sexta-feira, 30 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (989)


O Serviço Nacional de Saúde está em grande medida capturado por interesses privados: 4 em cada 10 euros do orçamento da saúde vão para o negócio de privados a quem são concessionados serviços.

OE 2019: SIGNIFICATIVA A ESTRATÉGIA DO PSD...


Numa altura em que acaba de ser aprovado o Orçamento do Estado de 2019, é interessante observar a posição do PSD perante importantes propostas.

29 NOVEMBRO, DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINIANO



Não é preciso sermos observadores atentos da causa palestiniana para termos presente que, cada vez menos, a comunicação social dá voz a representantes daquele martirizado povo alvo de uma tentativa de genocídio por parte de Israel. Também se têm tornado raras as imagens da agressão israelita ao povo palestiniano. São factos fáceis de constatar e não uma mera opinião.
Provavelmente, pouca gente sabe que passam 41 anos sobre a data em que as Nações Unidas “anunciaram o dia 29 de Novembro como sendo o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano”. A passagem desta data pelo calendário é pretexto para um artigo de opinião que veio à estampa no “Público” de há dois dias, assinado por Nibal Abuznaid, Embaixador da Palestina em Portugal, e que reproduzimos a seguir.

Com a ocupação israelita dos territórios palestinianos de 1967, surgiu a solidariedade internacional popular com a Palestina, sendo o seu objectivo acabar com essa mesma ocupação. A 2 de Dezembro de 1977, este apoio foi oficializado, quando as Nações Unidas anunciaram o dia 29 de Novembro como sendo o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano.
Desde então até hoje, esta solidariedade ainda não conseguiu acabar com a ocupação, nem sequer contribuir para a liberdade dos palestinianos ou mesmo para o prevalecimento da paz. Muito pelo contrário, se olharmos, por exemplo, para o curto período, desde a última comemoração deste dia no ano passado até agora, muitos foram os acontecimentos que, infelizmente, contribuíram para o agravamento da situação.
Um dos acontecimentos mais drásticos foi quando o Presidente Trump declarou Jerusalém como capital de Israel, mudando a embaixada norte-americana de Telavive para essa cidade, contradizendo as leis internacionais e a solução de dois Estados, acordada pela Comunidade Internacional, que prevê Jerusalém Oriental como capital da Palestina.
Ao longo deste ano, Trump também decidiu cortar o financiamento da UNRWA, agência das Nações Unidas que presta apoio médico, social e educativo a mais de cinco milhões de refugiados palestinianos na Palestina e nos países vizinhos, pondo assim em risco a vida de muitas famílias.
Estas políticas não contribuíram, em nada, para o processo de paz; vieram, isso sim, encorajar Israel a continuar com as suas políticas de ocupação contra os palestinianos e a implementar outras medidas, tal como a aprovação da Lei do Estado-Nação. Esta Lei considera Israel um Estado exclusivamente judeu, aumentando assim a discriminação, em especial contra os árabes com cidadania israelita, sendo de salientar que muitos israelitas que acreditam na paz recusaram esta lei.
Todas estas políticas levaram os palestinianos a perderem a esperança na paz e no seu direito de construir um Estado. Não tiveram alternativa a não ser a recusa desta nova realidade, demonstrando-a com protestos onde muitas vidas se perderam nas mãos do exército israelita, como na Grande Marcha do Regresso, em Gaza, onde mais de 220 palestinianos foram mortos durante os pacíficos protestos. Entre as vítimas desta Marcha houve jornalistas, paramédicos e crianças, que não poderiam, de maneira nenhuma, representar uma ameaça à segurança de Israel. Ultimamente, Gaza voltou a incendiar-se. Regressou a violência, a destruição e o bombardeamento dos dois lados.

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A lista de acontecimentos que feriram a vida do povo palestiniano, apenas no ano que passou, é tão extensa que não cabe num artigo. Este cenário desolador é uma prova clara que, infelizmente, esta solidariedade não foi ainda suficiente para salvar vidas ou para chegar a uma Paz duradoura. Ao longo de todos estes anos de solidariedade, muitas vidas, nos dois lados, se perderam. Embora o número das vítimas palestinianas seja muito superior, acreditamos que todas as vidas humanas são de grande valor.

Ao longo destes anos, Israel exigiu, continuamente, o seu direito a viver em paz. O que, para nós, é uma posição legitima a qualquer povo. Logo, deverá incluir também o povo palestiniano. Acreditamos que a continuação da ocupação, a construção de muros, a confiscação de terras e o aprisionamento de menores não são, de forma alguma, caminhos para a paz. Pelo contrário, a ocupação é a forma mais terrível de terrorismo. Acreditamos também que a segurança só pode prevalecer através do reconhecimento mútuo e da boa vizinhança. Só assim poderão os israelitas viver em paz e os palestinianos viver com a dignidade que lhes é devida na sua terra e no seu Estado Palestiniano, com Jerusalém Oriental como capital.
Apesar de todo este sofrimento, acreditamos que todos os conflitos têm, por mais que durem, um fim. Os conflitos e a paz começam e terminam nas mãos de seres humanos, o conflito palestiniano-israelita não será excepção. A grande diferença nos dois lados desta equação é que a guerra é iniciada pelos cobardes e a paz pelos corajosos. Por isso, não perderemos a esperança e o sonho de, nesta mesma data, no próximo ano, poder celebrar uma paz capaz de dar um futuro melhor às crianças de ambas as partes.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (988)


No parlamento, utilizar discricionariedade administrativa para impedir uma proposta de ir a votos é uma artimanha que deixa a muito a dever à prática democrática e quase nada à cobardia política.

