O
resultado do programa financeiro que foi posto em execução na Grécia foi o
colapso da economia daquele país, como é opinião generalizada entre muitos
economistas, qualquer que seja o quadrante ideológico em que se movem e teve
como única finalidade facilitar a vida dos bancos europeus que tinham
emprestado dinheiro aos governos helénicos. Para a Grécia, a recuperação
económica é insignificante e a tragédia é para continuar.
Paul
De Grauwe, economista de renome, professor da Universidade Católica de Lovaina,
Bélgica, alinha com estas ideias como se pode verificar pela seguinte transcrição
de várias citações do artigo de opinião que assina no Expresso Economia deste
sábado.
O objectivo do programa de assistência
imposto à Grécia foi garantir que as exigências dos países credores seriam
satisfeitas.
(…)
A Grécia pagou os empréstimos antigos
com o dinheiro fresco emprestado pelos mesmos países.
(…)
Uma troika estrangeira pegou no leme
da economia grega e sujeitou o país a medidas de austeridade que pela sua
gravidade raramente foram aplicadas.
(…)
O resultado foi o colapso da economia
grega e a miséria para milhões de gregos.
(…)
A dívida em que incorreram os gregos
foi tornada possível pelos empréstimos concedidos pelos bancos do norte da zona
euro.
(…)
Se os gregos não viram que a sua
dívida face aos banqueiros do norte era insustentável, também estes banqueiros
não viram.
(…)
Os banqueiros sabiam que em último
caso os seus governos sangrariam a Grécia até ela pagar a dívida para que os
seus bancos pudessem sair da crise sem grandes danos.
(…)
[Os programas de austeridade] levaram
a um declínio massivo do PIB de mais de 30% e reduziram a capacidade da Grécia pagar
a sua dívida.
(…)
Em 2010, a dívida grega era de 150% do
PIB; depois de oito anos de austeridade essa proporção aumentou para 180%.
(…)
A solidariedade europeia teria
significado que os países credores aceitassem cancelar parte da dívida.
(…)
Ao contrário do que o presidente do
Conselho Europeu proclamou, não houve solidariedade europeia.
(…)
Verificou-se um desejo visceral dos
governos dos países credores de castigar um país que se tinha portado mal.
(…)
É evidente que teremos novas crises
financeiras no futuro, envolvendo credores que emprestam demais e devedores que
pedem emprestado demais.
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