Tem
sido política deste blog divulgar ao máximo opiniões avalisadas que possam motivar
todas as pessoas numa consciencialização da necessidade de práticas e atitudes
que promovam a defesa do clima do nosso planeta, a menos que estejamos
dispostos a aceitar uma rápida destruição da vida na Terra. Pelo caminho que as
coisas levam, serão necessárias poucas gerações para que isso aconteça e não
estamos a dramatizar nada já que catástrofes de várias ordem devido às
alterações climáticas, chegam constantemente ao nosso conhecimento através da
comunicação social.
Um
dos aspectos que a autora (*) do seguinte artigo de opinião que transcrevemos
do “Público” de hoje chama a atenção tem a ver, mais uma vez, com a possível exploração
de petróleo em Portugal e as suas catastróficas consequências, sem qualquer
benefício para o país. Trata-se de uma abordagem já feita por muitos
ambientalistas, sem dúvida, importante, e a que se pode acrescentar a proposta
da utilização de hidrogénio nos carros em vez da gasolina e gasóleo.
Existem coisas que não lembram ao diabo, mas, tal como
disse o outro senhor, podem fazer o diabo brotar das trevas e invadir a
vida de todos os portugueses. Responsabilidade, uma vez mais, da gestão
criativa que tem administrado este país de forma danosa e muitas vezes
irresponsável, década atrás de década, independentemente de rostos e cores
partidárias.
Numa era em que se discute e, acima de tudo, se começa
a sentir na pele o aquecimento global, fruto da acção vampiresca dos homens
sobre os recursos naturais e não renováveis do planeta, a que tipo de pessoa
lembraria querer furar o subsolo à procura de hidrocarbonetos, cuja receita para os cofres do Estado português ronda no máximo 7%,
quando ultrapassar os dez milhões de barris?
Feitas as contas, é claramente um negócio mau e
catastrófico. Não admira que, por uma vez, ambientalistas e câmaras municipais
das regiões envolvidas se tenham unido para defender o património imaterial do
país e, acima de tudo, a preservação ambiental e das espécies que habitam esta
região; já para não falar nas consequências nas vidas de milhares de pessoas
que vivem do turismo, que anualmente aumenta na região, gerando receitas e
novos negócios. Assim, o saldo para o Estado, somando as consequências
ambientais à queda do turismo na região, ultrapassará seguramente aqueles 7% de
receita referida, deixando mais um saldo negativo nas contas que seguramente é
dispensável.
É importante salientar que existe um perigo real no
que toca ao impacto ambiental da exploração do subsolo em busca do esgotável
"ouro preto", o que aliás já foi demonstrado por
diversos peritos. Perante este perigo parece-me inconcebível que os nossos
governantes refiram que o país merece conhecer os recursos que dispõe. O
país merece é ver melhorias na Educação e no Sistema Nacional de Saúde, merece
garantir aos millennials e às gerações futuras como a do meu sobrinho o
fundo de pensões, merece evoluir no século XXI, apostando na inovação
tecnológica, na ciência e nas energias renováveis. Por fim, e não menos
importante, o país merece investimento nas suas matas e na Protecção Civil,
para que a cada Verão as perdas humanas e materiais não sejam como têm sido na
última década.
Digo isto tudo em tom de desabafo, até porque gosto de
acreditar que os dias que o país vive hoje, com a actual solução governativa,
são melhores do que os que vivemos ontem. No entanto, parece-me totalmente
contraditório termos um governo de cor socialista, a mesma cor que plantou, e
bem, milhares de eólicas por este país fora no tempo de José Sócrates, dar o
seu aval à exploração de petróleo no nosso território.
Peço imensa desculpa aos senhores do consórcio
ENI-Galp. Entendo que este negócio poderia ser um negócio muito bom, se o
"ouro negro" brotasse do subsolo e não desse muitos problemas;
no entanto, apresento-vos um outro negócio de milhões, um verdadeiro negócio
com e do futuro, sendo que até seriam pioneiros em Portugal: hidrogénio. A
Alemanha já investiu milhões de euros em hidrogénio, para eliminar os carros a
gasolina e a gasóleo até 2030. Outros países da Europa já começam a seguir
este rumo e acredito que, um dia, será a vez de Portugal. Seguramente as
grandes empresas do "ouro negro" vão ter que se adaptar a estas
mudanças.
Parece-me
uma excelente altura para o fazer. Geraria na mesma novos postos de trabalho, bem
como excelentes receitas a médio e longo prazo, mas sem estes problemas do
impacto ambiental e das consequências nas milhares de vidas que vivem do
turismo, uma das áreas que alavanca este país. O impacto ambiental num dos
maiores tesouros portugueses (é provavelmente uma das costas mais bonitas do
planeta) não tem preço e, muito sinceramente, parece-me que os 11 milhões de
portugueses que não lucram monetariamente com esta situação assinariam de
bom agrado aquela petição que juntou 42 mil pessoas contra a exploração
e extracção de petróleo em solo português. Um território que é
de todos nós e, em último caso, pertence ao nosso planeta e a toda a
humanidade.
Não
esqueçamos que não existe um
planeta B. O melhor mesmo é não furar o nosso quintal
em busca de uma fortuna, não vá não existir planeta e vida humana que nos
permita usufruir dos nossos milhões.
(*) Mafalda G. Moutinho, Fundadora e editora da Plataforma
Bisturi Cidadania Ativa
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