SALGUEIRO MAIA NÃO MERECIA TAMANHO ESQUECIMENTO



A Rotunda Salgueiro Maia, em Portimão, encontra-se no estado de degradação que a imagem documenta, há vários, e parece que a autarquia se esqueceu daquilo que todos devemos a este capitão de Abril. Maia não merecia tamanho esquecimento…

“APOIAR COM URGÊNCIA AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS DE MONCHIQUE”




Aprovada importante proposta do Bloco de Esquerda para o apoio às vítimas dos incêndios da serra e concelho de Monchique e dos concelhos de Silves, Portimão e Odemira (uma outra proposta foi chumbada mas esta é mais importante). Assim, foram aprovadas medidas de apoio às vítimas desses incêndios (pessoas e empresas), medidas idênticas às que foram atribuídas às vítimas dos incêndios na região centro do país em junho e outubro de 2017. O PS votou contra.
As populações e muito em particular quem foi afetado pelos incêndios de Monchique, Silves, Portimão e Odemira estão de parabéns, mesmo com a oposição do PS que foi derrotada na votação.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (987)


Convém clarificar que, por melhor que seja qualquer escola e excelentes os seus professores, nada poderão fazer para combater o desregramento da distribuição da riqueza, que gera a pobreza, que está na origem das desigualdades e do insucesso escolar.
Santana Castilho, Público

NOVA VITÓRIA DO BLOCO NO OE 2019


Uma boa notícia para todos os algarvios assim como para todos aqueles que visitam o distrito mais a sul do país. 

terça-feira, 27 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (986)


A soberba [no PS] é tanta que Carlos César e António Costa chegam ao ponto de quererem determinar antes das eleições quem entra ou não em futuros governos, quem tem ou não capacidade para tanto.
Pedro Filipe Soares, Público

GREVE DOS ESTIVADORES DE SETÚBAL: COSTA NÃO TEM DEFESA



Se há greves que fazem todo o sentido, a dos estivadores precários do porto de Setúbal entra de certeza nessa qualificação. Tão evidente é a justeza da luta daqueles trabalhadores que até a direita tem dificuldade em arranjar argumentos para estar contra.
A realidade do que se passa é simples e por demais conhecida. Por isso mesmo, é revoltante para qualquer pessoa de esquerda ver António Costa assumir a posição de porta-voz da concessionária turca do porto de Setúbal, contra os trabalhadores portugueses e seus representantes legais, ainda por cima, usando argumentos que não correspondem à verdade.
A crónica de ontem de Daniel Oliveira, no Expresso Diário, que apresentamos a seguir constitui como que um desmascarar das posições que o Primeiro-ministro tomou em relação à luta dos estivadores precários do porto de Setúbal.

