No
artigo de opinião que o Prof. Boaventura Sousa Santos, director do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra (CES), assina no “Público” de ontem (4/08/2018),
fica, mais uma vez, demonstrada a sua coerência como homem de esquerda.
Do
texto retiramos as seguintes afirmações que consideramos mais relevantes:
A inovação política portuguesa, inicialmente vista com grande
suspeita pela comentocracia nacional e internacional, é hoje analisada com
simpatia, senão mesmo celebrada.
(…)
À medida que o tempo passa [os portugueses] querem ver as
melhorias passar do discurso para a realidade. Isto é sobretudo visível na área
da saúde.
(…)
Neste momento, há a considerar vários factos novos que, longe de
prefigurarem o fim próximo da coligação, podem ser próprios da crise de
crescimento desta.
(…)
As correntes maioritárias do BE (…) são especialmente
críticos da posição do PS nos domínios da legislação laboral (…) e no domínio
da saúde.
(…)
O êxito da inovação portuguesa é o outro lado dos seus
objectivos extremamente modestos, que nem sequer conseguem devolver aos
portugueses o bem-estar relativo que tinham antes da crise.
(…)
Para o BE, tais limitações decorrem em última instância dos
tratados que governam a política europeia (sobretudo o Tratado Orçamental).
(…)
[Os êxitos limitados da actual inovação portuguesa] decorrem
também da enorme dívida pública que é insustentável e devia ser reestruturada.
(…)
Os próximos tempos vão trazer grandes desafios à articulação das
esquerdas e nada indica que esses desafios não possam ser enfrentados com êxito.
(…)
É fundamental que se torne claro para a opinião pública
portuguesa que o êxito das políticas dos últimos anos se deve por igual aos
três partidos da coligação.
(…)
A luta mediática vai ser neste domínio muito forte e a esquerda
não tem à partida muitos trunfos dado o predomínio dos comentaristas de direita
na comunicação social.
(…)
Para compensar isso é necessário que os portugueses se mobilizem
socialmente para que as melhorias dos últimos anos se consolidem e aprofundem.
(…)
As forças de esquerda, sobretudo o BE e o PCP, devem estar
particularmente conscientes dos riscos que correm a democracia e o bem-estar
das classes trabalhadoras e médias numa Europa xenófoba crescentemente dominada
por forças de extrema-direita.
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