas vezes reprimido. E, no entanto, e repito, somos todos diferentes, e ainda
ninguém me soube dizer se a norma sequer existe.
São
13 os países onde não ser heterossexual é punível com a pena de morte,
incluindo Nigéria, Arábia Saudita, Afeganistão, Paquistão, Uganda, entre tantos
outros igualmente intolerantes, ostracizantes, incapazes de reconhecer nos
outros a igualdade, a diferença, a liberdade. Enquanto assim for vivam os
Jogos Gay, que os mesmos sejam mais uma bandeira nesta cruzada por direitos
fundamentais, os nossos, de todos, por um futuro com as mãos dadas onde pouco
importa com quem vamos para a cama.
Os Jogos Gay voltam em 2022: vemo-nos
em Hong Kong!
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