Perante a paralisação dos estivadores precários do porto de Setúbal e a intervenção policial para ajudar substituir os grevistas, António Costa foi obrigado a vir em socorro da ministra do Mar. E fê-lo da pior maneira: repetindo uma mentira veiculada pela entidade empregadora. Disse: “Estão abertos concursos para a contratação de pessoal efetivo. Tenho muita dificuldade em compreender porque é que alguns dos eventuais que estão em greve exigindo ser efetivos não concorrem e respondem a essas ofertas em emprego para serem efetivos.” E depois dedicou-se a atacar um sindicato que é “uma condicionante ao bom funcionamento do porto”. Não reservou o mesmo género de críticas a uma empresa que tem 90% de precários. Se a posição neutral já seria difícil de defender – porque não estamos perante lados com igual força –, esta posição foi um murro na barriga.
A mentira é esta: não foi aberto concurso algum. A empresa contactou trinta trabalhadores para aceitarem integrar os quadros através de contratos individuais. A tática é antiga: dividir para reinar. E estes recusaram porque querem ser integrados através de uma negociação coletiva com os sindicatos que tenha em conta a situação de todos. Em vez do desenrasque da sua situação particular, para partir a luta destes estivadores, estes trabalhadores esperam solidariedade entre trabalhadores e concertação social. Se António Costa tem dificuldade em compreender estes dois valores é porque não sabe que eles estão na fundação da social-democracia e do socialismo democrático. Lamentavelmente, o PS não tem a origem sindical e operária da maioria dos seus congéneres europeus. Se tivesse, a intervenção policial e estas declarações de Costa teriam levado a reações firmes da militância. Pelo menos mais audíveis do que as ouvidas sobre a polémica da tourada.
Felizmente, há esperança. O discurso que se espera de um socialista veio da JS do Porto. Que não só pôs os pontos onde eles têm de estar como não hesitou em criticar o comportamento do Governo. Não é raro serem os novos a ensinarem os velhos. E são estes jovens, que cresceram nas duas décadas de traição da social-democracia, de que a terceira via foi apenas o mais deprimente dos suicídios, que vão dar a volta a isto. Mesmo que a velha guarda resista.
Não há qualquer intransigência do sindicato que era de Lisboa e está a crescer noutros portos, para substituir sindicatos corruptos que ignoram os direitos dos precários e são intermediários para o trabalho à jorna. Com esses, é verdade, tem sido fácil “trabalhar”. O Sindicato dos Estivadores e Atividades Logísticas (SEAL) fez uma proposta aceitável para os 90 trabalhadores que estão em causa: que fossem integrados 56 e que os restantes tivessem prioridade na contratação ao turno (é assim que as pessoas são contratadas no porto de Setúbal – ao turno). Não era a solução ideal, mas era um compromisso. A concessionária turca, que desde este fim de semana conta com um porta-voz de luxo, optou pelo truque de tentar acabar com a greve através da divisão dos trabalhadores.
Todos estamos preocupados com as exportações e com o que acontece no porto de Setúbal. Note-se, no entanto, que a Autoeuropa, que é a maior prejudicada, não teve a leviandade de António Costa. Não tomou partido pela concessionária, que é quem tem de resolver o problema. Nem me parece que esteja satisfeita com a solução de ir abrindo, através da PSP, momentos de exceção a uma greve para garantir o embarque da sua mercadoria. E apenas da sua, o que é de legalidade duvidosa e deve levar a ministra do Mar e o ministro da Administração Interna a darem explicações ao Parlamento e ao país. Primeiro, porque a cultura desta empresa alemã não é dada a este tipo de expedientes, dignos de uma república das bananas. Depois, porque isto sai demasiado caro. A Autoeuropa quer uma solução negociada, como costuma encontrar na sua própria casa. Com esta intervenção de Costa a concessionária turca sente-se mais confortável para esticar a corda e o acordo fica mais distante. E, no entanto, o que se esperaria de um primeiro-ministro era uma pressão junto da empresa para resolver o problema. O Governo tem todos os instrumentos para isso e se o tivesse feito esta greve já tinha acabado. Preferiu pressionar a parte fraca.
Poderão dar pouca importância ao sucedido, mas esta intervenção de António Costa é das mais reveladoras de toda a sua carreira política. Num conflito entre trabalhadores e uma empresa que emprega 90% dos seus trabalhadores ao dia, o primeiro-ministro optou por enviar a polícia para garantir a substituição dos grevistas, violando o direito à greve, e por ser porta-voz de quem não tem defesa possível, repetindo as suas mentiras sem qualquer pudor. Se houve dia em que fiquei com a certeza de que o grande objetivo das próximas eleições é impedir que António Costa tenha a maioria absoluta, esse dia foi na sexta-feira. Infelizmente, ainda precisa de quem, pela força do voto, o segure à esquerda. Pelo menos nos mínimos dos mínimos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O DEPUTADO SILVANO (PSD) AINDA NÃO SABE QUE MENTIR É MUITO FEIO...


In Expresso 

FRASE DO DIA (985)


Será que tais conceitos [de civilização ou barbárie] são propriedade intelectual exclusiva de poetas e prosadores como Manuel Alegre e Miguel Sousa Tavares, que se consideram sempre ser mais que os outros?

AS CONTAS DO BLOCO ESTÃO BEM E RECOMENDAM-SE



Com vulgar frequência chegam ao conhecimento público referencias negativas sobre as contas dos partidos políticos e logo aparece alguém a dizer que estas organizações que querem governar o país não são capazes de ter as suas próprias contas em dia.
Ora, no que diz respeito ao Bloco de Esquerda, as suas contas estão bem e recomendam-se, como se pode ler na edição deste sábado do insuspeito “Expresso”. Não podemos, pois, deixar de nos congratularmos com mais esta prova de maturidade de um partido fundado há menos de 20 anos.  Para além do sentido de responsabilidade política de que o BE sempre tem dado mostras, o cuidado que tem com as suas próprias finanças é mais uma garantia para todos os eleitores que lhe confiam o seu voto.
Não podemos, pois, deixar de transcrever aqui o texto do “Expresso” que tem por tema a actual situação financeira do BE.

