terça-feira, 7 de agosto de 2018

PORTUGAL NÃO QUER ENTRAR EM GUERRA COM NINGUÉM


A recente afirmação do ministro da Defesa no sentido de Portugal instituir de novo o serviço militar obrigatório pode ter sido feita para auscultar as reacções mas teve a resposta negativa imediata do líder da JS, Ivan Gonçalves já que nem sequer está previsto no programa do Governo.
Talvez não tenha sido por acaso – em política nada acontece por acaso – que Azeredo Lopes tenha trazido à luz do dia semelhante ideia uma vez que, em muitos sectores se considera um pensamento ultrapassado. Temos toda a legitimidade para acreditar que este ensejo do ministro da Defesa poderá estar ligado às recentes pressões de Trump no sentido de Portugal aumentar os seus gastos em armamento, sabendo-se que os Estados Unidos são o principal exportador de armas a nível mundial…
O nosso país não está em guerra com ninguém e, além disso, há necessidades prementes da população portuguesa que nada se coadunam com gastos em óbvias inutilidades. Por isso mesmo, tem todo o sentido o artigo se opinião seguinte que transcrevemos do “Público” de hoje, assinado por João André Costa.
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, admite a possibilidade do retorno do serviço militar obrigatório, o que deixou os meus cabelos em pé. E ainda bem, sinal de que ainda os tenho. Infelizmente, e em caso de retorno do serviço militar, não poderei dizer o mesmo.
Nem eu, nem milhares de outros jovens, temerosos da recruta, quando nos rapam o cabelo todo seguido de um calduço bem aplicado na nuca, sinal para dar lugar ao próximo mancebo.
Senhor ministro, Portugal não está em guerra e não quer estar em guerra. As guerras, hoje em dia, não existem, são provocadas em função dos interesses de terceiros, à custa do sofrimento dos povos, das mães. Isto num mundo que se quer habituar a resolver os conflitos à volta da mesa, em diálogo. E já morreu tanta gente... Por isso a crise dos refugiados, por isso a montanha russa do petróleo, por isso a xenofobia, o medo e a discriminação de quem é nosso igual.
Porque, senhor ministro, o regresso ao serviço militar obrigatório nunca terá uma função de defesa, mas de ataque, o ataque a populações indefesas culpadas de apenas serem quem são, pessoas a viver no sítio errado à hora errada, e portanto chacinadas, deslocadas, refugiadas, exiladas.
Pense, senhor ministro, no 25 de Abril. Sim, houve mortes, mas numa revolução onde se dispararam mais cravos que balas, por aqui se vê o poder de uma flor, de um símbolo, na mudança, para melhor, de um país, uma nação inteira. Aprendamos com o passado de modo a seguir os nossos exemplos, exemplos para outros povos e outros países.
O retrocesso ao serviço militar obrigatório não é senão um convite ao armamento, ao recrudescimento militar em benefício de quem produz, e vende, armas, a começar pelos Estados Unidos, onde até em casa já querem fabricar material militar.
Não sejamos párias com uma cultura de morte. Se o serviço militar chegou ao fim, por alguma razão o foi: por não ser preciso. Porque o mundo evoluiu, e as mentalidades evoluíram.
E continuemos a ser o exemplo de um país onde se viveu uma revolução pacífica. Sim, já agora podíamos ter prendido o Marcello, mas deixemos esta conversa para outra ocasião.

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