Fazemos uma gestão prudente” e “temos sempre algumas reservas”, diz Sara Rocha. É tesoureira do Bloco de Esquerda há sete anos e tenta cumprir, nas contas, os objetivos políticos traçados pela direção de “não estar dependentes da banca”. Este ano conseguiu o pleno. O BE fechou as contas de 2017 com zero crédito bancário e encerra as deste ano com o fim das prestações do único contrato de leasing feito para comprar duas viaturas para o partido. Além disso, tem uma poupança de €1,2 milhões para fazer face ao futuro. Centeno não poderia desejar melhor para as contas do país. O BE é assim o único partido sem dívida à banca, neste momento.
É um objetivo político ser “um partido de boas contas”, diz Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do BE e um dos defensores de que é necessária folga orçamental para precaver o partido das oscilações eleitorais. As últimas legislativas foram uma bênção nunca vista por aqueles lados, com a garantia de uma subvenção anual de €1,5 milhões que serviu de almofada financeira. Mas que só está garantida até ao final da legislatura.
As coisas podem mudar. “Temos de estar preparados para todos os ciclos eleitorais sem excesso de otimismo, porque é preciso precavermo-nos e assegurar que o funcionamento do partido não se ressente seja qual o for o resultado”, diz Sara Rocha. O BE tem 20 funcionários — “todos com contrato”, assegura a tesoureira — que, no ano passado, representaram uma despesa de €365 mil. Bem maior é o encargo que terão as duas campanhas eleitorais do próximo ano: a das europeias e a das legislativas. São estas as duas maiores despesas que o partido tem em vista, porque “as subvenções só são pagas a posteriori” e para cumprir o preceito de não recorrer à banca, importa ter substanciais reservas de lado.
E o BE tem. De acordo com os dados apresentados junto do Tribunal Constitucional, no final de 2017, o partido tinha em caixa e em depósitos bancários a quantia de €1,2 milhões. Sara Rocha confirma que a verba está reservada para a batalha eleitoral. “Temos uma previsão muito otimista quanto aos resultados, mas preparamo-nos para se as coisas não correrem assim tão bem.”
A “prudência” e o rigor orçamental resultaram num ‘lucro’ de mais de €550 mil antes de impostos. As receitas vieram, sobretudo, da subvenção do Estado, mas também dos eleitos do partido para os diversos órgãos de poder (Assembleia da República, Parlamento Europeu e autarquias) que deram uma contribuição registada com o montante de €143 mil. “O princípio geral estabelecido é que nenhum eleito pode retirar benefício financeiro do cargo que ocupa”, esclarece Sara Rocha. O valor da contribuição ao partido é variável, dependendo do nível salarial anteriormente auferido pelo deputado ou autarca eleito pelo BE — situação idêntica à seguida pelo PCP. Mas, as comparações com os comunistas terminam aqui. O BE tem apenas €1,5 milhões de património imobiliário (a sede, em Lisboa), contra €14,7 milhões somados pelo PCP.

O RACISMO SIONISTA CONTINUA A DEMOLIR CASAS PALESTINIANAS IMPUNEMENTE



Continua a luta contra a demolição da aldeia palestiniana de Jan al Ahmar.

domingo, 25 de novembro de 2018

CICLOVIA DEGRADADA NA ZONA RIBEIRINHA DE PORTIMÃO







A ciclovia da zona ribeirinha de Portimão encontra-se cada vez mais degradada com buracos cada vez maiores. Ainda que se torne claro desde há muito que situações como esta não fazem parte das preocupações dos poderes autárquicos do concelho, não é demais insistir para a sua reparação antes que haja consequências lamentáveis. Se houver algum acidente com um transeunte ou um ciclista, é óbvio que ninguém assumirá responsabilidades…

SIGNIFICATIVA REUNIÃO DO BLOCO DE ESQUERDA COM O PRESIDENTE DE ANGOLA, ESTA SEXTA-FEIRA


In Expresso

25 NOVEMBRO: DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES


Hoje e todos os dias pelo fim da violência contra as mulheres.

MAIS CITAÇÕES (05)


Cerca de 90% dos estivadores no porto de Setúbal são precários: não têm contrato coletivo, são convocados por sms na véspera de cada dia de trabalho, recebem 47,66 euros por cada turno de oito horas, aos quais são subtraídos impostos.
(…)
Não têm direito a férias ou a qualquer outro direito que um contrato lhes daria.
(…)
As suas condições são de tal forma precárias que até a greve lhes é negada: quem não tem contrato não pode fazer greve e estes estivadores trabalham à jorna.
(…)
Em todo o processo, o governo desempenhou um papel à margem do Estado de direito e da Constituição. Primeiro, como denunciado pela Volkswagen, foi o próprio governo quem se empenhou na substituição dos trabalhadores precários que promoveram a paralisação.
(…)
Toda a operação foi garantida com recurso a dezenas de polícias que afastaram do local os estivadores, as famílias que os acompanhavam, os deputados à Assembleia da República que estavam presentes.
(…)
E pergunto-me: quando é que se tornou normal o Estado investir recursos públicos na sabotagem de uma paralisação legítima?
(…)
Estamos a entrar num caminho muito perigoso. A defesa do trabalho é uma obrigação de todos. Em relação à luta dos estivadores, o governo já passou todas as linhas vermelhas.

A concentração da riqueza nos EUA é acentuada. Os oito magnatas norte-americanos no topo da lista, seis Waltons e dois Kochs, possuem tanta riqueza como 44& da população dos EUA
(…)
A imaginação financeira é inesgotável, mas sai cara.
Francisco Louçã, Expresso Economia (sem link)

Esta semana vimos morrer trabalhadores em Borba porque ao longo do tempo os interesses económicos imediatos, privados e públicos, e o desleixo político se sobrepuseram às medidas indispensáveis para proteger a vida.
(…)
Esta semana, todos ficámos a saber que, no porto de Setúbal, um trabalhador pode ter de celebrar e terminar dois contratos de trabalho num mesmo dia.
(…)
Os seres humanos não podem abdicar da definição do tempo de trabalho e do tempo de não trabalho para poderem realizar muitas outras atividades e missões indispensáveis à sociedade, não podem abdicar dos direitos no trabalho como direitos humanos.

E se 66% dos portugueses consideram que apesar de vivermos em democracia, haverá sempre uma mesma elite a mandar, alguma coisa está desfasada.
Pedro Santos Guerreiro, Expresso (sem link)

Portugal tem de encarar o seu passado recente em Angola, e assumir responsabilidades por ter sido cúmplice no saque deste país e nas práticas corruptas.
Rafael Marques, Expresso (sem link)

Estamos imunizados face aos desmandos dos banqueiros e da banca. De tal forma que já aceitamos como natural e expectável o que deveria ser punido social e criminalmente.
Pedro Adão e Silva, Expresso (sem link)

Como se viu com a perestroika, quando os povos acreditam na mudança quem a promete pode facilmente perder o controlo e a mudança acontece mesmo.
Daniel Oliveira, Expresso (sem link)

Temos décadas de construção costeira por vezes em lugares que roçam a insanidade.
(…)
Somando todas as áreas que o mar já ganhou ao litoral português, contam-se 12 quilómetros do país desaparecido debaixo das ondas desde 1960.
Luísa Schmidt, Expresso (sem link)

sábado, 24 de novembro de 2018

BLOCO SEM DÍVIDAS À BANCA E COM AVULTADA FOLGA FINANCEIRA


In Expresso

CRISE EXISTENCIAL NO PSD...



In Público

CITAÇÕES


Resistir a este modelo de precarização que tem sido testado no setor da estiva não diz respeito apenas a eles, estivadores.
(…)
[A ministra Ana Paula Vitorino] tem um poder enorme que pode e deve utilizar: o poder de retirar a licença de concessão a uma empresa que se revele incapaz de ter os trabalhadores necessários para assegurar o funcionamento do Porto.

A cela é esse lugar em que o rosto de cada uma, o nome de cada uma, a vida de cada uma, são banidos.

Um país com tanto atraso estrutural gera inevitavelmente má governação a nível local e nacional, porque falta massa crítica para fazer melhor.
(…)
As desigualdades são talvez a melhor marca desse atraso.
(…)
Como dizem os saudosistas do salazarismo, havia muito ouro no Banco de Portugal, mas o preço desse ouro entesourado era uma elevada mortalidade infantil e analfabetismo, a exploração dos mais pobres, uma guerra e uma ditadura.
(…)
O 25 de Abril fez muito para retirar o país do seu atraso, através desse valor intangível da democracia, mas está longe de ter conseguido dar a volta a muito do atraso atávico do país.
(…)
Este caso [da estrada que aluiu em Borba] só teve a cobertura mediática que teve porque os cenários eram espectaculares para a televisão, e os drones tornaram muito barata a filmagem aérea.
Pacheco Pereira, Público (sem link)

Se alguma coisa aprendemos com a Primeira Guerra Mundial é que a guerra é o crime supremo, que mais tarde será definido em Nuremberga como um ‘crime contra a paz’.
(…)
Atualmente, os EUA participam, no palco africano, em várias missões militares, operando em mais de 20 países.
(…)
Denunciar as injustiças epistémicas sobre o conflito mundial que iniciou o seculo XX é um dever de memória, central à produção de uma outra história, a partir de outras experiências vividas nesta guerra.
Maria Paula Meneses, Público (sem link)

No debate público está a faltar uma estimativa dos custos “invisíveis” associados à prospeção e exploração de petróleo.
(…)
Esses custos [inerentes à exploração petrolífera], que nalguns casos podem gerar danos irreversíveis na condição dos ecossistemas afectados, não devem ser ignorados pelo Estado, o qual representa a sociedade civil.
(…)
Ao retificar a análise custo-benefício, será que a exploração de hidrocarbonetos ao longo da costa portuguesa ainda é viável para a sociedade portuguesa?
Ana Faria Lopes, Público (sem link)

Os senhores do dinheiro observam lá do alto as formigas que todos os dias vão e vêm vezes sem conta, de casa para o emprego, de um emprego para o outro, tudo numa frenética corrida ao dinheiro que no fim, como disse, vai ter sempre ao mesmo bolso.
Fernando Teixeira, Público (sem link)

BASTA DE PRECARIEDADE NOS PORTOS PORTUGUESES!




Um dos melhores especialista em direito do trabalho em Portugal, Garcia Pereira, fala à Antena1 sobre a luta dos Estivadores precários no porto de Setúbal al, que foram substituídos hoje por pessoas que não trabalham nesta empresa(Mercenários)não são estivadores, ganhando 500 euros em 3 dias... que foram substituídos por pessoas que não trabalham na empresa (mercenários) não são estivadores, ganhando 500 euros em três dias. Para violarem uma luta justa contra a precariedade aí existente.que foram substituídos hoje por pessoas que não trabalham nesta empresa(Mercenários)não são estivadores, ganhando 500 euros em 3 dias...

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

PRODUTOS BARATOS AQUI SIGNIFICAM SALÁRIOS MISERÁVEIS NOUTRAS PARAGENS...



Para consumirmos barato no ocidente há gente que trabalha em regime de quase escravatura em muitos países. 

FRASE DO DIA (984)


Se o porto pára quando eles [estivadores] páram, então é porque os precários de Setúbal, trabalhadores “eventuais” há 15 ou 20 anos, são necessários.

O OBJECTIVO É O FIM DAS PROPINAS




O Bloco de Esquerda bate-se por um ensino superior público e de qualidade, financiado por todas e por todos através de impostos progressivos. Rumo ao fim das propinas.
As propinas baixam pela primeira vez. Esta conquista do Bloco neste Orçamento do Estado é uma vitória de todo o movimento estudantil. Luís Monteiro e Manuela Escada explicam a medida em termos simples.  

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

REPRESSÃO DOS TRABALHADORES, EM DEFESA DO CAPITAL



José Soeiro, Sandra Mestre Cunha, Heitor Sousa e Ernesto Ferraz, deputados e deputada do Bloco estiveram hoje no porto de Setúbal em solidariedade com estivadores precários e foram arrastados pela polícia para permitir a substituição ilegal de trabalhadores em greve.
É bom não nos esquecemos que estes deputados e deputada do Bloco solidarizaram-se com os estivadores precários em representação de centenas de milhares de eleitores…
Como sempre, a polícia do lado dos poderosos por ordem do Governo do PS. Nada que seja novidade. Esperamos que Costa não venha agora dizer que não sabia de nada como é seu costume quando lhe é mais conveniente.
Mais Aqui

FRASE DO DIA (983)


Tudo aponta para a urgência de um projeto alternativo à globalização financeira em que as palavras-chave não sejam medo, exclusão, securitarismo, muros, mas democracia, unidade, diversidade, paz, direitos por inteiro.

A JUSTIÇA CLIMÁTICA NÃO PODE ESPERAR MAIS



O tempo urge em relação às medidas que a humanidade necessita tomar para ir ainda a tempo de evitar uma catástrofe climática que leve à destruição da vida no nosso planeta. Mas a verdade é que os donos disto tudo se encontram cegos, surdos e mudos perante tantos avisos que a Natureza nos está a enviar, com toda a clareza. E os donos disto tudo, a única coisa que têm na cabeça é a cobiça, o locro e a ganância esquecendo que as consequências das alterações climáticas atingirão, é certo e em primeiro lugar, os mais pobres, mas os ricos e poderosos não ficarão imunes durante muito tempo.
Ora, perante a quase consciente inação daqueles que podem decidir, é tempo de os povos tomarem em suas mãos a defesa do futuro do planeta, com ações concretas que impeçam o desastre climático que se aproxima a passos largos.
É à volta destas movimentações que gira o seguinte artigo de opinião do investigador em alterações climáticas, João Camargo, que transcrevemos do “Público” de hoje.  

Nos radicais tempos em que vivemos, em que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, reunindo milhares de cientistas de todo o mundo, nos informou que temos até 2030, 12 anos, para cortar as emissões de gases com efeito de estufa para metade, não é de estranhar o aparecimento de novos tipos de movimentos políticos. Depois de mais uma semana de acções directas pacíficas, que incluíram o corte de estradas em Londres, o bloqueio do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial, o bloqueio da ponte de Westminster e de Downing Street, a residência oficial da primeira-ministra britânica, mais de 50 pessoas foram detidas. O dia 17 de Novembro, sábado passado, foi o "Dia da Rebelião”.
As acções foram organizadas pelo Extinction Rebellion, grupo recentemente formado, que apresenta três reivindicações básicas:
- Que os governos digam a verdade acerca da crise climática e da emergência ecológica em que vivemos, revertendo políticas inconsistentes, trabalhando com a imprensa para realmente comunicar com os cidadãos;
- Que os governos implementem políticas sólidas para reduzir as emissões de carbono para net-zero (balanço zero entre emissores e sumidouros) até 2025, com uma redução de consumos;
- Que seja criada uma Assembleia Cidadã para apoiar estas mudanças, como parte do processo de criação de uma democracia capaz.
O movimento, criado por activistas e académicos como Gail Bradbrook, professora de biofísica molecular e mãe de dois filhos, declarou no dia 31 de Outubro estar em rebelião contra o governo e as instituições "corruptas e inaptas", que ameaçam o futuro: “Declaramos que os laços do contrato social estão invalidados, pela falha contínua do governo de agir adequadamente [em relação à crise ambiental e climática]” e que, como tal, “agimos em paz, com amor feroz por estas terras nos nossos corações. Agimos pela vida”.
No “Dia da Rebelião”, cerca de seis mil activistas cortaram cinco pontes na cidade de Londres –? Southwark, Blackfriars, Waterloo, Westminster e Lambeth – criando um pandemónio na circulação da cidade, que levou à detenção de quase uma centena de pessoas.
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A questão central deste novo tipo de movimento e este novo tipo de acção é a disponibilidade declarada de todos e cada um destes activistas de serem presos por causa das suas acções para travar as alterações climáticas e o colapso ecológico. Depois de décadas em que o diagnóstico está mais que feito, em que os governos estão mais que informados, apesar de acordos e protocolos internacionais, as emissões de gases com efeito de estufa não só não desceram como subiram, e este movimento não aceita mais a impotência a que as populações foram remetidas pelo conluio permanente entre governos e empresas petrolíferas e carboníferas, além dos sectores afins como a aviação, a navegação, os automóveis e a agro-indústria. Este tipo de acção e movimento pretende tirar das mãos dos governos e das instituições um dos maiores poderes que estes exercem sobre as populações: o poder da repressão. Se as pessoas estiverem disponíveis para sofrer as consequências legais que a acção política directa implica, pervertendo a capacidade dos governos de reprimi-las, o nível de empoderamento popular possível é alto – a exemplo de movimentos como o pela independência da Índia, pelos direitos civis nos Estados Unidos ou das sufragistas. Para lidar com uma crise sem precedentes e com a urgência temporal da crise climática, não é de espantar que seja cada vez mais radicalizada a necessidade da acção política consequente para travar o colapso climático, que não é mais do que o colapso da civilização humana.
Numa curiosa coincidência, ao mesmo tempo que a Rebelião contra a Extinção entrou em marcha no Reino Unido (e já se espalhou além de Londres), na Austrália vários alunos de escolas básicas entraram em greve contra a inacção do governo australiano de agir contra as alterações climáticas e, nos Estados Unidos, dezenas de jovens activistas climáticos ocuparam o gabinete de Nanci Pelosi, a nova líder da Câmara dos Representantes dos EUA, para exigir à nova maioria democrática do Congresso um “Green New Deal”, um gigantesco programa público de revolução energética, de transportes e agricultura para cortar massivamente gases com efeito de estufa. 
A luta pela justiça climática ainda agora começou. “Rebeldes pela vida”, dizem os activistas Extinction Rebellion, dos oito aos 80 anos. E, procurando replicar a onda dos movimentos dos Indignados e do Occupy, que virou o mundo do avesso entre 2011 e 2013, querem que 2019 seja o ano em que a rebelião pelo futuro se comece a espalhar pelo resto do mundo. Mas além da rebelião, o programa para atingir os radicais cortes de emissões tem de ser uma construção social que permita mobilizar milhões para resgatar o futuro.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (982)


[Portugal é um país em que] crianças ainda morrem de pobreza ou ignorância em Sabrosa, [e] onde estradas ainda desabam de incúria ou de abandono em Borba.

10 ANOS DEPOIS. O BPN DAVA PARA PAGAR 291 ALAS DO S. JOÃO PARA CRIANÇAS COM CANCRO


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X ENCONTRO REGIONAL AUTÁRQUICO, DIA 24 NOVEMBRO, OLHÃO



No dia 24 de novembro, o Bloco de Esquerda organiza o X Encontro Regional Autárquico do Algarve. A sessão tem lugar em Olhão, no Auditório da Praceta de Agadir/Auditório da Junta de Freguesia de Olhão, pelas 15 horas, e conta com a participação de Sílvia Padinha, Presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra, António Terramoto, ativista pela causa ambiental, Rui Santos, Professor e investigador da Universidade do Algarve, e João Vasconcelos, deputado na Assembleia da República e vereador na Câmara Municipal de Portimão.
Esta X edição do Encontro Regional Autárquico do Algarve é dedicada à Ria Formosa, na sua vertente ambiental, económica e social.
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O FIM DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS… NO BRASIL




É internacionalmente conhecida a qualidade dos médicos cubanos. Acontece que Bolsonaro fez afirmações sobre a “incapacidade” destes clínicos relativamente ao seu desempenho profissional no Brasil. O resultado é que esses médicos vão regressar ao seu país.
Talvez Bolsonaro venha a substituir os médicos por pastores da IURD…

terça-feira, 20 de novembro de 2018

FRASE DO DIA (981)


Se tudo é político, por que é que algo tão importante como a linguagem deixaria de o ser? A língua tem história e ideologia.
Pedro Filipe Soares, Público

BLOCO DE ESQUERDA NA UNIVERSIDADE DO ALGARVE: OS DEPUTADOS LUÍS MONTEIRO E JOÃO VASCONCELOS ABORDAM A TEMÁTICA DA DESCIDA DAS PROPINAS




Por acção do BE, a descida das propinas vai ser uma realidade inscrita no próximo OE para a área do Ensino superior. A propina máxima será reduzida em mais de 200 euros, um “passo histórico tendo em conta que há mais de 20 anos que era impossível tocar nas propinas, o principal obstáculo ao direito à educação». Outro problema grave na agenda do partido é «a falta de alojamento para estudantes» que «se tem agravado nos últimos anos, com a crise da habitação». 

JÁ SE TRONOU ROTINA VER GENTE DO PSD ACUSADA DE QUALQUER TIPO DE FRAUDE



In Expresso

O que nos deixa perplexos é que perante notícias destas ainda haja tantos portugueses a votar PSD. Uma das explicações para este facto está no papel da comunicação social, controlada pela direita, a influenciar as decisões dos eleitores. Continua a vender-se gato por lebre.   

FASCISTAS ESPANHÓIS COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DA MORTE DO DITADOR FRANCO




Madrid, este sábado à noite. Centenas marchando com bandeiras fascistas em comemoração do aniversário da morte do ditador espanhol Francisco Franco.
O fascismo continua vivo. A unidade dos antifascistas é absolutamente necessária e urgente.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

CARAVANA MIGRATÓRIA CENTRO-AMERICANA: O CONTEXTO EM QUE SE REALIZA


In Expresso
A caravana sabe aquilo que a humanidade sempre soube: a maioria faz a força.

FRASE DO DIA (980)


Os fanáticos das touradas dizem mesmo que os que as detestam e contestam não são verdadeiros humanistas e que é essa atitude que os faz gerar Bolsonaros, ditadores, tiranos, il Duce e der Führer!

OS TEMPOS MUDARAM…


As caravanas de milhares de esfomeados migrantes centroamericanos que actualmete percorrem o México, a caminho dos Estados Unidos (EUA) constituem o mais recente episódio relacionado com a já longa intervenção norteamericana em todo o novo continente, traduzida em décadas de colonialismo económico e “promoção de golpes militares e apoio a ditaduras” sanguinárias, cuja história ainda não acabou porque há sempre novos capítulos a acrescentar.
Os cidadãos que têm os EUA como mira são essencialmente originários de El Salvador, Honduras e Guatemala e fogem à repressão, crime e pobreza que grassa nos seus países.
Utilizando um conhecido slogan publicitário, “a tradição já não é o que era”, conclui-se que as vítimas da miséria deixaram de conformar-se com o seu trágico destino, seguindo a pensamento de que já nada têm a perder. E quando um ser humano ou um povo inteiro sentem que já nada têm a perder, tudo é possível acontecer.
Quem ainda não entendeu que os tempos mudaram é Trump cuja acção vai no sentido de fazer avolumar ainda mais estas avalanches migratórias incontroláveis.
No texto seguinte que transcrevemos da edição do “Expresso” deste sábado, Daniel Oliveira faz uma interessante análise deste pertinente tema.

Uma enorme massa humana começa a chegar à fronteira entre o México e os EUA. Vão juntos para se protegerem de traficantes e gangues. Deviam acordar consciências, mas Trump prefere o medo à inteligência coletiva. Entre os louros da situação económica e o perigo da invasão dos esfaimados, preferiu escolher o ódio para caçar votos. E resultou. Mas vale a pena ir ao começo desta caravana. Eram apenas mil em fuga do desemprego e do crime. Partiram de San Pedro Sula, uma das cidades mais perigosas do país, com mais homicídios por cem mil habitantes no mundo. A notícia espalhou-se e muito mais hondurenhos (85% dos cinco mil) e migrantes de outros países juntaram-se à caravana rumo aos EUA. Que culpa têm os norte-americanos da desgraça alheia? Não vou falar de décadas de colonialismo económico, promoção de golpes militares e apoio a ditaduras. Teria de recuar a 1957, quando Jacobo Arbenz foi destituído por ter posto em causa o monopólio da United Fruit Company na Guatemala. Este espaço não chegaria para a lista de crimes cometidos pelo “farol da democracia” na América Central. Tiremos-lhe dos ombros o pesado fardo da culpa. É passado. Será?
Em 2009, as Honduras tinham como presidente Manuel Zelaya. Vindo da direita, estava bem longe de ser um revolucionário quando chegou à presidência. Era um patriota que queria os mínimos de decência e igualdade na sua miserável pátria. No curto período em que teve o direito de governar, fez grandes investimentos na saúde e na educação e aumentou o salário mínimo. Até que a tentativa de referendar uma alteração da Constituição deu a desculpa para os que compram presidentes e mantêm os hondurenhos na miséria o fazerem cair. Os militares capturaram Zelaya, enfiaram-no num avião e largaram-no, de pijama, num aeroporto da Costa Rica. Ao parlamento, entregaram uma carta de renúncia falsa. Tínhamos voltado aos velhos golpes militares da América Latina. O mundo condenou. Até Obama. Só que os EUA souberam e apoiaram o golpe. E garantiram que Zelaya não voltava. Em “Decisões Difíceis”, Hillary Clinton esclarece como impediu o regresso do presidente eleito, contrariando a Organização de Estados Americanos (OEA) e a ONU: “Nos dias que se seguiram ao golpe, falei com os meus homólogos de todo o hemisfério, inclusive a secretária Patrícia Espinosa, do México, com o objetivo de ‘rapidamente’ organizar eleições que resultariam na irrelevância da questão Zelaya.” Depois disso, a taxa de homicídios aumentou 50%, a repressão política e social é brutal, as instituições colapsaram e a situação do país é calamitosa.
Quanto à democracia? Há um ano, o herdeiro dos golpistas, Juan Orlando Hernández, foi a votos para ser reeleito através de uma fraude eleitoral. A repressão às manifestações de protesto resultou em 31 mortos. A OEA, hoje dominada pela direita, mandou repetir as eleições, mas os Estados Unidos reconheceram a vitória fraudulenta. Como disse Roosevelt sobre Somoza, “é o nosso filho da puta”. Só que este permanente boicote à democracia teve danos colaterais: os milhares que fogem da criminalidade, da repressão e da fome. Quando se dirigem para os EUA não tentam invadir ninguém. Vêm apenas cobrar a fatura a quem, de forma deliberada e continuada, lhes retirou o direito a decidirem o seu próprio destino. E não há muro que possa travar as consequências de décadas de desrespeito pela liberdade dos outros.